O que propósito, famosos, problemas mundiais e startups têm em comum?

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Opinião

O que propósito, famosos, problemas mundiais e startups têm em comum?

Cada vez mais celebridades têm se tornado investidoras em startups e o motivo, claro, não é dinheiro ou fama


23 de abril de 2021 - 17h00

No segundo dia de Collision, conferência de tecnologia, normalmente realizada no Canadá mas que este ano, por motivos óbvios, foi online, uma coisa chamou a atenção: a quantidade de famosos que se tornaram investidores de startups. E não só investidores, mas com papel ativo na construção delas. O motivo parece ser único entre eles. Não é dinheiro. Não é ficar famoso (hum?). É propósito. E esse mesmo motivo é o que faz das startups o caminho para solucionar os maiores problemas do mundo. Pergunte-me como.
– Como?
– Eu explico.
Ou melhor, deixo o empresário bilionário e capitalista de risco indiano-americano, cofundador da Sun Microsystems e fundador da Khosla Ventures, eleito pela Forbes, em 2014, entre as 400 pessoas mais ricas dos Estados Unidos e em 2020, listado no 353 na lista 400 da mesma Forbes, Vinod Khosla, responder.

Segundo seus 40 anos de experiência, ao seus 66 anos, não existe nenhum exemplo na história recente de grandes empresas, sejam governamentais ou privadas, que trouxeram alguma grande mudança para o mundo. Quem vem revolucionando as conquistas espaciais é a SpaceX e não a Boeing, quem revolucionou o uso de carros não próprios foi o Uber e não a AVIS, carros elétricos foi a Tesla e não a GM, hospedagem foi o Airbnb e não a rede Hilton, e os exemplos são inúmeros. Isso porque eles não tomam riscos. A Intel pode criar a próxima geração de processadores, mas não irá criar algo que transforme o mundo. É por isso que ele aposta suas numerosas fichas em startups. Mas com um item necessário: propósito. Um item tão forte que dispensa experiência de negócio para o founder agraciado. Ao investir na Impossible Foods, conheceu Pat Brown como professor de Stanford sem nenhum passado no mundo dos negócios, mas uma paixão e conhecimento capazes de mudar o mundo. Foi assim que dispensou até uma due dilligence para investir no negócio que segundo ele “Era muito importante para não tentar”. A ideia e propósito por trás do negócio está em garantir uma alimentação rica em proteínas para todo o planeta. Assim foi seu investimento na Commonwealth Fusion Systems que pretende revolucionar o cenário de energia com uma fonte de energia segura, globalmente escalável, livre de carbono e ilimitada que irá atender as demandas globais e combater as mudanças climáticas e diversas outras startups com grandes propósitos. Seu lema é “Você tem que resolver problemas grandes e econômicos ao mesmo tempo”.

Aqui um tuíte do seu filho que resume bem como ele pensa:

Tuite feito por Neal Khosla

Ok. Mas e os famosos?
Os famosos estão à toda. Utilizando seus nomes, suas redes de contatos, suas habilidades em engajar, comunicar, ou até algumas bem específicas como jogar tênis, para não só investir, mas ajudar a dirigir novos e revolucionários negócios. Claro, cheios de propósito.

Ryan Reynolds contou sobre sua investida na Mint Mobile e como pretendem reimaginar a experiência wireless. Através de uma proposta similar a Zappos ou Uber em relação aos seus mercados, eles pretendem criar a primeira empresa de telecom que todos amam. É por isso que já começam com a tagline: “At Mint, we don’t hate you.”, uma clara provocação à concorrência. Eles tem uma verdade muito forte de deixar o mercado mais acessível, trazendo um serviço voltado para o consumidor e que o ajude. É por isso que ajudam aos consumidores a baixarem suas contas, focam no atendimento ao consumidor e possuem um modelo direct-to-consumer que dispensa lojas físicas, totalmente online, pois como diz Ryan: “Eles querem fazer o que as pessoas estão fazendo.”. Outra atitude que mostra o propósito foi, durante a pandemia, ofereceram dados ilimitados para todos. Na parte de comunicação, Ryan acredita no que chama de Fastvertising, como tudo muda tão rápido, a comunicação da empresa também deve se mover rapidamente entrando no cenário cultural. Ele não acredita em grandes budgets e sim na criatividade e na autenticidade (recomendo procurar pelo filme da Mint com Ryan e o saudoso Rick Moranis).

