W7M projeta alcançar R$ 90 milhões até o final de 2025
CEO Felipe Funari revela como as parcerias estratégicas com marcas têm impulsionado o crescimento da holding

Equipe de eSports da W7M é uma das mais competitivas do Brasil (Crédito: João F)
A W7M encerrou 2024 com um faturamento de R$ 72 milhões. Para este ano, a holding projeta alcançar R$ 90 milhões até o final de 2025, o que representa um crescimento de mais de 25%.
Após a transição da companhia para holding, a operação passou a operar outras verticais, além da equipe de eSports: o JNTO, estúdio de projetos especiais e conteúdo para marcas, a WakeUp, empresa mídia programática e otimização de campanhas digitais, a produtora de conteúdo vertical para o público jovem Trendspace, e, mais recentemente, no mercado imobiliário, com a Rethink Malls.
Hoje, 40% da receita da holding vem de mídia programática e 12% de produção de conteúdo, números que reforçam a profissionalização do setor e a diversificação das fontes de receita além do competitivo. Entre os parceiros estratégicos da W7M estão Banco do Brasil, Lupo, SerPro, Elements e Mercado Livre.

Felipe Funari, CEO da W7M (Crédito: Divulgação)
Na entrevista abaixo, Felipe Funari, CEO da W7M, comenta de que forma as parcerias estratégicas com marcas e patrocinadores têm impulsionado o crescimento da holding, qual é o papel dos eSports como plataforma de comunicação e negócios no Brasil e se ainda há um caminho a percorrer para convencer anunciantes mais tradicionais a investirem nesse sentimento.
Meio & Mensagem – A W7M projeta um crescimento acima de 25% para 2025. Quais são os principais motores para esse avanço: mídia programática, produção de conteúdo ou ainda o core competitivo dos times de eSports? Quais são os novos projetos da companhia?
Felipe Funari – Estamos passando por uma mudança de público, de hábito de consumo de rede social gigantesca. Tudo aquilo que precisávamos olhar para os canais de YouTube, vídeos mais longos, tem acontecido para a geração mais velha, mas a geração mais nova está tracionando um formato de conteúdo diferente. Isso fica muito claro quando olhamos as redes sociais mais consumidas, TikTok, o Kwai e até o Reels do Instagram, mais do que o próprio feed. Montamos uma estratégia de retroalimentar as nossas informações e dados da holding para todas as nossas estratégias de conteúdo para os nossos clientes. Quando falo de clientes, falo desde o patrocinador da W7M eSports até clientes diretos para canais de conteúdo. O Banco do Brasil, hoje, como patrocinador a W7M eSports, recebe informações e inteligência relacionadas ao público jovem para hábitos de consumo, junto com conteúdos dos nossos jogadores e influenciadores. Isso funciona também para as outras marcas. Temos nos colocado para as marcas como especialistas de conteúdo dessa nova geração. Nem usamos mais geração Z, porque já estamos quase na mudança de geração Z para geração Alpha. Viabilizar isso é o grande desafio. Num mercado tão competitivo de performance, como que crio novas linhas de rentabilidade? As frentes de negócio foram pensadas também em linhas orçamentárias.
M&M – Hoje, 40% da receita já vem de mídia programática. No longo prazo, acredita que o braço de mídia será maior do que o de eSports?
Funari – O mercado de mídia programática, com a transformação dos cookies, tende a mudar muito. Vai voltar um pouco ao que era quando abrimos a nossa empresa lá em 2013, quando era comprado muito pelo contexto de categorização das ad networks, redes de sites e blogs com públicos específicos. O Google tem adiado isso, porque a adaptação é realmente complexa, até para as ferramentas de publicidade da companhia. Enxergamos uma compra muito mais voltada para as verticais. O mercado de programática tende a diminuir, até pelas regras de LGPD. Nosso desafio é: como que nos próximos anos pegamos parte desse faturamento e aumentamos nas outras linhas? Isso está diretamente relacionado às micro comunidades e especialidades em conteúdos verticais. O hábito e a realidade de consumo está muito pautado para o celular. Hoje, o conteúdo de 30 segundos já é longo. Para transformarmos isso estrategicamente, preciso provar para o cliente que vai dar resultado. A mídia tem sido essa fomentadora de garantia de resultado a curto prazo para o cliente que está acostumado a comprar mídia. Entramos com bonificações e com novos conteúdos para mostrar que esse é o novo futuro.
M&M – Na sua visão, os eSports no Brasil já deixaram de ser “nicho” e se tornaram uma mídia mainstream, ou ainda existe um caminho a percorrer para convencer anunciantes mais tradicionais?
