Abrapa vai à moda para estimular uso do algodão
Entidade lança na SPFW movimento para que a matéria-prima ganhe ainda mais terreno em relação aos sintéticos
Abrapa vai à moda para estimular uso do algodão
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Roseani Rocha
26 de outubro de 2016 - 20h33
Em uma festa realizada na noite desta quarta-feira, 26, na São Paulo Fashion Week, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) está lançando o movimento “Sou de algodão”, com o qual a instituição pretende fomentar o uso da matéria-prima pela cadeia de moda, vestuário e cama, mesa & banho. A iniciativa foi pensada entre Abrapa e a consultoria Markestrat e será divulgada por meio de campanha criada pela agência BETC. Além disso tem apoio do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e da Bayer.
João Carlos Jacobsen Rodrigues, presidente da Abrapa, conta que a história começou quando os produtores brasileiros perceberam que vinham perdendo mercado para outros insumos ou que seu crescimento somente acompanhava o da população. “Paralelamente, vimos o trabalho de mercados como o norte-americano e percebemos que podíamos divulgar o nosso produto com qualidade e aumentar seu uso”. O objetivo é elevar a participação do algodão na indústria da moda dos atuais 50% para algo entre 55% e 56%. Parêntese na história: os produtores brasileiros tanto brigaram com os americanos na Organização Mundial do Comércio, por conta de subsídios recebidos por estes últimos, que isso acabou gerando uma aproximação e o presidente da Abrapa vê como possível, hoje, uma parceria entre os produtores dos dois países para estender esse tipo de iniciativa de fomento ao produto a outros países.
Para chamar atenção à questão, no Brasil, a entidade decidiu se dirigir não apenas ao trade, mas também aos consumidores finais. Daí a ação com a BETC e a criação da marca Sou de Algodão. “Queríamos colocar o algodão novamente em pauta, pois o Brasil é um dos quatro maiores produtores do mundo e precisamos valorizar o produto nacional. E o que é ser de algodão? É nesse mundo sintético resgatar a naturalidade”, afirma Erh Ray, co-CEO da BETC e da Havas Creative Brasil.
Com Paulo Borges, idealizador da SPFW, os organizadores do movimento conseguiram atrair embaixadores como os estilistas Alexandre Herchcovitch e Martha Medeiros, que usam algodão em suas coleções. A campanha publicitária também tem um vídeo para redes sociais, em que modelos dão seus depoimentos sobre os atributos do insumo. Elas também serão protagonistas de peças de mídia impressa. Segundo Natália Rocha, mídia da BETC, o plano é ativar toda a cadeia, usando desde estratégias mais “invisíveis” como ações de CRM na cadeia produtiva como um todo até mídia de massa. “Há todo um plano para 2017 que foi antecipado para a SPFW, justamente para estar no contexto da moda e mexer com trendsetters e os que estão na ponta da cadeia”, explica Natália.
Num segundo momento, a Abrapa afirma estar aberta até à proposta de realizar parcerias com marcas ligadas à moda para fazer da Sou de Algodão uma marca de produtos que possam ser comercializados. “Na associação, somos todos produtores, não entendemos de moda, mas percebemos que podemos evoluir, construir alianças e parcerias com grandes redes”, analisa João Carlos Rodrigues.
Segundo ele, o setor emprega 1,7 milhão de pessoas nas lavouras, de pequenos a grandes produtores. Mas enquanto um quilo de algodão custa R$ 6 , um quilo de produto acabado com a matéria-prima custa R$ 300. Fazer o produto ser processado no Brasil teria, segundo ele, um grande ganho social. Ele ressalta, ainda, que a indústria têxtil é a segunda que mais emprega no País, atrás do setor automotivo, e fatura R$ 65 bilhões. Apesar disso, queixa-se, não está sendo olhada com atenção por governo e sociedade. A esperança é que isso mude um pouco a partir de hoje.
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