Assinar

A ambiguidade produtiva da nova era criativa

Buscar

Cannes Lions

16 a 20 de junho de 2025 | Cannes França
Diário de Cannes

A ambiguidade produtiva da nova era criativa

Painel da Microsoft em Cannes debate como a inteligência artificial deixa de ser ameaça e vira parceira na criação humana


17 de junho de 2025 - 15h20

Um dos momentos mais provocadores que vivi até agora (apenas 2 dias) nesta edição do Cannes Lions aconteceu no palco do Debussy Theatre, onde a Microsoft promoveu um painel direto, denso e inevitável: “AI and the Future of Creativity”.

A conversa reuniu ninguém menos que Mustafa Suleyman, CEO da Microsoft AI e cofundador da DeepMind, e Colleen DeCourcy, ex-Chief Creative Officer da Snap Inc., para discutir a pergunta que tem atravessado nossas reuniões, briefings, brainstorms e angústias: o futuro da IA é substituir a criatividade humana?

A resposta, como era de se esperar, não é simples. Mas também não é apocalíptica.

 IA não é fim. É expansão.

Suleyman foi claro: a IA não está aqui para competir com a criatividade humana, mas para expandir o espaço onde ela atua. Não se trata de automatizar a ideia, mas de provocar novas ideias, cruzamentos inesperados e metáforas que, sozinhos, talvez não encontrássemos.

Em vez de seguir instruções lineares, ferramentas como o Copilot nos ajudam a reconhecer padrões, explorar o inexplorado, acessar aquilo que ainda não sabíamos articular. IA não responde apenas, na verdade ela refina perguntas, sugere caminhos e tensiona zonas de conforto. É como um espelho distorcido que, ao refletir nossas ideias de forma diferente, nos obriga a repensá-las.

 O elogio da ambiguidade

Um dos trechos mais ricos da conversa foi justamente sobre o desconforto da ambiguidade. No passado, a máquina era o símbolo da exatidão. Agora, paradoxalmente, a IA generativa floresce na imprecisão, na sobreposição, na dúvida. E é nesse território ambíguo que reside o futuro da criatividade: mais híbrido, mais fluido, mais sensível à interpretação do que à instrução.

Para quem trabalha com ideias, esse é um convite: deixar de buscar respostas perfeitas e começar a valorizar as possibilidades em aberto. Criar, cada vez mais, será construir sentido – e não apenas entregar soluções.

 Uma coautoria em evolução

Na prática, o que se vê aqui em Cannes é um novo tipo de coautoria. A IA não é um atalho. É um parceiro de processo, com todas as contradições que isso implica. Ela acelera o técnico, mas exige que a gente qualifique o criativo. Ajuda a estruturar, mas nos empurra a ter mais repertório, mais clareza, mais direção.

É impossível sair dessa conversa sem pensar no quanto o papel do criativo está se transformando. Já não somos apenas autores, somos curadores de possibilidades, editores de caminhos, sintetizadores de camadas.

 E, se você se perguntou: sim, esse texto foi escrito com ajuda de IA

Não escondo: este texto foi estruturado e editado com a ajuda do ChatGPT. E isso não diminui em nada a minha autoria. Pelo contrário, permite que, em meio à intensidade da programação do festival, eu transforme reflexões soltas em um pensamento organizado. (Valeu, meu ajudante!)

Pense comigo: se eu tivesse que traduzir “fuzziness” – como eles trouxeram no painel – sozinho, talvez ainda estivesse aqui, encarando a tela em branco. Com IA, consegui transformar esse “nevoeiro” em potência criativa.

Porque no fim, como toda boa criação, isso também é uma parceria. E agora, entre gente, máquina, cultura e… tempo. Tempo para fazer bem feito, e seguir para mais pensamentos, possibilidades, conhecimento e criações.

E isso, sim, é o futuro criativo que vale explorar.

Publicidade

Compartilhe

Veja também