A hora e a vez dos podcasts

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Opinião

A hora e a vez dos podcasts

Cerca de 40% dos 120 milhões de usuários da internet no Brasil já ouviram pelo menos um programa no formato


5 de novembro de 2019 - 18h00

(Crédito: Feodora/ Chiosea)

“Queridinho do momento”, o podcast é uma das novidades — nem tanto assim — da internet para os usuários e marcas em suas ações de marketing digital. Na última Advertising Week, realizada no final de setembro em Nova York, esse formato foi o destaque, assim como foi apresentado na edição do Podcast Revenue Study — realizado pelo IAB Estados Unidos e PwC , em 2018 —, um sólido e significativo crescimento da receita desse tipo de mídia nos Estados Unidos, atingindo um total de US$ 314 milhões, com projeção de crescer mais de 110% até 2020, superando a marca de US$ 659 milhões.

Em terras tupiniquins, segundo um estudo realizado em parceria com o Ibope Inteligência, 40% dos 120 milhões de usuários da internet no Brasil já ouviram pelo menos um programa no formato podcast. Acha pouco? Estamos falando de mais de 48 milhões de pessoas. Além de expressiva quantidade, é um público com maior formação acadêmica e renda superior à média da população.

Já a quantidade de podcasts brasileiros ultrapassa a marca de dois mil, segundo a Associação Brasileira de Podcasters (ABPod). Foram computados apenas os “ativos” considerados uma “audiência regular” e que estão disponíveis pelas mais diferentes plataformas.

Vou resumir o cenário com um dado apresentado pela ABPod: 63% dos entrevistados afirmam ter comprado algum produto ou serviço anunciado em podcasts. Acredito ser este um excelente motivo para se começar a considerar anúncios do tipo em suas campanhas online, não é mesmo?

Diante deste cenário, grandes anunciantes começam a experimentar o formato, como é o caso da Petrobras, Caixa, Senac, Natura entre outros. E como fazer publicidade em podcasts?

Penso em quatro formas de aproveitamento do podcast como veículo de mídia:

– Spots de áudio (pre-roll, mid-roll ou post-roll): são como os “spots tradicionais”, ou seja, um áudio com até 30 segundos, inseridos antes, durante ou no final de um programa;

– Testemunhal: é o formato mais utilizado. O anúncio é gravado pelos locutores do programa e inseridos no meio do episódio. Sua duração é maior que os spots, de 1 até 2 minutos;

– Programa temático: um programa inteiro é feito com temática definida pelo anunciante;

– Programa do próprio cliente: a marca faz seu próprio conteúdo em podcasts e disponibiliza isso em seus ambientes digitais. Neste caso, é indicado que sejam realizadas campanhas de divulgação do programa em outros meios para gerar audiência para o seu conteúdo.

O formato ganhou relevância mais recentemente, mas foi em maio de 2004 que o termo “podcast” foi utilizado pela primeira vez para descrever o processo utilizado por Adam Curry. Ex-VJ da MTV e criador do primeiro agregador de podcasts, usando Applescript, linguagem de computador interpretada que age sobre a interface do sistema operacional da Apple , Carry disponibilizou o código na internet para que outros programadores pudessem ajudá-lo. Foi quando incluíram o enclosure, um elemento na especificação RSS 2.0, o que possibilitou a criação do podcast para ser realmente utilizado na web.

Já o momento de massificação da ferramenta foi com o lançamento da Apple de seu leitor de música digital, o iTunes, que ampliou o suporte aos podcasts, incluindo uma seção em sua loja de música dedicada ao serviço e uma atualização para o iPod que adicionava a categoria “podcasts” ao menu “Music”.

Desde então, esse formato de transmissão é muito utilizado por diversas pessoas e empresas no mundo todo para divulgar notícias e programação e por algumas universidades que começaram a disponibilizar aulas nesse formato.

O Brasil tem uma tradição de adotar o uso de novas mídias de forma rápida e efetiva, especialmente as relacionadas à internet e no caso dos podcasts não foi diferente, tanto que o primeiro podcast brasileiro surgiu também no ano de 2004 com a criação de um podcast no Digital Minds, que foi batizado como parte do blog de mesmo nome. Esse não foi o primeiro blog a disponibilizar arquivos de áudio para download, mas foi o primeiro a fazê-lo através do podcasting.

Como todo novo formato de mídia, o uso do podcast ainda sofrerá adaptações, melhorias e, principalmente, aumento em números. Assim como nas redes sociais, a tendência é o surgimento de muitos mais podcasts e como sempre acontece, novos nomes cairão no gosto geral e outros, nem tanto assim. Mas o fato é que eles vieram para ficar e, finalmente, reivindicaram seu lugar de direito neste mundo tão dinâmico chamado internet.

*Crédito da foto no topo: Reprodução

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