Martin Sorrell, da S4: pausa nas contratações, lucro e metaverso

Buscar

Martin Sorrell, da S4: pausa nas contratações, lucro e metaverso

Buscar
Publicidade

Comunicação

Martin Sorrell, da S4: pausa nas contratações, lucro e metaverso

Após redução da estimativa de lucro da S4 e pausa nas contratações, executivo busca agora uma "melhor reconstrução"


3 de agosto de 2022 - 10h46

*Por Brian Bonilla, do Ad Age

A S4Capital, de Martin Sorrell e proprietária da Media.Monks, reduziu sua estimativa de ganhos para o ano de 2022 há algumas semanas, em meio a uma “pausa nas contratações” e, após 2021, os resultados financeiros foram adiados duas vezes devido a problemas de auditoria. Agora, o presidente executivo da S4 está procurando uma “melhor reconstrução”.

 

Martin Sorrell, da S4 Capital (Crédito: Reprodução)

A S4 reduziu sua projeção de £ 120 milhões (US$ 123 milhões) para um valor aproximado entre £ 154 e £ 165 milhões (US$ 157 milhões a US$ 169 milhões). Em um comunicado, a companhia alegou que suas práticas de conteúdo tinham custos com pessoal que “continuavam a aumentar à frente da taxa de crescimento de lucro bruto/receita líquida”. Como resultado, a  S4Capital emitiu um anúncio de “freio nas contratações”, em sinergia aos movimentos do Google, Amazon e Facebook, enquanto outras empresas, incluindo Shopify, chegaram até mesmo a realizar demissões.

A companhia de Sorrell, ainda, tem como meta o “crescimento de lucro bruto/receita líquida comparável” de 25% para o ano, mas logo após a divulgação atualizada da proção o valor de mercado das ações caiu pela metade.

O Ad Age entrevistou Sorrell uma semana após a emissão do alerta de lucro da S4. A entrevista foi editada para maior clareza:

Ad Age – Como você planeja essa volta?
Martin Sorrell – Temos que nos reconstruir melhor. Não estamos aqui para o curto prazo, estamos aqui para o longo prazo e só temos que nos restabelecer. Obviamente, a credibilidade foi afetada, então temos que nos reconstruir melhor. Temos que, de certa forma, começar de novo. Obviamente, não começando de novo de onde estávamos há quatro anos. A empresa dobrou de tamanho organicamente – e não estou falando de acordos, ela dobrou de tamanho ou dobrará de 2020 a 2022. A taxa de crescimento orgânico, como é possível ver nas projeções, foi superior a 25%, e nós reiteramos essa orientação para o ano inteiro. Não há muitas companhias em nosso setor que estão crescendo nesse ritmo. Alguns analistas falam sobre isso como sendo dores de crescimento. Não é fácil fazer um negócio crescer organicamente. Esqueça os acordos que adicionam mais 25% [dos funcionários] a cada ano. Estamos crescendo cerca de 50% ao ano, o que coloca muita pressão nos sistemas e processos. Isso é algo que temos que acertar. Então, algumas pessoas descreveriam isso como dores de crescimento, o que é provavelmente um pouco caridoso, mas acho que provavelmente é verdade.

Ad Age – Quanto da receita vem de conteúdo?
Sorrell – Cerca de 60%. Cerca de 30% vem de dados e análises e mídia digital; cerca de 10% vem de serviços de tecnologia.

Ad Age – Quantos funcionários atuam na produção de conteúdo?
Sorrell – São pouco menos de 6 mil pessoas.

Ad Age – Você também mencionou um congelamento de contratações, certo?
Sorrell – Não, chamamos isso de pausas na contratação. A razão pela qual dissemos isso é que, obviamente, vamos contratar pessoas se acharmos que há oportunidades de receita por trás da contratação, ou manutenção de receita ou desenvolvimento em torno disso. Vamos contratá-los, mas nosso número de funcionários vem crescendo e no último ano dobramos a contagem. Metade disso veio de acordos e metade veio de crescimento orgânico. O que aconteceu no primeiro semestre é que a taxa de crescimento dos custos com pessoal foi muito superior à taxa de crescimento da receita líquida. Eles vieram recrutando pessoas de forma massiva no primeiro semestre. Teoricamente, poderíamos diminuir a taxa de contratação e até o final do ano, teremos mais equilíbrio. Ou seja, na primeira metade do ano contratamos mais rápido que o crescimento da receita líquida, e na segunda metade do ano contratamos mais devagar que esse crescimento. Mas a razão de ter feito isso no primeiro semestre foi para fornecer os recursos para o segundo.

