Chairman da Saatchi é afastado após comentários sobre gênero

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Comunicação

Chairman da Saatchi é afastado após comentários sobre gênero

Executivo sugeriu que o debate sobre a diversidade está acabado


1 de agosto de 2016 - 18h53

(*) Por E.J. Schultz, do Advertising Age

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

O Grupo Publicis pediu o  afastamento do chairman da Saatchi & Saatchi, Kevin Roberts, após ter feito observações controversas, sugerindo que o debate sobre diversidade de gênero na indústria publicitária estaria acabado.

“É pela gravidade destas afirmações que Kevin Roberts foi afastado do grupo Publicis”, disse o CEO da da empresa Maurice Levy em comunicado. “Como membro da diretoria, será o dever do quadro supervisor do grupo avaliar sua posição relativa à diversidade de gênero”.

Ele completa: “Promover a igualdade de gênero começa do topo e o grupo não tolerará alguém falando pela organização que não valoriza a importância da inclusão. O grupo Publicis se empenha em promover a diversidade e irá insistir que cada liderança de cada agência defenda a diversidade e inclusão”.

Em uma entrevista  ao site Business Insider, Kenvin Roberts disse que “a droga do debate sobre gênero está acabada”, quando questionado sobre a diversidade de de gênero na indústria publicitária. Roberts – que também carrega o título de head coach do grupo – também disse à publicação que não “perde tempo” em questões de gênero em suas agências. Ele disse que o problema de gênero é “bem pior” em indústrias como a financeira. Na entrevista, ele também disse que agências não entendem como mulheres pensam sobre sucesso, e também afirmou que não poderia falar sobre discriminação sexual porque “nunca tivemos este problema”.

Na ocasião, ele também criticou Cindy Gallop,ex executiva de publicidade que fala frequentemente sobre discriminação de gênero na indústria. “Acho que ela mesma cria os problemas”, disse.

Seus comentários suscitaram fortes reações de agências de marketing. Líderes de grandes marcas como PepsiCo, JPMorgan Chase, DDB e outras companhias o rechaçaram no Twitter. O presidente global da da PepsiCo, Brad Jakeman, por exemplo, tuitou dizendo que estava orgulhoso de não ser um cliente Saatchi.

Em comunicado, o grupo Publicis não deixou claro se Roberts concordou em sair. Mas ele pode não ter tido escolha, de acordo com pessoas familiarizadas como tema. Roberts não respondeu imediatamente ao e-mail do Ad Age. Em um comunicado publicado no sábado a tarde – mais ou menos na mesma hora em que o comunicado do Publicis foi divulgado – Robert Senior, CEO global da Saatchi & Saatchi, disse o seguinte:

Kevin mostrou qual é sua visão pessoal sobre o assunto da diversidade de gênero. Ainda assim, estas visões não são as minhas, nem as da agência. Saatchi & Saatchi é, e sempre foi, uma meritocracia. Nós nascemos e morremos ao lado de nossas pessoas, nossos talentos, e não faz diferença para nós se esse talento é masculino ou feminino. Sim, estou muito orgulhoso de dizer que 65% do nosso staff são mulheres, e é para o nosso benefício que temos mulheres em papeis de liderança em nossos negócios. Contudo, a questão da diversidade de gênero está longe de acabar para a nossa indústria.É uma questão viva, emotiva, e é vital para os negócios de comunicação que nós continuemos a insistir que as melhores pessoas, não importa o gênero, sejam capazes de alcançar seu potencial.  É por isso que lutamos na Saatchi & Saatchi, e continuaremos lutando junto às melhores agências da indústria.

Arthur Sadoun, CEO de Comunicação do grupo Publicis, também comentou a situação em um e-mail interno aos funcionários:

Eu sei que muitos de vocês devem ter visto os comentários de Kevin Roberts no Business Insider. Maurice Levy divulgou um comunicado condenando o posicionamento de Kevin e deixando claro que não apoia, e tampouco faz o grupo, as opiniões proferidas por ele. Maurice tomará medidas incisivas.

Estou vendo muitos comentários de colegas, clientes e amigos e sinto que é importante que vocês também tenham meu posicionamento pessoal sobre a questão.

Primeiramente, as posições de Kevin são inconsistentes com as crenças e valores do grupo Publicis, e são incosisttens com minhas próprias crenças e valores. Viva a diferença não é uma frase; é quem nós somos e como nós nos comportamos. Estou muito orgulhoso de ser parte do grupo que está fazendo tanto em igualdade de gênero, mas tenho consciência de que nossa indústria, em geral, não está onde precisa estar e onde aspira estar. Este é um assunto de importância crítica para a Publicis e nós estamos comprometidos a ser um exemplo. Temos muito mais a fazer a respeito deste tema. É uma prioridade para mim e para toda a liderança do grupo.

Em segundo lugar, a forma com que Kevin expressou suas opiniões me parece ofensiva em termos de linguagem e tom. Comportamentos como este são simplesmente inaceitáveis em nosso grupo.

Eu sinto muito que os comentários feitos por ele reflitam tão pobremente nosso grupo e nossa cultura. Suas visões não poderiam estar mais distantes da verdade sobre nosso comprometimento e sentimentos sobre a diversidade de gênero. Mas o que importa não são palavras no Twitter, mas atos. Então vamos continuar a agir de maneira a nos deixar orgulhosos.

 

Tradução: Karina Balan Julio

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