Marcos Medeiros: “A frustração é mãe da criatividade”

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Comunicação

Marcos Medeiros: “A frustração é mãe da criatividade”

Sócio e CCO da CP+B, profissional explica como a pandemia alterou as dinâmicas de seu processo criativo


13 de abril de 2020 - 11h47

Marcos Medeiros: “O isolamento não é desculpa para baixo desempenho” (Crédito da imagem: divulgação)

Após praticamente um mês de isolamento social e trabalho remoto, grande parte das empresas e profissionais de comunicação já consegue visualizar de forma bastante clara os primeiros impactos gerados pela pandemia do Covid-19. Mas, se lidar com todo esse cenário turbulento e cheio de incertezas virou um lugar comum para todo tipo de atividade, como é que fica a dinâmica daqueles que trabalham com a criatividade neste contexto tão desafiador? Quais são os novos caminhos e facetas do processo criativo em tempos de coronavírus? Na entrevista jogo rápido abaixo, Marcos Medeiros, sócio e CCO da CP+B, compartilha desafios para se manter produtivo na quarentena imposta pelo momento.

Meio & Mensagem – Como tem sido o seu dia a dia no home office?
Marcos Medeiros – Não acho que tem sido diferente da maioria. Tenho seguido os conselhos de manter uma rotina o mais próximo possível do que tinha antes da instalação da quarentena. Dos horários à exercícios. Acho que zerei o aplicativo de entrega com um pedido de halteres de ferro. A CP+B aderiu ao home office logo no início para preservar a saúde de todos. As duas primeiras semanas foram mais difíceis. Agora as coisas começam a ser mais naturais. Sinto que a distância física acabou tornando as pessoas mais preocupadas com o próximo. Percebo que existe um cuidado maior entre todos. Um “bom dia” parece ser menos uma forma mecânica de começar um e-mail. E um “tudo bem?”, recuperou todo seu significado.

M&M – Quais são as principais vantagens e desvantagens do processo criativo que acontece dentro de casa e não no escritório?
Medeiros – Desvantagem para mim é a falta de barulho, de vida, de risadas. De ver um monitor com algo interessante e usar de isca para bater um papo e, eventualmente, até falar sobre aquele trabalho. E a vantagem? Sabe quando você vai de sala em sala procurando um canto para criar e estão todas ocupadas? É a realização desta busca, 24/7, salas só para você.

M&M – Qual mudança mais pesa no processo criativo? Ambiente, contexto, clima?
Medeiros – A ausência do acaso e do incontrolável. Da ideia que acontece da observação de outras pessoas, de comportamentos que acontecem ao redor, especialmente num ambiente criativo. Um computador como ferramenta de interlocução acaba sacrificando essa valiosa parte do processo.

M&M – A concentração melhora ou piora, no seu caso? 
Medeiros – Para mim é mais complicado em casa. São várias as distrações ao redor: guitarra, Xbox, saco de boxe, pilha de louças me olhando com cara de vingança. Tento repetir o que faz o ilustrador alemão Christoph Niemann, que trabalha remotamente da sua casa em Berlin para o New York Times. Ele acorda, toma café da manhã com seus três filhos, lê o jornal e “vai para o escritório”, que é no andar de cima de onde mora. Concentração vem com método. E, pare ele, começa como ponteiro pequeno do relógio sobre o nove.

M&M – Tem alguma curiosidade que possa contar em termos de processo criativo?
Medeiros – Tenho o vício de rabiscar enquanto presto atenção. Seja numa longa reunião ou criando para uma marca. Vem comigo desde a escola primária. Isso sempre me ajudou. Meus cadernos mal tinham espaços para a matéria. No meu Moleskine, encontro uma confortável zona de foco e ali me organizo mentalmente. Em casa, acabo mantendo este recurso, especialmente durante longas videoconferências. São traços misturados com anotações. Sempre fui muito “visual”. Ter virado diretor de arte não foi um acidente. Acho que meu “sketchbook” é para mim como o cobertor do Lino, do Snoopy. Para os millennials, joguem no Google.

M&M – As incertezas sobre a evolução do Covid-19 e o tempo de isolamento mexem com a cabeça e afetam a criatividade?
Medeiros – Acredito que sim. Se mexem com nossos sentimentos, mexem com a nossa criatividade. Mas isso não é necessariamente ruim. Dizem que a frustração é mãe da criatividade. Sem a criatividade a humanidade não teria chegado até aqui. Estamos mantendo nosso sarrafo criativo na mesmíssima altura. O isolamento não é desculpa para baixo desempenho. É justamente a motivação para sermos melhores.

M&M – Quais são as recomendações para manter a criatividade?
Medeiros – Está lá no primeiro episódio de “Abstract”, roubei do Christoph Niemann. Manter os horários e manter hábitos saudáveis. E a série sobre design é uma bela dica de criatividade para tempos de clausura.

Crédito da imagem de topo: _piranka-iStock-

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