Roseani Rocha
19 de fevereiro de 2019 - 11h43
Incansável, além das grifes pelas quais era responsável, eventualmente Lagerfeld fazia colaborações com marcas mais populares (Crédito: Vittorio Zunino Celotto/ GettyImages)
Talvez um dos nomes que ficará mais atrelado à história da grife Chanel, após, obviamente, o da francesa Gabrielle Chanel, que a fundou, seja o do alemão Karl Lagerfeld, que faleceu nesta terça-feira, 19, em Paris.
Desde 1983, ou seja, há 36 anos, Lagerfeld estava à frente da marca, além de também ser diretor criativo da italiana Fendi e ter uma grife homônima. Apaixonado pelo trabalho, Lagerfeld jamais havia faltado, o que alertou a todos sobre seu estado de saúde em janeiro, quando ele não esteve presente no encerramento do desfile da coleção Primavera-Verão da Chanel, no Grand Palais, na capital francesa.
Ainda assim, ele, que é considerado um dos maiores talentos da moda, fez o que teria prometido certa ocasião: trabalhar até o dia de sua morte. Fez isso dando orientações para o desfile da Fendi, que ocorrerá nesta quinta-feira, 21, durante a semana de moda de Milão. E no tempo que passou à frente da Chanel foi responsável por renovar a grife em muitos aspectos e recolocá-la no topo do mundo da moda.
Além de ícones do universo do luxo, o estilista também realizava colaborações eventualmente com marcas bem mais populares. No Brasil, por exemplo, assinou uma coleção de calçados, em 2013, para a Melissa. E três anos depois a Riachuelo também trouxe às lojas uma coleção com 75 peças, entre roupas e acessórios. Entre estes últimos, havia capas de smartphones com desenhos de sua famosa gata Choupette, além de carteiras, clutches e bolsas.
As duas principais maisons para as quais trabalhou se manifestaram oficialmente. A Fendi postou uma foto do estilista no Instagram e a mensagem “Obrigada pela jornada mais linda. Com todo nosso amor, sua família Fendi”. Já a Chanel, soltou comunicado em que ofereceu “aos seus familiares e amigos as mais profundas condolências”. Depois, no Instagram, destacou também que Karl Lagerfeld reinventou os códigos da marca criados por Gabrielle Chanel: a jaqueta e o terno, os tweeds preciosos, os sapatos bicolores, as bolsas acolchoadas e as joias. E relembrou uma frase do próprio estilista sobre Chanel: “Meu trabalho não é fazer o que ela fez, mas o que ela teria feito. O bom na Chanel é que ela é uma ideia que você pode adaptar a muitas coisas”.
A Vogue americana publicou no Instagram uma foto de Lagerfeld clicado por Annie Leibovitz, e o definiu como um dos designers mais prolíficos e populares dos séculos 20 e 21. A Dior também afirmou estar “profundamente triste” com a notícia de sua morte e publicou uma longa mensagem de Pietro Beccari, chairman e CEO da Christian Dior Couture, sobre a amizade desenvolvida com Lagerfeld e exaltando sua imensa cultura.
Personalidades internacionais ligadas ao mundo da moda também têm se manifestado nas redes sociais para lamentar a morte de Lagerfeld, como Donatella Versace, a modelo Naomi Campbell, o fotógrafo Mario Testino e Clare Waight Keller, diretora criativa da Givenchy, que brilhou pela criação do vestido de noiva de Meghan Markle. E muitas brasileiras também, entre elas as jornalistas Erika Palomino e Maria Prata, assim como as consultoras Costanza Pascolato e Glória Kalil. A exemplo da Dior, Glória destacou a vasta cultura de Lagerfeld e resumiu bem o sentimento de perda que neste momento se abate sobre fashionistas mundo afora. “Karl Lagerfeld tinha enorme conhecimento de história, arte e literatura; falava fluentemente cinco línguas e era temidíssimo por usá-las como um chicote rápido e irônico. Criativo e pluritalentoso, dominava várias outras atividades, como fotografia e desenho. Dificilmente se encontrará outro estilista que reúna tantas qualidades raras e interessantes. Uma grande perda para a moda e para a Chanel”, definiu.