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Mídia

Cobrança online é uma saída, crê setor

Em meio a crise de investimento publicitário, jornais acreditam que receita de pagamento online é saída para o meio


13 de outubro de 2012 - 12h39

A 68a Assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) acontece em meio a uma das maiores crises de identidade dos jornais, que vêm perdendo faturamento publicitário para os meios digitais e amargando dificuldades para alavancar suas receitas. Neste sábado, 13, dois paineis discutiram o futuro do meio. O primeiro, com a participação do Juan Luis Cebrián, presidente do jornal espanhol El País, do professor da Universidade do Texas, Rosental Calmon Alves, que discutiram os modelos de negócios para o jornalismo impresso. Ainda pela manhã, Judith Brito, diretora-superintendente do Grupo Folha e Marcello Moraes, diretor-geral da Infoglobo, moderados pelo ex-diretor presidente do Grupo Estado, Silvio Genesini, debateram os modelos de cobrança online.

Para Silvio Genesini, o desafio dos jornais decorre de uma pulverização da verba publicitária, alavancada pelo surgimento dos meios digitais. “A publicidade se fragementou, o orçamento cresceu, mas organicamente, e os meios se multiplicaram”, descreve. “A concorrência dessas plataformas leva uma parte significativa do bolo publicitário”, afirma. Segundo indicadores de mercado, os meios digitais recebem, dependendo do país, algo entre 10% a 15% do investimento publicitário total. “Para cada 10 dinheiros que perdemos para o online, ganhamos apenas um ou algo parecido”, lamenta Genesini, em relação à redistribuição de verbas do investimento nos meios.

Judith Brito, por sua vez, apresentou o projeto de sistema de cobrança poroso da Folha de S.Paulo, implementado em junho de 2012 com inspiração no modelo de paywall adotado pelo The New York Times, em 2011, De acordo com a executiva, a disputa da receita com os grandes players do universo digital – como Apple, Google, Microsoft etc – deve levar os jornais e os meios tradicionais a buscar soluções de monetização com seu próprio público. “Vamos ter que fazer com que a audiência remunere por conteúdo”, afirma Judith. “No começo do mundo digital, acreditávamos que conseguiríamos replicar o modelo publicitário da TV aberta, mas no decorrer dos anos foi provado que a conta não fecha”, lembra-se. “Não basta ter uma grande audiência. Isso não se transforma em receita publicitária”, explica. Por isso, segundo ela, é preciso procurar iniciativas novas de monetização – inclusive com a ampliação do core business das empresas de mídia, que passam a atuar nas áreas de educação, por exemplo – e consolidar uma cultura de cobrança por conteúdo. “Há uma lógica perversa. Quanto mais conteúdos gratuitos transitam na rede, melhor para as grandes empresas que exploram a web. Os produtores de conteúdo contribuem, mas sem remuneração”, queixa-se.

Ações combinadas

Marcello Moraes, da Infoglobo, concorda que o conteúdo de qualidade pressupõe alguma remuneração direta, mas, ao apresentar diversos e diferentes modelos de negócio de jornais dos Estados Unidos e Reino Unido, afirmou que a solução pode ser encontrada em uma combinação de soluções, e não apenas nos modelos de paywall. Para Moraes, uma das ferramentas que tem sido subestimada no Brasil é a oferta de conteúdo em mobile. “Conteúdo de valor deve ser cobrado, esse é o caminho que queremos trilhar na Infoglobo. Mas, obviamente, não sabemos qual é a solução, temos alguns caminhos”, afirma Moraes. “O paywall ficou famoso como ‘o modelo do The New York Times’”, afirma o executivo. “Talvez porque só no The New York Times tenha dado certo”, avalia. Para Marcello Moraes, “é preciso fazer uma conta: quanto vai se perder de publicidade e quanto vai se ganhar com assinatura. Para que a gente tenha sucesso no paywall poroso vamos ter que fazer algumas mudanças”, alerta. “Acreditamos que é o mundo do ‘e’. A solução virá não por um produto ou modelo, apenas, mas por um conjunto de produtos e soluções”, completa.

A 68a Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) abriu seus trabalhos na tarde desta sexta-feira, 12, em São Paulo, com a previsão de participação de 600 representantes de veículos de vários países da América. A assembleia segue até a próxima terça-feira, 16, em São Paulo. 

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