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Comunicação

Cai o número de mulheres negras em agências, aponta censo da ODP

Segunda edição do estudo feito pelo Observatório da Diversidade na Propaganda em parceria com a Gestão Kairós também mapeia queda de representatividade de PCDs


23 de setembro de 2024 - 7h14

Liliane Rocha e Ariel Nobre_Censo 2024_Crédito Bernoch

Liliane Rocha, CEO da Gestão Kairós, e Ariel Nobre, diretor executivo do ODP, no evento que divulgou a segunda edição do Censo de Diversidade das Agências Brasileiras, na sede do Google, em São Paulo (Crédito: Divulgação/Bernoch)

A segunda edição do Censo de Diversidade das Agências Brasileiras, iniciativa realizada em parceria com o Observatório da Diversidade na Propaganda (ODP) e a Gestão Kairós, traz ao menos dois importantes alertas ao setor: houve diminuição de mulheres negras no quadro geral das agências e pessoas com deficiência (PCDs) atuantes  correspondem a menos de 1% do quadro total de funcionários.

Em 2023, o quadro geral de mulheres negras era de 21% e, neste ano, o grupo caiu para 17%. A proporção desse grupo vai diminuindo conforme a hierarquia, sendo gerente (13%), diretoria (6%) e CEO (3%).

As mulheres, de forma geral, continuam sendo o grupo com maior representatividade nas agências, sendo 57%, enquanto os homens são 43%. Enquanto isso, pessoas brancas representam 67% dos funcionários, enquanto pretos e pardos ficam em 30%; amarelos, em 2% e indígenas, em 0,4%.

“Quando precisamos desligar profissionais baseados em parâmetros de competência é preciso que as agências tenham proporcionalidade. Se quando há redução da equipe, ela só atinge mulheres, negros ou mulheres negras ou PCDs, aí, talvez, a agência esteja sendo racista e capacitista. Acredito que isso acontece, muitas vezes, por vieses inconscientes e os números estão aí para mostrar isso”, explica Liliane Rocha, CEO da Gestão Kairós.

Dados sobre a etnia e gênero das pessoas entrevistadas nas pelo censo 2024

Dados sobre a etnia e gênero das agências segundo o Censo de Diversidade das Agências Brasileiras (Crédito: ODP, Gestão Kairós e Sinapro)

Invisibilidade das pessoas com deficiência nas agências

De acordo com a Lei de Previdência Social, de 1991, as empresas são obrigadas a atender um percentual mínimo de PCDs: em casos de negócios com mais de 100 e até 200 funcionários, a legislação prevê que 2% do quadro trabalhista seja composto por PCDs.

O que acontece nas agências, segundo as informações do quadro geral, é que apenas 1% dos funcionários entram nessa categoria. Catorze agências do ODP e duas agências do Sinapro-SP possuem mais de cem funcionários, o que sugere um possível cenário de inconformidade legal. Na medida que avançamos na hierarquia corporativa, esse percentual também diminui: entre gerentes, PCDs continuam em 1%, porém, chegam a menos de 1% na diretoria e são nulos na posição de CEOs.

Quadro comparativo entre os dados colhidos em 2023 e em 2024 do Censo de Diversidade nas Agências Brasileiras

Quadro comparativo entre os dados coletados em 2023 e em 2024 do Censo de Diversidade nas Agências Brasileiras (Crédito: ODP, Gestão Kairós e Sinapro)

Para Liliane, o primeiro passo para mudar esse cenário é mapear quais são as funções e as competências que podem ser atendidas por pessoas com deficiência.

Já os dados de identidade de gênero incluem, pela primeira vez, o percentual de pessoas transgênero e não binários: 1%. Ao mesmo tempo, aproximadamente, 80% dos respondentes se identifica como heterossexuais, enquanto 20% se enquadram como lésbicas, gays e bissexuais.

