O beach venceu (e a IA ainda não)
O verdadeiro valor da inteligência artificial está nas trocas que ela facilita
O verdadeiro valor da inteligência artificial está nas trocas que ela facilita
18 de junho de 2025 - 17h39
A maior lição do dia não veio de um código ou de uma proposta revolucionária de IA. Foi a confirmação de uma certeza que eu já vinha cultivando: o verdadeiro valor da inteligência artificial está nas trocas que ela facilita — entre pessoas, entre ideias, entre mundos criativos.
O papel da IA é agilizar o processo, não substituir o humano. Quando bem aplicada, ela abre espaço para o que realmente importa: criação com alma, diálogo criativo, encontro genuíno.
Essa percepção se cristalizou logo cedo, no palco da Meta, durante a primeira palestra que assisti. A equipe mostrou como está usando IA na criação de conteúdo para marcas — com ferramentas que transformam prompts em vídeos prontos, ajustando câmera, linguagem e visual em tempo real.
Na saída, troquei uma ideia com Paulo Aguiar, e ali veio a informação mais valiosa do dia: ele está utilizando os agentes de IA da Manus, integrados ao Google Veo3, para gerar e refinar vídeos de maneira dinâmica.
Os agentes criam múltiplas versões, já filtram as melhores, e o criador entra em cena para escolher, redirecionar, ajustar. A IA agiliza. Nós dirigimos.
Mais tarde, na conversa entre Shantanu Narayen (Adobe) e Arthur Sadoun (Publicis), essa visão se reafirmou. “AI amplifica a engenhosidade humana. Não substitui.” — disse o CEO da Adobe. Falaram também sobre direitos autorais, ética, e a importância de manter o criador no centro das decisões, mesmo com fluxos mais automatizados.
E foi aí que o dia começou a respirar humanidade.
Reese Witherspoon subiu ao palco com sua nova marca, Sunnie, voltada à Geração Z. Trouxe leveza, propósito, autenticidade — e cravou: “Joy is the most radical form of rebellion” (A alegria é a forma mais radical de rebelião.).
Depois veio Jimmy Fallon, com o projeto “On Brand with Jimmy Fallon”, misturando crítica e comédia, encerrando com uma frase que resumiu o espírito do festival: “I don’t want to have a relationship with reports. I want to have a relationship with people.” (“Não quero ter um relacionamento com relatórios. Quero ter um relacionamento com pessoas.”)
Fora dos palcos, foi exatamente isso que Cannes entregou.
Reencontrei amigos publicitários, colegas de estúdios de animação e produtores. Foram conversas reais — sobre jobs, futuros projetos, memórias. Especialmente neste ano, com o Brasil como Nação Criativa de 2025, ocupamos os espaços com calor, talento e presença.
E para fechar, veio um encontro que nem a melhor IA conseguiria prever: Fausto Carvalho, no papel do icônico Manzinho, atendeu nosso pedido de foto, mas entregou muito mais. Ele criou um conteúdo divertido, brincando com Cannes e, no meio das risadas, soltou seu bordão com uma piscada cheia de humor. E assim, o beach venceu (e a IA ainda não) — e essa é a criatividade brasileira que faz Cannes continuar valendo a pena.
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