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2011: ano de avanços e solavancos

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Mídia

2011: ano de avanços e solavancos

Geraldo Leite faz um balanço sobre a indústria da mídia em um ano que deve terminar com um crescimento de quase 10%


13 de dezembro de 2011 - 8h47

* Por Geraldo Leite

Um ano mais feminino. Casa sob nova direção, onde se imaginava que estaria mais bem cuidada, florida, perfumada, com boa sorte e com boa imagem no mundo, mas que, quando se olha para dentro, só se vê briga na cozinha, discussões em diferentes línguas, vizinhos que reclamam; enfim, grandes questões históricas, permanentes, mas que tendem a ser tratadas como num tribunal de “pequenas causas”.

O mercado deve terminar com um crescimento um pouco menor que 10% e, como numa novela, a TV aberta (seja ela um bandido, seja um mocinho) sai sempre bem na foto.

Levando na esportiva

Cada vez mais, com Copa e Olimpíada chegando, somos o país do futebol e do esporte. Aparentemente, vencemos a batalha dos estádios bem na prorrogação do segundo tempo, mas resta saber se nos classificaremos também nos serviços e na mobilidade. A partida de estreia foi quente e quase detona o Clube dos 13. Ainda assim, a Globo levou.

Na volta, numa preliminar no campo dos adversários, a Record fez valer o regulamento e teve a sua primeira experiência como gente grande nos Jogos Pan-Americanos. Quem estava no banco de reservas ou no sub alguma coisa foi o Terra, que, ao transmitir tudo por “n” canais, pode ter indicado que a próxima disputa de Olimpíada e Copa, diante do crescimento de acesso à internet, será bem mais empolgante.

O poder dos emergentes

Como em uma espécie de “Bric” midiático, meios tradicionais, como jornais, revistas, rádio e outdoor (EUA e a União Europeia?), com exceção da TV aberta que ainda sobe, vão tendo de abrir espaço para essas pequenas e variadas “nações” que surgem. A mídia impressa caiu em dez anos de um terço do mercado para um quinto. Tem a internet, em um papel meio chinês, com muitos tentáculos, popular e sofisticada, em um mote do “me decifra ou te devoro”, que já detém 5% do mercado publicitário ou 10%, segundo dizem, se incluídas as Buscas. Tem o conceito de mobilidade começando a ser experimentado, com essas dezenas de formatos/locais possíveis da mídia digital out-of-home, como também do incrível potencial de cobertura demográfica dos celulares. Tem ainda a explosão de novos assinantes da TV paga, com o verdadeiro nascimento da classe C. Não bastasse tudo, ainda vêm os tablets e todas as leituras pelos novos dispositivos para bagunçar a leitura do “share”. Eêêêita mundo novo, não?

Rádios turbinadas

Este também foi um ano em que as AMs (que em geral têm mais produto) procuraram formas de se anabolizar pela qualidade sonora das FMs. Nós já tínhamos boas soluções de “simulcast” na Gaúcha, na Tupi e na Globo do Rio, em algumas CBNs e agora, numa situação inesperada, as Eldorados de São Paulo se desdobraram em três: uma AM/FM como Estadão/ESPN — novíssima sacada: dois timaços na parada: Redações do Grupo Estado (notícias) + Balanço da ESPN (Esportes) — e outra Eldorado FM em parceria com a Fundação Brasil 2.000. Também no começo do ano, mais uma marca forte do rádio paulista mudou: a 89FM virou Fast 89 FM, em parceria com a Nestlé. Apesar de tudo, são muito poucas as emissoras que tentam articular e comercializar, de fato, um modelo mais integrado rádio + internet + celular para entregar uma eficiente alternativa de compra para o mercado.

Marcas em revista

Duas revistas de qualidade: Piauí e Rolling Stone­ chegaram à maturidade dos primeiros cinco anos. Mesmo não sendo ligadas às grandes editoras, elas começam a ser lembradas nas programações de mídia. Cada uma com um desafio diferente. A Piauí teve de convencer o mercado de que é possível fazer um grande título, basicamente com textos mais longos e muito bem escritos. A Rolling Stone, para não ser associada só à música, mas ao comportamento, construiu uma estratégia interessante ao levantar uma linha de moda masculina e criar uma boa base inicial de sustentação publicitária.

Folha a Folha

Arrisco-me a dizer que o jornal e a mídia impressa no Brasil estariam bem pior hoje, não fosse o sopro de renovação que a Folha trouxe. São 90 anos de história e, sem querer chutar o balde, não dá para dizer que a contribuição sempre tenha sido tão grande, quanto à partir da década de 1970. Foi uma mudança de geração, de postura, onde a forma de encarar os fatos e a própria linguagem tiraram um pouco a gravata para tentar falar mais próximo, deixar a informação mais clara, precisa; deixando mais expostos, inclusive, o contraditório ou a falha.

iMídia

As redes sociais mexem, a cada dia mais, com o status quo da comunicação vigente. Até então, falávamos dos meios de comunicação como um eterno diálogo (ou conflito) entre “nós e eles”. Agora não, nessa virada, “eles” também somos nós. E nós, agora, estamos “organizados” (ou pelo menos assim achamos) com canais de comunicação próprios.

Tudo tem um comentário, uma opinião, um anexo, uma cutucada, pois diminuiu a distância de quem fala; aliás, “nós” falamos muito também. Nessa nova relatividade de falas e poderes, reside uma das chaves da sociedade futura. Quem organiza, quem prioriza, quem fala mais alto, quem abre o espaço para uma real conversa, quem manipula, quem entre nós manipula, como entram as assessorias de comunicação, como enxergar o que é legítimo e o que é incentivado ou de interesses discutíveis? A coisa está ficando complexa; aliás, como é a nossa cabeça e a nossa vida.

A conferir em 2012: e quando chegar a hora da Olimpíada, a audiência padrão da TV muda ou não? A nova legislação de espaços urbanos de São Paulo vai abrir mais espaços publicitários para outdoor e mobiliário urbano? O “share” total das TVs que já chega a dois terços do mercado pode ainda avançar mais? E essa legislação federal da Lei no 12.485 que estabelece cotas e procedimentos para programação, produção e distribuição? Temos estrutura e competências internas suficientes para segurar o rojão? Os novos canais HD vão, de fato, “arejar” o ambiente?

Boas festas para todos… E beijos nas crianças!
 

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