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Carrefour cria comitê de diversidade e inclusão

Depois de anunciar que criaria um fundo de R$ 25 milhões para combater o racismo estrutural, grupo comunica suas primeiras iniciativas


26 de novembro de 2020 - 13h39

Lojas do grupo permaneceram fechadas nesta quinta (na foto, a de Pinheiros, em SP), até às 14h, exceto a de Passo D’Areia, que ficará o dia todo, em respeito a João Alberto (Crédito: Divulgação)

Após toda a repercussão do espancamento e morte de João Alberto Silveira Freitas numa loja de Porto Alegre e de anunciar na segunda-feira, 25, que criaria um fundo de R$ 25 milhões voltado a iniciativas de combate ao racismo estrutural no Brasil, em ações envolvendo tanto seus 72 mil funcionários quanto públicos externos, o Carrefour divulgou na noite da quarta-feira, 25, também a criação de um Comitê Externo de Livre Expressão sobre Diversidade e Inclusão.

Fazem parte do grupo que irá assessorar a empresa em diretrizes e ações contra o racismo em todas as unidades da rede: Rachel Maia, Adriana Barbosa, Celso Athayde, Silvio Almeida, Anna Karla da Silva Pereira, Mariana Ferreira dos Santos, Maurício Pestana, Renato Meirelles e Ricardo Sales.

De cara, o comitê indicou à empresa, como sinal de respeito à morte de João Alberto, manter fechadas até às 14h, nesta quinta-feira, 26, todas as lojas do Carrefour, com sua reabertura sendo feita após um minuto de silêncio – exceção é a loja onde ocorreu a morte, no bairro porto-alegrense Passos D’Areia, que permanecerá fechada ao longo de todo dia de hoje. Além disso, todo o resultado de vendas dos dias 26 e 27 será revertido para ações orientadas pelo Comitê, valor somado aos R$ 25 milhões já anunciados e ao resultado de vendas do dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.

A seguir, a lista de medidas elaboradas pelo Comitê e que serão colocadas em prática pelo Grupo Carrefour no Brasil, que afirmou que voltar a público em 15 dias, com ações mais detalhadas sobre o tema:

1. Adotar uma política de tolerância zero ao racismo e à discriminação por razões de raça e etnia, origem, condição social, identidade de gênero, orientação sexual, idade, deficiência e religião no Carrefour e em toda sua cadeia de valor, conforme estabelecida na Constituição Federal e em diferentes leis brasileiras e em acordos internacionais reconhecidos e firmados pelo país. Uma cláusula de combate ao racismo será inserida em todos os contratos com fornecedores e, se comprovado o fato, seu descumprimento implicará em rompimento do contrato. Fornecedores que já têm essa cláusula em contrato serão valorizados.

2. Iniciar imediatamente a transformação radical do modelo de segurança do Carrefour, internalizando as equipes das três lojas da cidade de Porto Alegre com apoio da ICTS Brasil, empresa especializada em transformação da segurança privada, e estabelecendo regras rigorosas de recrutamento e treinamento para transformar profundamente o time de segurança, com orientação e apoio e em parceria com organizações reconhecidas do movimento negro no combate a todo tipo de discriminação e de violência aos direitos humanos e fundamentalmente ao racismo estrutural. O Carrefour manterá ações estruturantes e regulares de educação para os direitos humanos para todos os seus funcionários e demandará que seus fornecedores, sobretudo na área de segurança e vigilância, também o façam, sempre em parceria com organizações reconhecidas do movimento negro. Pesquisas regulares vão permitir o monitoramento dessa educação para os direitos humanos, identificação de oportunidades e correções de rumo, quando e onde se fizerem necessários. Revisão do modelo de validação das empresas de segurança terceirizadas e dos procedimentos junto com as associações de segurança privada e de transporte. A prática de treinamento, seleção e recrutamento a partir de valores de respeito e direitos humanos será aplicada e monitorada em toda a cadeia de valor do Carrefour.

3. Divulgar de forma clara, ostensiva e permanente uma Política de Tolerância Zero a todo tipo de discriminação, com treinamento de todos os colaboradores em todas as unidades do Carrefour.

4. Oferecer qualificação diferenciada para 100 negros e negras por ano para aceleração na carreira no Carrefour, permitindo que cheguem mais rapidamente a cargos de liderança. Haverá metas anuais para a formação e ascensão em carreiras dentro do Carrefour, em diferentes áreas, de pessoas negras. Haverá metas específicas para ocupação de cargos de liderança por pessoas negras. Haverá medidas específicas de engajamento de profissionais negros da área de Saúde e Psicologia para apoiar o desenvolvimento de pessoas negras em cargos de liderança, estagiários e trainees.

5. Apoio a instituições de ensino distribuídas pelo país para formação profissional de jovens negros e negras. Investimento em três áreas de impacto para a população negra, sobretudo mulheres e jovens: Educação, Mercado de trabalho e Empreendedorismo.

6. Contratação aproximada de 20 mil novos colaboradores por ano respeitando a representatividade racial da população de cada estado do país, mas com percentual mínimo de 50% de negros entre os novos contratados. Apoiar o processo de letramento racial para o correto desenvolvimento do Censo Demográfico Brasileiro.

7. Implementação de um dispositivo digital para denúncias domésticas, raciais e de violência contra a mulher no site e aplicativos do Carrefour, garantindo anonimato, para posterior encaminhamento aos órgãos competentes.

8. Criação de uma Aceleradora voltada ao desenvolvimento do empreendedorismo negro nas comunidades no entorno das lojas de Porto Alegre.

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