CES aposta no histórico futurista como saída da crise

Fernando Murad
13 de janeiro de 2021 - 6h49

Sem atividades físicas, feira busca alternativas (crédito: Rafael Barreto)

Por Ethan Jakob Craft, do Ad Age*

Quase um ano após o início da pandemia de Covid-19, eventos sem precedentes não precisam mais de uma introdução como tal. A CES virtual deste ano não é exceção. Na primeira CES, realizada em Nova York, 54 anos atrás durante o Summer of Love, rádios de bolso e TVs de circuito integrado dominaram as manchetes. Nem é preciso dizer que a programação mudou consideravelmente desde então, trocando Manhattan por Las Vegas, videocassetes por streaming e “Pong” da Atari por ligas de esports de milhões de dólares. Mas 2021 provará ser a evolução mais significativa da CES até então, com todo o evento como o conhecemos sendo realizado exclusivamente online, o que testará a viabilidade de mantê-lo, assim como outros eventos importantes, no meio de uma pandemia.

E quanto aos esfregões de cotovelo pelos corredores, as rodadas de negócios, as festas pela Las Vegas Strip e as filas gigantes por um táxi? Bom, não há dúvida de que o evento será reduzido: menos expositores, menos networking — as vítimas principais neste período de pandemia. Mas os organizadores do evento esperam imitar o espírito da CES, contando com 150 mil participantes virtuais e patrocinadores de tecnologia de renome para reproduzir a aura presencial da melhor maneira possível. Portanto, levante uma taça em seu escritório em casa, participe de uma videoconferência e espere que 2022 seja um pouco diferente.

Tecnologia para o resgate
Vamos dizer o óbvio: sua mesa, não importa o quão chamativa ou glamorosa seja, não é a Las Vegas Strip, e clicar entre as videoconferências da Microsoft não pode substituir o rito de passagem de um salão de convenções lotado para outro. E embora a Consumer Technology Association (CTA), grupo comercial da indústria que organiza o evento, não tenha decidido realizar uma CES totalmente digital à toa, o show deve continuar!

Em preparação para o evento, a CTA projetou um portal de videoconferência em um contrato de “sete dígitos” com a Microsoft, baseado no Microsoft Teams. Os participantes podem agendar reuniões e participar de conversas individuais online, enquanto os expositores têm maior flexibilidade na forma como podem mostrar suas inovações. Os organizadores inicialmente consideraram uma estrutura de estilo VR complexa, onde as pessoas poderiam interagir como avatares digitais, por exemplo, mas o grupo acabou optando por uma abordagem mais simples.

Embora a CES deste ano tenha apenas 1,8 mil expositores – ante cerca de 4,5 mil empresas que compareceram ao evento presencial em Las Vegas no ano passado -, a esperança não está perdida. Afinal, o objetivo da CES é mostrar o futuro e, cada vez mais, eventos virtuais e teletrabalho são fundamentais para fazer negócios em nosso novo normal.

Preocupação com a pandemia
A tecnologia responde ao mundo ao seu redor, então, não é impensável que muitas das inovações que serão reveladas na CES 2021 estarão conectadas, de uma forma ou de outra, ao novo coronavírus. Veja a Kohler, por exemplo. Na segunda-feira, 11, a empresa subiu ao palco virtual da CES para estrear versões automáticas e sem toque de torneiras de cozinha, torneiras de banheiro, bidês e até puxadores de banheiro durante um evento exclusivo para mídia.

“Basta acenar com a mão sobre a alavanca de desarme para ativar a experiência de descarga”, disse um porta-voz da Kohler. O melhor de tudo, acrescentou a empresa, é que seus novos produtos sem germes são criados para projetos do tipo faça você mesmo, o que tem apelo para a multidão presa dentro de casa na pandemia. Resta saber qual porcentagem das inovações da CES deste ano será estimulada pela pandemia, mas com grande parte do mundo preso em casa por um longo tempo, as marcas estariam certas em apostarem em soluções do gênero.

Mundo smart
A tecnologia inteligente tem sido o assunto da indústria nos últimos anos e se fará notar na CES 2021. Mesmo antes do início do evento oficial, as empresas têm lançado inovações inteligentes que, como uma categoria, estão prontas para definir a tecnologia na próxima década.

A Samsung na segunda-feira, 11, ontem uma combinação de sistema de câmera móvel com robô a vácuo chamado JetBot 90 AI +, equipado com LiDAR que pode detectar de forma inteligente animais de estimação e coelhinhos de poeira, e pode até ter potencial como um sistema de segurança doméstica itinerante. Isso segue o anúncio da semana passada da gigante de tecnologia sul-coreana de que as TVs Samsung agora incluirão o Samsung Smart Trainer, que usa IA integrada para analisar o movimento e dar feedback aos usuários; fazendo sugestões para sua forma durante a ioga, por exemplo.

Futuro brilhante
Na noite de domingo, 10, as luzes e marquises da Las Vegas Strip iluminaram-se com uma mensagem coordenada para os expositores, organizadores e participantes da CES: “Sentimos sua falta e mal podemos esperar para recebê-los de volta em 2022.” Mais de duas dezenas de resorts e atrações exibiram a mensagem, com muitos também abordando a CES virtual deste ano por meio da mídia social.

*Tradução: Fernando Murad