Além disso, a Gestão Kairós analisou a faixa etária dos entrevistados e constatou que apenas 6% corresponde as pessoas com mais de 50 anos. Já entre os CEOs, cerca de 40% têm mais de 50 anos, enquanto gestores e diretores corresponde a 9% e 15%, respectivamente.

Pirâmide comparativa sobre identidade sexual, gênero, PCD's, faixa etária e localização de moradia

Pirâmide comparativa sobre identidade sexual, gênero, PCD’s, faixa etária e localização de moradia (Fonte: ODP, Gestão Kairós e Sinapro)

Mudanças na segunda edição do censo

A segunda edição do Censo de Diversidade das Agências Brasileiras contou com um número maior de agências participantes. Ao todo, 33 empresas responderam aos questionários realizados pela Gestão Kairós. Ano passado, a amostra contou com 28 agências.

Desta vez, o levantamento contou com a participação do Sindicato das Agências de Propaganda de São Paulo (Sinapro-SP), que contribuiu incluindo sete agências associadas.

Em relação ao estudo de estreia, o censo de 2024 aprimorou a metodologia e ampliou o rigor para a coleta de dados das agências participantes.

Com isso, o documento conseguiu atingir a primeira das metas estipuladas ainda no início, afirma a ODP: assegurar a representatividade mínima de 1% de funcionários transgêneros e não binários nas agências. Além disso, novos recortes também foram feitos, como separar as lideranças entre diretores e gerentes e dos funcionários não líderes.

Quais foram as metas do censo?

Ainda que o resultado geral tenha ficado um pouco abaixo em comparação com a edição do ano anterior, os organizadores consideram a diversidade nos grupos de liderança um bom sinal. No quadro de CEOs, 24% são mulheres; diretoras são 52% e gerentes, 61%. Em contrapartida, os percentual de pessoas negras, amarelas e indígenas caem na medida que a hierarquia aumenta. No que diz respeito às pessoas transgênero e não binários, é possível observar o mesmo fenômeno.

Apesar disso, Ariel Nobre, diretor do ODP, diz que duas das principais metas desse ano foram atingidas. Primeiro, a segmentação dos dados de pessoas trans e a representatividade mínima de 1% desse grupo nas agências. Outras três metas tinham sido colocadas no ano passado: o aumento em seis pontos de pessoas negras e três pontos em mulheres negras; o aumento de dois pontos na representação de PCDs e o acréscimo de três pontos de pessoas com mais de 50 anos no quadro geral das agências. Nesse último, foi possível constatar a aproximação em um ponto percentual da meta.

“As agências precisam começar a trabalhar a diversidade, precisam olhar para dentro e entender quais são os dilemas que conseguimos solucionar agora, e para quais elas podem se preparar no médio e longo prazo”, diz Ariel.

Antes de preparar o próximo censo, a entidade está organizando grupos de estudo com as lideranças das participantes, para poder encontrar soluções para a baixa inclusão de mulheres negras, PCDs e pessoas com idade a partir de 50 anos.

Quando o ODP iniciou atividades, a meta era impulsionar a representatividade da demografia brasileira proporcionalmente nas agências de publicidade e propaganda. Segundo Ariel, essa é uma meta que o censo vai ajudar a atingir em 2029.

Quais agências participaram do censo?

Neste ano, as agências que participaram por meio da ODP foram: Accenture Song, AlmapBBDO, Artplan, B&Partners, BETC Havas, CP+B Brasil, Dale, David, DM9, Droga5 e Soko (os dados foram computados antes da fusão), Fbiz, FCB Brasil, Gana, Grey Brasil, IPG Mediabrands, KeLe ag, Lew’Lara\TBWA, Live, Mutato, Ogilvy, P3K, Publicis Brasil, Suno United Creators, The Juju e WMcCann.

Enquanto isso, via Sinapro-SP, foram Audi Comunicação, Brunch, Octupus, Oliver, Propeg, Quest e Rino. No ano passado, participaram apenas as 28 agências associadas ao ODP, dentre as quais Leo Burnett, Dentsu e AKQA, que não são mais associadas. VML e Versão Br também deixaram de participar.

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