Como agências trabalham para reter talentos?
Empresas investem em bem-estar e espaço seguro para manter o colaborador e motivar a permanência em seu quadro

Agências se estruturam para melhorar a retenção de talentos (Crédito: ARMMY-PICCA / shutter)
Dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgados no Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, apontam que, atualmente, a comunicação e propaganda representam uma fatia significativa da indústria. O levantamento aponta que o segmento de Publicidade & Marketing representou 348 mil empregos em 2025.
Embora esse seja um setor pautado pela criatividade, o mercado publicitário é assombrado por alguns desafios relacionados ao estresse e a dificuldade de bem-estar e equilíbrio.
Segundo dados da Vanpro, apurados pela Fenapro juntamente com a Associação Brasileira das Agências de Propaganda (Abap) e a Associação Brasileira de Agentes Digitais (Abradi), os níveis de tensão e estresse nas equipes das agências de propaganda brasileiras são considerados moderados pela maioria das lideranças entrevistadas (48%), em um ambiente em que 71% das equipes são impactadas, em maior ou menor grau, pelo problema, na visão das lideranças desses profissionais.
Isso se reflete em um dos problemas que afeta o mercado trabalhista como um todo, que é o turnover, impactando diretamente os resultados das companhias. Por esse motivo, um dos principais desafios das agências, além de manter os talentos em seu quadro de colaboradores, é promover um ambiente seguro e de bem-estar.
“Nosso maior desafio é garantir que cada pessoa tenha uma experiência completa e coerente com suas expectativas de carreira, bem-estar e propósito”, diz Iza Herklotz, chief people officer do Publicis Groupe Brasil.
A executiva explica que a agência estruturou um processo baseado em seis pilares: ser cuidado, ser ouvido, pertencer, aprender, crescer e impactar. Como reflexo disso, criou o Lion Care, que oferece atendimento médico online totalmente gratuito aos funcionários – incluindo terapia, visando a manutenção desses itens.
“Também temos plataformas e programas de desenvolvimento que oferecem trilhas personalizadas para diferentes níveis. Sem contar que fazemos pesquisas semestrais (eNPS) para medir percepção e ajustar ações”, diz.
Como manter os talentos motivados?
Outro aspecto relevante para o relacionamento da agência com o colaborador é em relação à motivação. Manter o nível de engajamento com o trabalho ajuda com o desenvolvimento do ambiente e do trabalho, melhorando, inclusive o desempenho.
No Grupo Dreamers, dono de agências como Artplan, Pulse e outras, os investimentos são em uma estrutura baseada em segurança psicológica, desenvolvimento organizacional e individual que incluem capacitação de liderança com trilhas, palestras sobre bem-estar e práticas de autocuidado e espaços de escuta dos times e uma comunicação clara e frequente, além de uma atenção para iniciativas de diversidade e inclusão.
“Damos muita atenção à jornada do colaborador, desde sua seleção até o momento de saída”, afirma Sandra Poltronieri, chief people officer da Artplan e Grupo Dreamers.
A executiva reforça que abrir conversas em todas as etapas é fundamental e realizar entrevistas de desligamento ajuda a empresa não só a identificar, mas também atuar nos principais fatores que impulsionam as movimentações. “Esses fatores são as oportunidades de desenvolvimento e equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, completa.
Outro fator importante é em relação ao crescimento profissional. De acordo com dados da 30ª edição do Índice de Confiança Robert Half, um dos principais motivos para as saídas voluntárias incluem melhores oportunidades em outras empresas (71%), falta de perspectiva de crescimento interno (40%) e salários abaixo da média do mercado (24%).
Por isso, algumas agências visam trabalhar para que a expectativa profissional dos colaboradores seja atendida. Na Publicis, isso acontece por meio de programas de mentoring e ciclos de performance estruturados, onde discutimos os objetivos, damos feedbacks e fazemos uma avaliação 360°.
“Temos uma jornada desenhada com foco nas pessoas. Para o desenvolvimento e crescimento dos colaboradores, contamos com as plataformas Marcel, Udemy, LinkedIn Learning e programas internos – Le Train e Le Lab – , além de ciclos de performance e mentoring”, comenta Iza Herklotz.

