Envergo, mas não quebro

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Opinião

Envergo, mas não quebro

Como se preparar para um mundo desses que tem nos desafiado constantemente?


6 de março de 2020 - 10h56

(Crédito: Feodora Chiosea)

Sou fã incondicional do cantor e compositor Lenine, e outro dia me peguei ouvindo a música “Envergo, mas não quebro”, que tem absolutamente tudo a ver com uma das características fundamentais do profissional do futuro, ou melhor, do presente: flexibilidade cognitiva. E esse artigo é para refletirmos sobre essa habilidade.

Abordaremos o tema seguindo a definição extraída do relatório do Fórum Econômico Mundial. Lá, diz que flexibilidade cognitiva é a “capacidade de criar ou usar diferentes conjuntos de regras para combinar ou agrupar as coisas de diferentes maneiras”.

Pode parecer um pouco abstrato conceitualmente ao primeiro olhar, mas, com certeza, temos vivido cada vez mais situações que nos exigem essa capacidade de agrupar coisas que sabemos de diferentes maneiras para alcançarmos nossos objetivos. E isso vale não só para o trabalho, mas para a vida, em geral, também.

Leia um dos trechos que extraí da música e reflita. Leia duas vezes por favor.

“Em tempos de tempestades,
Diversas adversidades,
Eu me equilibro e requebro
É que eu sou tal qual a vara,
Bamba de bambu-taquara,
Eu envergo, mas não quebro”

Pois é. O tempo todo certo?

Os ambientes corporativos, por exemplo, têm exigido cada vez mais esse tipo de comportamento. Temos que nos preparar para modelar e aprender a cada dia. Envergaremos para um lado e para o outro, porém, precisamos manter a base muito forte para não quebrar.

Para exercitar a flexibilidade no dia a dia, a primeira coisa que temos que abandonar são as certezas. Não significa que nunca haverá respostas para as perguntas. Mas precisamos estar preparados para essa nova realidade do “Eu Algoritmo”, como descrevi em outro artigo. Ou seja, um aprimoramento do “eu” a todo momento, para melhor progredir ao longo do tempo, com mais fluidez e equilíbrio.

Temos que estar abertos a aprender o tempo todo e irmos melhorando nossas habilidades e soluções para problemas que aparecem no dia a dia. Priorizando um ambiente colaborativo, onde as pessoas têm essa mentalidade de aprenderem umas com as outras, soluções muito mais efetivas são pensadas.

Agora leia esse trecho, por favor. Duas vezes também.

“Eu sofro igual todo mundo
Eu apenas não me afundo
Em sofrimento infindo
Eu posso até ir ao fundo
De um poço de dor profundo
Mas volto depois sorrindo”

O que temos feito com nossas emoções? Estamos deixando-as nos controlar? Flexibilidade está aí também, porque temos que entender que haverá dias bons e outros nem tanto. Envergaremos para um lado, para outro, mas precisamos estar com nossa base firme para não quebrar. Essa imagem é fundamental para seguirmos em frente, porque o dia a dia nos suga e cabe somente a nós assumir as nossas atitudes em cada situação.

Digo isso citando que muitas pessoas vêm a mim comentando sobre meu otimismo constante (ou, pelo menos, o máximo possível). Não se trata de algo “fake” ou um personagem. Muito menos um comportamento ilusório. É exatamente a forma como encaro a vida. Precisamos pensar nas possibilidades a partir das situações.

É fácil? Não. E tenho consciência que será cada vez mais difícil, mas é necessário.

Mas, de novo, é fundamental que a base esteja firme, para ser possível envergar para um lado e para o outro sem quebrar. Mas o que é a base? Como se preparar para um mundo desses que tem nos desafiado constantemente, e não quebrar?

Acredito que três coisas são fundamentais para o fortalecimento da base, que são: estudo, relacionamento e empatia.

Estudo. Não tenho dúvidas que estudar é a chave para tudo. Hoje em dia, o acesso à educação está muito mais fácil do que em outros tempos — não estou falando aqui de educação formal, e sim de informação disponível. Livros, ensino a distância, palestras gratuitas em broadcastings como YouTube e TED, podcasts aos montes. Enfim, se você fizer uma busca você vai encontrar meios de se informar e aprender. Claro, você precisará fazer a curadoria de conteúdo de forma que, ao consumi-lo, consiga construir a sua própria narrativa. Porém, não adianta nada consumir milhares de conteúdo, vídeo aulas, livros e palestras, se esquecermos o principal: colocar em prática o aprendizado. Como disse Fred Koffman em seu livro Liderança e Propósito, “os melhores livros não são apenas lidos. Eles viram ação.” “Coloque o aprendizado em prática”.

Relacionamento. O que dizer sobre essa capacidade de se comunicar com os outros e trocar experiências? Não há nada mais rico do que aprender com outras pessoas, conhecer outras realidades e aumentar o seu círculo de amizades. Claro que haverá momentos que esse círculo se confundirá com networking. Mas costumo dizer que quem faz networking de forma racional apenas, não aprofunda nenhum relacionamento, e a riqueza dos relacionamentos está na profundidade. Portanto, uma dica importante: transforme os momentos de lazer e prazer, em formas de aprofundar o seu networking. Vamos tomar um café ou almoçar? “A riqueza dos relacionamentos está na profundidade.”

Empatia. Essa é uma habilidade que a cada dia se torna essencial e dispensa apresentações, apesar de ser necessária a discussão constante. Se estamos falando de flexibilidade, relacionamento e profundidade ao conhecermos uns aos outros, precisamos conseguir enxergar o mundo com os olhos das outras pessoas.

Como disse o psicólogo americano Carl Rogers, “ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”. É possível discorrer um artigo inteiro sobre esse tema, então não cairei no erro de falar tudo sobre essa habilidade em um parágrafo. Portanto, a dica que dou para todos é exercitar a cada dia essa definição. Colocar em ação! “Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele.”

Como disse, temos que ter a base muito rígida para poder aguentar as exigências que o mundo nos impõe atualmente e envergar para um lado e para outro, acreditando sempre no longo prazo. Por isso, gosto tanto da frase do Thiago Nigro que diz: “O caminho mais curto para o sucesso é o longo prazo.”

E, para fechar o artigo, uma dica de ouro. Ouça mais duas vezes a música inteira Envergo, mas não quebro e a discografia inteira de Lenine porque você descobrirá uma série de aprendizados para a vida.

Clique para ouvir no Spotify. Fui!

*Crédito da foto no topo: Pixabay

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