Serena Williams: “Incentivo mulheres a assinarem cheques”

Giovana Oréfice
17 de junho de 2025 - 9h45

O segundo dia do Cannes Lions começou com uma provocação. Pela manhã, provavelmente boa parte dos participantes presentes no Lumière Theatre tomaram banho e beberam água, por exemplo. Hábitos triviais, mas que não são a realidade de todos. Uma grande parcela da população global não tem acesso a água e recursos básicos de higiene.

Serena Williams: “Se sempre as mesmas pessoas estão assinando os cheques, teremos as mesmas respostas e resultados de sempre” (Crédito: Celina Filgueiras)

Mas a boa notícia é que existem soluções – e lideradas por mulheres. Uma delas é Serena Williams, ex-tenista premiada e medalhista olímpica, à frente da Serena Ventures, fundo de venture capital fundado em 2021.

Criada em Compton, na Califórnia, o empreendedorismo era necessário, lembrou. “ Não é a melhor área para crescer, é preciso ser um empreendedor, encontrar um caminho para buscar um novo curso para sua vida”, disse. “Todos os dias, eu trabalho por conta própria e, ao mesmo tempo, estou criando uma nova versão de mim mesma”.

E a atleta dá mais um passo no campo dos negócios aliados ao impacto social ao firmar parceria com o projeto Reckitt Catalyst, da Reckitt, representado no painel por Sheila Redzepi, chief communications and corporate affairs officer da companhia. A iniciativa começou a ser pensada há 2 anos e, concretizada, envolve £ 10 milhões (cerca de US$ 400 milhões) para fomentar e acelerar 200 empreendedores e pequenas startups no campo da saúde e necessidades básicas de higiene pelos próximos cinco anos em mais de 15 países, incluindo da América Latina.

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“Há aqui uma oportunidade de abrir mercados, realmente transformar indústrias, criar novas inovações e colocá-las em circulação — e isso tudo vem acompanhado de um grande orgulho”, afirmou Sheila, citando a importância de investir na diversidade nos negócios. A Reckitt já tem um histórico de impacto social. Desde 2013, apoiou 60 empreendedores em 13 países, fomentando soluções que permitam o acesso à água limpa e saneamento básico para um milhão de pessoas.

Serena será a primeira apoiadora do projeto. A captação de recursos isolada, muitas vezes, não é o suficiente, uma vez que muitas mulheres — atentas às necessidades das comunidades em que estão inseridas — ainda precisam de mentoria e apoio contínuos para tracionar seus negócios e soluções, defendeu

“Eu realmente incentivo mulheres a assinarem cheques, porque, quando isso acontece, mudamos quem está tomando as decisões financeiras. Semelhantes atraem semelhantes — se sempre as mesmas pessoas estão assinando os cheques, teremos as mesmas respostas e resultados de sempre. Por isso, o que fazemos na Serena Ventures é mudar o topo do funil, para que possamos transformar o que vem depois. E é isso também que estamos fazendo com a Reckitt, estamos nos unindo para promover a mudança”, declarou Serena.

De fato, ainda existem muitas barreiras que impedem que mulheres neste campo tenham o suporte necessário para deslanchar. Catherine Casey Nanda, managing partner da Acumen America, fundo que apoia inovação voltada para a pobreza nos Estados Unidos, apontou que apenas 2% dos fundos de venture capital são destinados a mulheres.

“Apesar do fato de que negócios liderados por mulheres apresentam consistentemente melhores resultados — eles geram retornos 35% maiores e criam seis vezes mais empregos do que seus equivalentes —, os dados exigem uma mudança urgente. E o setor da saúde não é exceção”, afirmou.