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Marcas tradicionais dão voto de confiança às criptomoedas

Marcas como Kodak, IBM e Telegram embarcaram na criação de moedas virtuais próprias e processos de blockchain. Mas até que ponto compensa para uma marca investir nesse mercado?


18 de janeiro de 2018 - 7h00

O Frenesi das criptomoedas e da distribuição de ativos em blockchain finalmente começou a respingar em grandes empresas. Este mês, a Kodak anunciou nos Estados Unidos a criação de uma criptomoeda própria, a KodakCoin, criada para funcionar em uma plataforma de gestão de direitos de imagem por fotógrafos e agências. Já a IBM divulgou a união com a dinamarquesa Maersk para criar uma joint venture de transporte marítimo, para transação de informações em blockchain que dispensa processos de papel. O aplicativo de chat Telegram anunciou também a Gram, criptomoeda que vai permitir pagamentos através de uma carteira virtual própria.

Em meio à tanta especulação sobre o tema, a entrada de grandes empresas no mercado das criptomoedas gera dúvidas. Até que ponto é interessante para uma marca investir em uma moeda virtual própria ou em processos em blockchain? Felipe Sant’Ana, CEO da startup de distribuição de vídeo em blockchain Paratii, afirma que essa estratégia deve afetar o core de um negócio, e não apenas visar a visibilidade do assunto.

“Criar uma moeda por razões de marketing não é o ato mais bem visto pelo mercado, e provavelmente não vai gerar mais que atenção passageira. Agora, se uma marca digital vê a oportunidade de desintermediar partes do seu business recorrendo a uma blockchain, talvez faça sentido estudar o uso da tecnologia, e quiçá pensar num token que resolva um problema específico. É claro que, na maioria dos casos, infelizmente, têm-se pulado direto para a parte da moeda”, afirma.

No caso da Kodak, o primeiro envolvendo o licenciamento direto de criptomoedas para uma marca, a plataforma KodakOne oferecerá um sistema de gestão de direitos autorais, para que fotógrafos registrem trabalhos e possam colocá-los à venda para uso amador ou profissional. Uma vez que as transações são descentralizadas, os mecanismos de transferência e compensação são muito mais rápidos e confiáveis (confira o texto que explica os principais conceitos de blockchain).

“Para muitos na indústria de tecnologia, ‘Blockchain’ e ‘criptomoedas’ são buzzwords atraentes, mas, para os fotógrafos que há muito se esforçaram para afirmar o controle de seu trabalho e como ele é usado, são o caminho para resolver o que parecia ser um problema sem solução”, disse o CEO da Kodak, Jeff Clarke, em comunicado.

Apesar dos obstáculos legais no Brasil e no mundo para que a prática se popularize, Felipe argumenta que a tendência é que ativos tradicionais, desde ações até imóveis, guardados em arquivos de papel e databases centralizados, sejam transpostos para tokens ou moedas que têm utilidade dentro de plataformas digitais. Ele afirma ainda que diversos outros players digitais e diferentes negócios vão incorporar a tecnologia. Para empresas cujos negócios são baseados na intermediação de transações, no entanto, o modelo não faria sentido.

“O Facebook provavelmente vai incorporar alguma criptomoeda ou lançar a sua ao longo de 2018. A Bjork lançou um álbum que vinha com uma moeda própria. Mas marcas de varejo, em geral, ainda não exerceram sua criatividade nessa arena”, pondera.

Para que as moedas e plataformas de blockchain sigam seu propósito, no entanto, é necessário que sejam realmente descentralizadas e não tenham um agente controlador.

Blockchain como salvação para crises de negócio?

Empresas com dificuldades de negócios podem acabar se equivocando ao enxergar nas criptomoedas um mecanismo para se valorizar – a própria Kodak sofre uma crise em seu modelo de negócios e viu suas ações triplicaram de valor após o anúncio da KodakCoin. Além disso, a criação de moedas virtuais é relativamente simples, exigindo apenas algumas alterações em códigos de moedas open source, como a Etherum.

“Não acho que isso deva ser visto como uma saída para levantar capital desesperadamente. O processo é novo e imaturo, tem suas peculiaridades, e diluir o capital em dezenas de milhares de token holders não significa que você não tem um board de investidores, mas sim que você tem uma comunidade de investidores por quem zelar”, diz Felipe.

Além disso,  a chance de uma marca conseguir efetivamente rentabilizar uma moeda é mínima.  “Alguns analistas preveem que, em última instância, o valor de todas as criptomoedas ‘utilitárias’ tende a zero, frente às reservas de valor. Se não se espera nem que as moedas já existentes no mercado perdurem, no longo prazo, há muito menos espaço para criptomoedas fundadas por marcas”, afirma.

Ele ainda projeta que muitas marcas vão tentar surfar essa onda ao “implementar tecnologia ‘mambembe’ e cobrindo-a com panos de veludo através de campanhas espetaculares”.

 

 

 

 

 

 

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