Bienal do Livro Rio completa 40 anos e se reposiciona
Com parceria firmada com Shell e Itaú Cultural, organização quer ser mais que feira literária ao almejar convergência de narrativas humanas
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Renan Honorato
30 de junho de 2023 - 6h10
Ao completar 40 anos, a Bienal do Livro Rio almeja ampliar o lado de entretenimento do evento, para além do papel educativo da convenção literária. “Há muito tempo viemos fortalecendo que a Bienal não é uma feira de livros, mas um evento cultural sobre o universo literário. Inclusive, não somos mais a bienal do livro, somos a bienal das narrativas, das perspectivas”, comenta Bruno Henrique, gerente de marketing institucional da GL Events Brasil, multinacional francesa responsável pelo articulação do evento.
Contudo, além das editoras e marcas de entretenimento cultural expostas nos primeiros dez dias de setembro no Riocentro (RJ), a 20ª edição da Bienal do Livro Rio acontece pelo incentivo de leis de incentivo cultural aliadas a investimentos da Shell Brasil e do Itaú Cultural. Outras marcas patrocinadoras são Colgate, BIC, Zap. Dataprev, Transegur, Rede Itaú, ISS e Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. “A Bienal do Livro está ao lado do Rock in Rio, Carnaval e Réveillon nos aspectos de manifestações culturais, é um evento de meio milhão de pessoas que têm como assunto principal a cultura dos livros”, avalia.
Nas duas décadas de trajetória, a Bienal do Livro do Rio já foi sede para diversos encontros marcantes para a literatura. Desde palestras do jornalista Tom Wolfe e do escritor português José Saramago, após ter ganhado o Prêmio Nobel de Literatura, até o encontro dos autores nacionais Jorge Amado e Paulo Coelho. Além disso, em 2019, o evento literário sofreu tentativa de censura pelo então prefeito Marcelo Crivella quando ele presenciou, em um dos estandes, um livro em quadrinho com dois rapazes se beijando. “Essa ocasião foi um grande desafio de comunicação e de posicionamento, depois disso, a edição de 2021 foi no meio da pandemia, naquela janela entre a primeira e a segunda onda”, relembra.
Todavia, entre os desdobramentos dos últimos anos, a Bienal do Livro Rio ampliou o escopo e os critérios dos curadores. Dentre os novatos, estão Stephanie Borges, Mateus Baldi e Clara Alves. A organização do evento criou grupos de discussões para construir o futuro do evento a partir de perspectivas plurais. “Queremos ter representatividade na origem do conteúdo, deslocar o lugar de fala para além dos arquétipos. Vamos trazer representantes da comunidade LGBTQIA+ para falar de quadrinhos ao invés de exclusivamente falar sobre literatura LGBT+. Ou representantes negros para falar de filosofia, por exemplo”, ressalta.
Com 600 mil visitantes em 2019, a Bienal do Livro Rio movimentou o mercado literário em quatro milhões de exemplares vendidos. Todavia, por causa dos impactos da pandemia, o giro de vendas caiu pela metade. “Temos relatos de expositores que vendem numa bienal o que não é vendido durante um ano inteiro. É um momento muito significativo para o mercado e a venda de livros”, comenta.
Na 26ª edição da Bienal do Livro de São Paulo, por exemplo, a editora Rocco faturou 185% acima do resultado da edição de 2018 do evento paulista. Ademais, a Globo Livros vendeu quatro vezes mais que no biênio anterior, enquanto na HarperCollins as vendas estiveram na casa dos 23 mil livros. “Tem um impulso de compra diferenciado na bienal, mas a competição de venda de livros com o varejo online não é a mais justa do mundo”, diz.
Contudo, a organização tenta criar experiências que possam contemplar os hiatos entre edições. Segundo Bruno, as últimas tentativas geraram certos aprendizados para a empresa que tem como modelo de negócio a produção de eventos e não a produção de conteúdo. “Tivemos uma virada de chave, nossas próprias redes sociais eram apenas ativadas no evento para promover. Agora, passamos o ano inteiro falando do mercado editorial”, explica. Entre biênios, a organização expande as potencialidades literárias do setor ao levar alguns fragmentos de experiência para comunidades periféricas e escolas no Rio de Janeiro. “Olhamos para o futuro buscando perspectivas de promover o propósito da Bienal e ter no evento uma grande celebração”, ressalta.
Foi nos salões do hotel Copacabana Palace que a elite carioca criou a primeira edição da Bienal do Livro Rio, em 1982, juntamente do Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL). Desde então, os hábitos literários transformaram-se drasticamente ao serem impactados por tecnologias mais elaboradas, meios de comunicação mais ágeis e plataformas com conteúdos interativos. Para Bruno, os hábitos dessa geração podem ser definidos como “leitura-elástica”. Na qual o livro é desmembrado e a narrativa literária é acoplada noutros meios paralelos. “Temos vários casos de livros que viram filmes, jogos, assim como YouTubers e influenciadores escrevendo obras que chegam a públicos mais jovens”, comenta.
Em 2022, a Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC), em parceria com Itaú Cultural e Instituto Pró-Livro, organizaram a pesquisa Retratos da Leitura em eventos do livro e literatura. Dados apontam que os frequentadores das bienais do Rio e de São Paulo leem mais que a média da população brasileira. Contudo, a estimativa brasileira é de 56% de leitores, sendo considerados aqueles que leram ao menos um livro nos últimos três meses. Em média, segundo dados coletados pela organização da Bienal do Livro Rio, as pessoas costumam comprar seis livros por edição.
Além disso, a pesquisa do IPEC também analisa o papel das redes sociais e plataformas de conteúdo, como TikTok e Youtube, na promoção da literatura. Na Bienal de São Paulo em 2019, por exemplo, 28% do público estava lendo ou tinha lido um livro que conheceu pelas redes. Na época, o índice era menor no Rio de Janeiro, com 13% de impacto. Foi uma prioridade para a organização contemplar essa segmentação de usuários.
Em janeiro deste ano, o livro policial de quase 90 anos, A Mandíbula de Caim, alavancou as vendas da editora Intrínseca ao se tornar uma febre entre os BookTokers, os influenciadores literários no TikTok. Escrito em 1934, o livro de Edward Powys Mather foi editado com páginas fora de ordem para engajar os leitores a criar as próprias subnarrativas. Na edição deste ano da Bienal do Livro Rio o TikTok realizará ativações exclusivas no evento.
Leia também sobre o que é posicionamento de marca e como fazer na sua empresa.
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