O lado musical da Yamaha
Braço de instrumentos musicais que deu origem, ainda no século XIX, no Japão, a uma holding com atuação diversificada, completa 45 anos
Braço de instrumentos musicais que deu origem, ainda no século XIX, no Japão, a uma holding com atuação diversificada, completa 45 anos
Roseani Rocha
17 de maio de 2018 - 11h00
O Brasil é um país musical, mas, em termos de negócio, a coisa desafina um pouco, pois o ambiente é desafiador para as marcas que produzem ou comercializam instrumentos musicais e equipamentos de som. Ainda assim, a Yamaha Musical comemora, em 2018, 45 anos no mercado local e com o desafio — para seu time de marketing — de distinguir a marca da Yamaha Motor, do mesmo grupo. Aliás, a maioria das pessoas não atenta ao fato de o logotipo da Yamaha Corporation, presente também nas motos, conter três diapasões, equipamentos para afinar instrumentos musicais.
Isso ocorre porque embora na matriz a gama de atuação da Yamaha seja enorme, passando até por equipamentos de golfe e cozinhas pré-fabricadas, a origem de tudo, em 1887, foi um órgão (o instrumento musical) de bambu, criado por Torakusu Yamaha. Já ao Brasil, a empresa chegou bem depois, em 1973, com uma escola de música, além de levar seus métodos de ensino a outras escolas já estabelecidas por aqui e, paralelamente, começava o trabalho de importação de instrumentos musicais.
No meio da década de 1980, uma crise nas importações, por conta da alta de impostos, fez a empresa interromper atividades no País por três anos. Do retorno até aqui, conseguiu se estabelecer como líder de mercado, pela gama variada de instrumentos e equipamentos que oferece — é líder, por exemplo, em teclados e piano acústico — ainda que continue enfrentando problemas mais recentes, como a onda de produtos chineses nos últimos três anos.
“O Brasil é um mercado ainda pequeno, mas com um potencial muito maior do que o de outras regiões, como Estados Unidos e Europa, que estão saturados”, ressalta André Barone, subgerente de marketing da Yamaha Musical do Brasil. Hoje, a marca tem vendas concentradas no Sudeste, onde enfrenta concorrentes como Roland, Cassio, Fender e Gibson, entre outros.
Marketing de influência… acústica
A comunicação da Yamaha Musical tem sido pautada em grande parte pelo meio artístico para levar a marca até o consumidor final. Estão no elenco da empresa artistas tão distintos quanto o pianista André Mehmari, a dupla Chitãozinho e Xororó, Ivan Lins, Jorge Benjor, Paula Fernandes, Guilherme Arantes, Eloy Casagrande (baterista do Sepultura), Frejat ou a cantora gospel Priscilla Alcantara (ex-apresentadora do Bom Dia e Cia., do SBT, e que tem atualmente 3,4 milhões de seguidores no Instagram).
Isis Petronella, coordenadora de marketing da Yamaha Musical do Brasil, conta que ações como transmissões ao vivo no Facebook (os vídeos vão para o canal da marca no YouTube posteriormente) têm sido feitas em ocasiões como lançamentos de produtos — Ivan Lins participou de uma das mais recentes, para o lançamento de um piano digital. Os artistas também costumam divulgar a Yamaha Musical em suas redes sociais.
Outra frente de marketing são os eventos, como o Férias Musicais Yamaha (assista ao vídeo abaixo), “Music feelings”, realizado em shopping centers, e ações in company (a Yamaha já fez parcerias com Harley Davidson, Minicooper e Triumph, por exemplo). Este ano também acontece a 2ª edição do Concurso Nacional de Piano, realizado com o Centro de Apoio a Escolas de Música, cujo diferencial é premiar o aluno e a escola. Regionalmente, a empresa também realiza workshops. No âmbito social, criou a Fundação Sopro Novo, que oferece atividades de musicalização por meio da flauta doce, um instrumento mais acessível, inclusive economicamente. A entidade existe há 12 anos e ganhou uma estrutura independente ano passado.
https://www.youtube.com/watch?v=Wt-Gu9DVR7o
Ponto de experimentação e venda
Até mais do que para outros setores, o ponto de venda é elemento-chave para a Yamaha Musical, já que o fator experimentação é essencial, quando se trata de um instrumento musical, mesmo com o aumento das vendas por e-commerce. “Ninguém compra um violão acústico de R$ 8 mil sem testar”, lembra André.
Mas de sua parte, a companhia também se esforça para manter a sintonia no relacionamento com o consumidor com um time de especialistas nos produtos para suporte técnico e controle de qualidade (volta e meia membros da equipe são enviados para treinamento na matriz, no Japão).
Com todos os desafios da falta de cultura brasileira, no que diz respeito à educação musical, e da economia, a meta da Yamaha Musical é crescer no ano fiscal que acaba de iniciar, já que segue o calendário japonês, de abril a março (o percentual, entretanto, não é divulgado). Ter essa missão cumprida soará como música aos ouvidos da matriz e de quem tem o trabalho diário e responsabilidade de bater a meta num ambiente de negócio tão desafiador quanto o nosso.
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