Funari – O mercado brasileiro de eSports é muito grande em audiência. O mercado mundial de eSports entrou num platô pós-pandemia. Todo mundo estava em casa, todo mundo assistia. Depois do crescimento gigantesco que teve durante o período pandêmico, é natural entrarmos num platô de audiência. A grande vantagem disso é que virou mainstream. Era muito difícil criarmos hábitos de mostrar para as marcas que games eram relevantes dentro de um plano de comunicação. O problema de games virarem mainstream é que se tornou algo caro para as marcas. Mas, ao mesmo tempo, quando você vira mainstream, as empresas de games e eSports têm que se profissionalizar para entregar patrocínios ou ações publicitárias. Há alguns anos, vimos muitas empresas não conseguirem atingir um processo de profissionalização. As que atingiram são exatamente as que nos permitem mostrar a seriedade do setor. Isso fica muito claro quando todos os clubes mundiais estão sendo observados e olhados por fundos de investimentos tier A, porque são modelos de negócios que atuam diretamente com micro comunidades e que têm canais de comunicação relevantes para o transacional, que, no final, é o que todas as marcas buscam. A única diferença do Brasil para o mundo é a cultura do patrocínio. As marcas brasileiras gostam de patrocinar quando já estão em evidência, não quando estão construindo uma história. O conceito do patrocínio é: te patrocino e você tende a trazer mais resultados, porque estou junto com você. No Brasil isso ainda é um pouco inverso. Começo a te patrocinar quando você já ganhou. Isso fica muito claro até para os esportes tradicionais. Ainda acredito que o Brasil precisa aprender e entender dinamicamente o conceito de patrocínio. Não está errado nem certo, mas é muito diferente para o resto do mundo. Por isso que que a maioria das organizações de eSports brasileiras sofrem quando são internacionalizadas. Como o estrangeiro usa o patrocínio como ativo, o que quer de entrega, como faz os contratos globais. Não estamos acostumado com isso, precisamos aprender um pouco mais para conseguirmos competir globalmente. Enxergo o mercado brasileiro como um dos maiores atrativos do mundo para o setor de games. Em termos de audiência, o Brasil é realmente bem posicionado. Quando olhamos transacionalmente dentro dos jogos, o Brasil é um dos últimos. Isso só nos diz que, quanto mais o País continuar crescendo, que é a tendência, o mercado vai ser maior para os publishers. Acredito que as integrações de ligas são erradas. Por mais que façamos parte da maioria delas, como da W7M eSports, enxergo um equívoco no fato de os publishers utilizarem as mesmas estratégias da Europa e Estados Unidos na América Latina. O conceito de games e de eSports, principalmente, tem que estar enraizado para os jovens. É muito difícil motivar um jogo competitivo sem dar o caminho do vencedor. Se fecha essas ligas, não tem a jornada do herói. Os publishers têm revisto isso e investido nesses campeonatos de comunidade. A Ubisoft e a Riot estão com seus programas, a Epic faz isso desde sempre. Assim conseguiremos tracionar a competição nos jovens desde o início, para que exista essa jornada do herói que faz a pessoa se tornar jogadora. Hoje, a skin da W7M eSports é a terceira mais vendida no mundo de Rainbow Six. O público brasileiro é importante, mas a internacionalização também continua sendo. Os eSports têm sido um fomentador do segmento jovem de audiências em geral. Quase todos os presidentes dos times da Kings League vieram dos games.
M&M – Quais são os planos da W7M para os próximos cinco anos?
Funari – Como time, nosso maior desafio sempre foi criar mais identidade. Comparado aos nossos concorrentes, a W7M eSports não é a maior nas redes sociais. Mas em competição, título mundial, premiação e atividade esportiva, é a mais bem estruturada. Criar conexão com o nosso torcedor é o ponto mais relevante. Mas, ao mesmo tempo, estamos investindo muito em micro comunidades. Lançamos o sócio torcedor recentemente. Tenho alguns milhões a menos de seguidores que os meus concorrentes, mas muito provavelmente sou o que mais dá taxa de conversão em postagens específicas de compra, tanto que a nossa skin é a mais vendida. Isso é importante para olharmos para o próximo ano. Como holding, nosso maior desafio é acompanhar a mudança. Quanto maior ficamos, em termos de faturamento e números, é preciso criar uma governança interna. Nosso desafio aqui é não travar a governança para continuar inovando nos produtos. Hoje, o conteúdo rápido é o hábito de consumo do jovem. Acredito nos próximos dois anos isso não mude, mas, se mudar, qual que vai ser a minha reação? Temos criado uma governança de inteligência artificial (IA), não para substituir pessoas, mas para ser muito mais ágil em execuções que me permitem ter tempo de pensar o futuro. Esse é o nosso próximo gancho: como implantamos IA na nossa governança olhando para performance de futuro. Não substituiremos a inteligência humana, principalmente na publicidade, onde é preciso ser muito criativo o tempo inteiro. Olhamos as ferramentas como escala. Ao mesmo tempo, precisamos pensar em passos maiores de expansão, principalmente na América Latina. Já temos algumas parcerias estratégicas aqui, com o Mercado Livre e com os publishers que permeiam entre Argentina e Chile, mas precisamos de uma expansão maior. Estamos prestes a fechar um contrato grande com uma operação argentina que vai nos permitir tracionar melhor na América Latina. Falando de governança, trouxemos algumas pessoas super estratégicas nos últimos meses: anunciamos um CGO para olharmos para clientes internos e expandirmos, trouxemos o Zuñiga como head comercial no ano passado, além de algumas diretorias de conteúdo específicas e de operações. A seniorização também está fazendo parte desse processo da holding.