Ad Age – Você prevê algum corte de pessoal no futuro?
Sorrell – Temos que alinhar nossos custos com as nossas receitas e ver como as coisas se desenvolvem ao longo do resto do ano, mas acho que todas as organizações estão [reduzindo as contratações]. O Google diminuiu o ritmo de suas contratações e a Microsoft também. Você verá e ouvirá mais sobre [demissões de agências], principalmente naquelas que estão expostas à mídia tradicional.

Ad Age – O que significa para você a primeira aparição da Media.Monks no relatório Forrester’s Wave (que inclui a Media.Monks como um dos 13 provedores de serviços criativos e de conteúdo “significativos” ao lado da Accenture, BBDO, Deloitte, Ogilvy e outros)?
Sorrell – Demonstra que o modelo está funcionando, pelo menos no que diz respeito à construção de relacionamentos com os clientes. Nossa missão é criar um novo modelo e romper com o antigo. Temos agora mais de 9 mil pessoas em 32 países e estamos tentando entregar de forma transparente, tanto para nosso pessoal quanto para nossos clientes. Eu penso que o que o Forester faz é sinalizar que estamos fazendo incursões na área de conteúdo, na área de analytics e mídia digital e, por último, mas não menos importante, na área de serviços de tecnologia – representa apenas 10% da nossa receita, mas está crescendo mais rápido na nossa operação. Os problemas que enfrentamos foram mais na parte de conteúdo da operação. Serviços de tecnologia e dados e análises continuaram a crescer fortemente.

Ad Age – A Meta viu a receita de anúncios cair no segundo trimestre e empresas de comércio eletrônico, incluindo Shopify, tiveram demissões. Como você enxerga o cenário digital agora?
Sorrell – Eu acho que há algumas dinâmicas no trabalho. Há clientes que acreditam que a pior coisa que pode ser feita é cortar gastos com marcas ou gastos com publicidade na recessão. O que vimos são duas coisas: os clientes estão, em geral, descendo o funil, olhando muito de perto a modelagem do mix de mídia, olhando muito de perto a mensuração, o retorno de investimento e o desempenho. Agora, todas essas coisas devem nos beneficiar em teoria. Isso é um ponto. O outro ponto que vimos é que há um pouco mais de atraso na tomada de decisões. Em termos de cortes, não [eu não vi nenhum], mas para ser brutalmente franco, os clientes gostam de manter as agências motivadas e eles realmente não falam sobre isso com as agências. Eu acredito que, sendo realista sobre isso, vimos pessoas descerem o funil. Isso explicaria, por exemplo, por que vemos problemas no Snap ou no Facebook. Eles tendem a trabalhar na parte mais superior do funil. Em termos de impacto, vimos as holdings no segundo trimestre… eles estão prevendo seis ou sete por cento [crescimento de receita] para o ano e estamos dizendo que vamos ter um excesso de 25% no o ano, então continua existindo uma lacuna muito significativa na geração de receita entre a parte digital do marketplace e a tradicional.

Ad Age – O que você acha de outras holdings terem aumentado suas projeções até agora este ano?
Sorrell – Todas as projeções implicam em um crescimento menor no segundo semestre. Matematicamente, a Publicis pode ter aumentado para 6% ou 7%, mas o que eles fizeram no primeiro semestre implica em desacelerar no segundo semestre. Agora, se isso é porque eles realmente acreditam que vai desacelerar, ou porque eles estão apenas sendo cautelosos e não pagam, é outra questão. Analistas dizem que é isso o que vai acontecer, mas a maioria acredita que é apenas um excesso de cautela.

Ad Age – Você ainda está otimista sobre o avanço do metaverso e da Web3?
Sorrell – [A receita do trabalho com o metaverso] é relativamente pequena, mas está crescendo rapidamente. Se olharmos como uma porcentagem do total [receita], é apenas cerca de três ou quatro por cento do total. Portanto, ainda está para ganhar tração de receita significativa, mas vai. Então, continuamos muito otimistas sobre isso. Permanecemos muito otimistas em coisas como a Apple TV, na posição da Microsoft agora em publicidade, dada sua ligação com a Netflix e dado o que eles fizeram com Xander e AT&T. Todas essas coisas farão da Microsoft uma força junto com a Apple TV. Eles [Microsoft] eram uma força antes na publicidade, mas agora eles vão ser uma força real.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Projeto propõe banco de imagens com mais brasilidade

    Projeto propõe banco de imagens com mais brasilidade

    Iniciativa "Brasil com S" busca ampliar a representação mais verdadeira do País no mercado publicitário

  • Ford promove encontro de gerações para celebrar Mustang

    Ford promove encontro de gerações para celebrar Mustang

    Marca encena disputa entre verão antiga e moderna do veículo em comercial criado pela Wieden+Kennedy