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Enchentes no RS: impactos no comércio e no setor de seguros

Pequenos e grandes negócios sofrem as consequências dos temporais, que ativaram uma das maiores operações já registradas pela indústria nacional do seguro


15 de maio de 2024 - 11h58

As pequenas empresas locais também têm sido duramente afetados pela tragédia que acomete o Rio Grande do Sul. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) estima que pelo menos 700 mil pequenos negócios tenham sido afetados pelas fortes chuvas no estado até o momento.

comércio local

Sebrae estima que cerca de 700 mil pequenos negócios foram afetados pelos temporais no estado (Crédito: Jefferson Bernardes/Getty Images)

Para apoiar os pequenos empresários gaúchos, que, além de perderem suas casas estão sem seu sustento, o Governo Federal anunciou na quinta-feira, 9, o aporte de recursos para impulsionar o crédito, a ampliação do acesso a empréstimos em bancos públicos, além da prorrogação do prazo para recolhimento de impostos federais. O Sebrae é parceiro dos governos Estadual e Federal nessas iniciativas.

Além disso, a instituição fez um aporte de R$ 2 bilhões no Fundo de Aval para a Micro e Pequena Empresa (Fampe), que permite a disponibilização de R$ 30 bilhões em empréstimos, com até 80% de garantia do valor total contraído. A iniciativa faz parte do Programa Acredita, do Governo Federal.

A própria instituição foi atingida pelas enchentes no estado. Sua sede no Rio Grande do Sul, localizada no centro histórico de Porto Alegre, foi tomada pela água, assim como os escritórios de Lajeado e São Leopoldo. De acordo com o Sebrae, 30 colaboradores foram afetados pelas enchentes.

Atuação das seguradoras no Rio Grande do Sul

De acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras CNseg), as fortes chuvas no estado “ativaram uma das maiores operações já registradas pela indústria nacional do seguro”.

“As mais de 40 companhias associadas exclusivamente à Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), que concentra a maioria dos segurados impactados com a tragédia que se abateu o estado sulista, destacaram equipes para garantir agilidade no pagamento de indenizações a seus segurados”, afirmou a entidade, em nota.

A confederação ressaltou ainda que, desde 29 de abril, 140 empresas associadas à entidade estão atuando de forma consistente para dar suporte aos seus clientes de seguros gerais, saúde suplementar, previdência e capitalização.

No entanto, a CNseg ainda não consegue divulgar os valores de indenizações, porque, segundo a confederação, essa divulgação seria prematura, uma vez que, somente neste momento, os cidadãos estão contatando as seguradoras para relatar os sinistros. Assim que os valores e dados forem repassados para consolidação, a entidade diz que fará ampla divulgação dos dados.

Até o momento, as orientações da CNseg para as seguradoras associadas é estender os prazos de pagamento e de renovação das apólices dos seguros oferecidos para a população afetada.

Impactos nas grandes varejistas

As fortes chuvas no Rio Grande do Sul também impactaram o negócio de grandes redes de varejo, como Magazine Luiza e Havan. Atualmente, cinco das 127 lojas do Magalu no estado estão fechadas. Já dentre as 16 megalojas da Havan no estado, sete estão em cidades atingidas e duas foram inundadas: em Lajeado e em Porto Alegre.

Na cidade de Lajeado, o estabelecimento da marca foi completamente destruído, num prejuízo estimado em R$ 30 milhões, de acordo com o presidente da companhia, Luciano Hang.

A loja de Porto Alegre segue com um pouco de água dentro, segundo o presidente. “Nesta loja, a água chegou a cerca de 1,5 metro, atingindo somente o piso inferior, onde fica a praça de alimentação, banheiros e estacionamento. Ela segue fechada também, temporariamente”, complementa Hang.

Desafios e preocupações

No momento, o principal desafio dessas redes de varejo é a logística de distribuição dos produtos, muito por conta de as estradas estarem também sofrendo as consequências das cheias. Por isso, o Magalu ajustou os prazos de entrega na região.

