Com realities, YouTube se aproxima de formatos televisivos
Criadores de conteúdo como Lucas Rangel, Nathalia Arcuri e outros apostam em gêneros que surgiram na TV linear
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Thaís Monteiro
29 de janeiro de 2019 - 8h30
Este mês, o YouTube Space, no Rio de Janeiro, inaugurou um estúdio voltado a gravação de vídeos no estilo talk-show e entrevistas. Somado a isso, cada vez é mais comum criadores de conteúdo apostarem em reality shows para aumentar suas opções de conteúdo. Na semana passada, Lucas Rangel estreou a segunda temporada do programa Qual Próximo YouTuber de Sucesso; Nathalia Arcuri lançou a competição Reality Me Poupe!, sobre a trajetória financeira de uma fã; e o canal Diva Depressão, por Eduardo Camargo e Filipe Oliveira, começou a publicar o Corrida das Blogueiras em outubro.
As ocupações que surgiram com os youtubers
Os programas têm maior produção e traz mais parceiros comerciais para os canais. O reality show de Lucas Rangel, por exemplo, teve patrocínio da Disney e da Nestlé. Nesta temporada, o creator fechou com Coca-Cola e Submarino. Para o executivo, a crescente no uso do formato reality de competição mostra que o YouTube é um exercício cada vez mais profissional. “Tem mais custo, é mais sofisticado. Além disso, é uma nova forma de colocar marcas no conteúdo”, afirma.
O YouTube Space surge como forma de dar maior suporte técnico para a criação. “Funcionamos como uma incubadora, oferecendo aos nossos parceiros as ferramentas e orientação para que rompam barreiras e desenvolvam experiências inovadoras. A ideia é abrir um novo leque de opções para estimular ainda mais a criatividade do produtor de conteúdo e ajudar a dar vida aos seus mais sonhados projetos”, explica Marie Picot, head do YouTube Space Rio. Lá, há estúdios para gravações dos realities, como fez Lucas Rangel, Diva Depressão e outros canais.
Thell de Castro, autor do Dicionário da Televisão Brasileira e editor do portal TV História, avalia que a grande diferença entre os realities televisivos e os publicados na plataforma está no investimento, que é seguramente maior na TV, e na liberdade dos criadores de conteúdo pois é mais assegurado que a edição passe por sua aprovação. “Hoje está muito mais fácil produzir conteúdo, posso fazer um reality sobre o dia a dia da minha empresa pelo celular. E os youtubers estão tendo retorno com vídeos especiais, mas nada se compara a compra de formato e todo o gás de produção que a televisão tem”, diz.
Para Phillipe Carrasco, fazer reality é algo que está na cultura do YouTube desde que ele surgiu. “Os criadores de conteúdo gravam suas rotinas, contam sua vida. O reality nada mais é do que uma dramaturgia com um bom storytelling. A diferença é onde está o conteúdo”, defende. O executivo do YouTube ainda coloca que o talk-show, apesar de conhecermos como um modelo estadunidense em que um apresentador entrevista celebridades de forma descontraída, é uma convesa como outra qualquer, coisa que já está na plataforma.
“Os gêneros hoje estão cada vez mais pulverizados. Na minha opinião, a partir do momento que é vídeo, é televisão. Então o YouTube também é TV”, explica Thell de Castro. Ele acredita que os realities criados por youtubers, inclusive, poderiam estar na televisão e vice versa. “Apesar de não vermos um movimento de colocar os realities de redes de televisão no YouTube, temos emissoras que apostam muito na plataforma, como é o caso da Rede TV e do SBT. Acredito que em breve a plataforma será uma alternativa para o lançamento de um reality show de emissoras exclusivo para o YouTube”, prevê.
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