Palestra com Laurie Segall, Ryan Reynolds e David Glickman

Nicole Kidman contou, junto a sua hilária sócia Nancy Duitch, sobre a Sera Labs, uma empresa focada em produtos com tecnologia anti-aging. O propósito? Revolucionar a indústria da beleza com produtos acessíveis mas com extrema qualidade. Aliás os produtos são testados pela própria atriz que também cuidando da parte estratégica da startup, garantindo que os produtos sejam bons para todos. O próximo lançamento? Produtos com ingredientes plant-based.

Já Maria Sharapova, a famosa tenista russa, apresentou a Therabody, uma empresa que investe e atua como conselheira, aprovando e direcionando todos os lançamentos. O match aconteceu quando conheceu o fundador, Dr. Jason Wersland, e se apaixonou pelo produto e o propósito. O fisioterapeuta sofreu um acidente de motocicleta e, não encontrando nada no mercado que pudesse ajuda-lo na recuperação, passou a estudar sobre a eficácia das vibrações. Assim criou o primeiro produto da Therabody que tem o propósito de transformar as vidas das pessoas.

Maria Sharapova posando para um anúncio

E, por último, Ashton Kutcher, que se denomina um Tech Investor, falou sobre a plataforma Community, que traz mensagens de textos segmentadas em grupos, com curadoria do dono do grupo e que não trabalha com algoritmos.
Segundo Ashton: “Eles estão criando uma empresa com ética sobre os dados e a privacidade, pensando sempre no usuário final, não o que contrata o serviço, mas o que recebe a mensagem. Eles não vão ter outros meios de monetização que interfiram nessa confiança que querem construir através de ouvir os consumidores constantemente e ajustar o que for preciso.” Esse é o grande diferencial da empresa. E esse é o propósito, trazer um canal próximo em que as pessoas possam se sentir próximas, trazendo de volta um lado muito humano de comunidade. Além disso, a plataforma também vai na onda de conectar celebridades aos seus fãs, assim como o Cameo. É o caso do Sir Paul McCartney, que lançou um vinil violeta exclusivo de seu novo álbum ‘McCartney III’ para os membros da comunidade e que teve mais de 19 mil cliques com um CTR de 42,1% e esgotou todas as 2.000 cópias em menos de 10 horas. Ah, um detalhe: ele também é investidor da startup.

Palestra realizada com Simone Oliver, Ashton Kutcher e Matthew Peltier

Aqui no Brasil, vemos movimentos parecidos como o da Anitta com sua relação com a Skol, Otávio Mesquita e a Carflix, Bernardinho e a eduK, Luciano Huck e o Peixe Urbano, a Pinion, entre diversas outras.

Aqui fica a provocação. Se sua marca não é uma startup, está na hora de entrar nesse universo para poder trazer real inovação. Colaboração é a palavra da vez e, não é porque é difícil fazer internamente que não dá para trazer parceiros de fora para fazer. Se sua marca não tem um propósito, acho que ficou claro a força que isso tem e como deve ser verdadeiro e de longo prazo, se enraizando em todos os níveis da empresa. Além disso, esse propósito deve aliar algo que transforme o mundo de alguma forma, mas que também seja lucrativo para a empresa. E, por último, pense em cocriação. Não precisa ser um artista de Hollywood, mas trazendo mais sua agência, creators e os consumidores para as decisões estratégicas. Quanto mais pessoas diferentes, melhor.

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