23 de junho de 2021 - 17h39
De todas as categorias de Cannes, Design é uma das mais interessantes, sem dúvida. É claro que que essa opinião, vinda de um diretor de arte, pode parecer bastante suspeita. Mas, verdade seja dita, a diversidade de áreas, formatos e possibilidades tornam a categoria praticamente em um festival a parte.
Eu me interesso especificamente em ver cases nativos da categoria. Até porque as grandes campanhas costumam ter sempre um componente de design, e em alguns casos, acabam sendo premiadas justamente nessa área também. Mas a reflexão aqui é observar os cases que brilham genuinamente pela arte, branding e design.
Esse design “comercial”, tão importante no nosso dia-dia, faz bonito em Cannes. O festival premiou neste ano cases que são uma verdadeira aula de branding e identidade visual. A campanha “Your Way, Way Better”, da Jones Knowles Ritchie Nova York para o Burger King, chegou favoritíssima, e não decepcionou. Abocanhou um mais que merecido Ouro. O case de branding da Cidade de Chicago criado pela Ogilvy também é um belo exemplo de pensamento e execução de identidade visual em grande escala, que ganhou um Leão de Bronze.
O design se mostra mais uma vez grande parceiro estratégico em negócios na criação de produtos como em “Untouched By Light”, da Bruketa & Zinic & Grey Zagreb para Radgonske Gorice, e em “Waterlight da Wunderman Thompson Bogotá para Edina Energy, uma boa combinação de estratégia e execução, tanto em product como em graphic design.
Também chamaram a atenção os cases de design promocional da Heinz “Ketchup Puzzle” e “Pour Perfectly” da Rethink Toronto, que nos mostram o poder das ideias simples com um bom insight.
Com tantos cases inspiradores, vejo o design em diversos festivais contribuindo cada vez mais com uma agenda mais ampla do que a categoria foi imaginada (Celebrate visual craftsmanship) o que é fantástico. A prova disso é a constante premiação de cases que usam o design em favor de grandes causas. Não foi diferente em Cannes, em que foram reconhecidas ideias com teor social, como a inclusão de gênero. Destaque para a bela ideia de Uni-Form, da Ogilvy Taiwan para Vogue. O recorte racial também ganhou protagonismo com “Boards of change” da FCB Chicago para a Cidade de Chicago e “The Black Plaque Project” da Havas Londres para Nubian Jak Cummunity Trust.
O mesmo caso se aplica aos Grand Prix, ambos sobre sustentabilidade, onde o mais interessante são as inovações tecnológicas por trás dos cases de Notpla, da Superunion de Londres, e H&M Loop, da AKQA Estocolmo. Se o objetivo do Festival é colocar um holofote nas maiores contribuições que a categoria trouxe para o mundo, as escolhas foram perfeitas.
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