As lojas do Magalu estão sendo reabertas aos poucos, conforme as condições de cada local, uma vez que reabertura das unidades fechadas depende da normalização da situação nas regiões atingidas, como restabelecimento de energia elétrica e outros serviços que vão além das competências da companhia.

“Estamos trabalhando para que isso aconteça o quanto antes, mas não há um prazo para isso e não é nossa prioridade. No momento estamos focados em apoiar nossos colaboradores afetados e a população do Rio Grande do Sul”, reitera a empresa, em nota enviada à reportagem de Meio & Mensagem.

Já as lojas da Havan em Lajeado e em Porto Alegre estão sem previsão de reabertura, uma vez que as cidades seguem em alerta devido às condições climáticas. “Assim que tudo estiver bem e em segurança, faremos a restauração da loja de Lajeado, que deve demorar em torno de três meses”, pontua Hang.

Entretanto, a maior preocupação de ambas, atualmente, são os cuidados com seus colaboradores e as pessoas que estão passando necessidades no estado. O Magalu afirmou que está priorizando os cuidados com seus mais de dois mil colaboradores no Rio Grande do Sul. “Internamente, a empresa tem dado todo apoio necessário aos mais de 100 funcionários moradores de região afetada que ficaram desabrigados”, escreveu em nota enviada à reportagem.

“Temos 176 megalojas e o estrago foi em apenas uma. Por isso, a nossa preocupação está, no momento, voltada para as pessoas que tiveram prejuízos muito maiores, tanto colaboradores, clientes e toda população gaúcha”, ressalta Hang.

Neste sentido, a Havan antecipou o 13º salário e o Programa de Participação nos Resultados (PPR) para seus colaboradores atingidos das sete lojas sediadas nos municípios de Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Lajeado, Canela, Porto Alegre, Guaíba e Caxias do Sul.

Arrecadações para a população

Magalu e Havan também estão arrecadando e enviando doações para a população. Até a manhã de terça-feira, 14, o Magalu já havia doado mais de dois mil colchões para diversas ONGs, escolas, igrejas e prefeituras da região, além de toalhas, máquinas de lavar, material de limpeza, cobertores, travesseiros e ração animal.

De acordo com a companhia, os próprios funcionários fizeram a operacionalização das entregas, voluntariamente, das lojas e do centro de distribuição, com a utilização dos caminhões da companhia.

Já a Havan, que possui, há mais de 15 anos, o Troco Solidário, onde o cliente, por meio da doação do troco da sua compra, pode ajudar uma entidade, destinou o Troco Solidário deste mês de suas 176 lojas para o Rio Grande do Sul.

Neste caso, a empresa permitiu, ainda, a doação mesmo sem a realização de uma compra. “Todo valor arrecadado será destinado às pessoas atingidas. Para fazer a doação é preciso ir presencialmente em uma das megalojas Havan em todo o Brasil”, explica Hang. De sábado, 4, até domingo, 12, já foram arrecadados mais de R$ 3 milhões com essa iniciativa.

Luciano Hang salienta ainda que a Havan fará um levantamento de todos que receberem esses valores para, em seguida, fazer uma prestação de contas a quem doou ao Troco Solidário.

“Nossa preocupação agora é fazer com que todo o valor arrecadado chegue realmente a quem precisa”, afirma Hang. Para isso, o presidente revela que a companhia está estudando algumas possibilidades, como um vale-construção, para que as pessoas recebam um valor para reconstruírem suas casas.

Hang ainda revela que os produtos que permaneceram intactos da loja de Lajeado por estarem em uma parte mais alta do estabelecimento foram separados e doados para o Lions e Rotary Club do município para a distribuição aos atingidos.

Além disso, na quinta-feira, 2, a Havan enviou dois helicópteros para o estado para ajudar nos resgates. Foram mais de 400 voos realizados com transporte de mantimentos, medicamentos, pessoas que necessitavam de atendimento médico e estavam em áreas de risco.

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