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Conheça o brasileiro da equipe de Big Hero 6

Leonardo Matsuda é um dos responsáveis pela arte do novo longa da Disney


23 de dezembro de 2014 - 4h25

Estreia nos cinemas nessa quinta-feira, 25, o novo longa-metragem de animação da Disney: Operação Big Hero. O filme tenta se descolar da pressão do sucesso de Frozen no ano passado, construindo arquétipos diferentes do que a empresa vinha construindo. Trata-se, por exemplo, do primeiro longa inspirado em personagens da Marvel, empresa do grupo adquirida em 2009. Nada de princesas aqui: a história conta a saga do adolescente gênio da robótica Hiro, que constrói trajes especiais para amigos e um robô-enfermeiro, o BayMax (ponto alto do filme), combaterem o crime na imaginária cidade de San Fransokyo (uma mistura de São Francisco com Tóquio). O filme dificilmente baterá os US$ 1,27 bilhão de Frozen, mas já estreou muito bem nos Estados Unidos, desbancando Interestelar. De toda forma, a produção representa bem o novo momento da Disney que, inspirada na Pixar (outra aquisição, de 2006), conseguiu reestruturar seus projetos em cinema. Veja mais informações sobre a Walt Disney Company em reportagem publicada na edição 1640, de 15 de dezembro, do Meio & Mensagem, disponível para assinantes ou em tablets iOS ou Android.

O que pouca gente sabe é que na equipe de centenas de pessoas responsáveis por Operação Big Hero (ou Big Hero Six, no título original) há dois brasileiros: Eric Weisshuhn Araújo e Leonardo Matsuda. Araújo trabalhou com os animadores de efeitos especiais e já havia atuado também em Frozen. Matsuda é profissional de story board e já havia trabalhado em Detona Ralph.

Matsuda, que recebeu o Meio & Mensagem em visita aos estúdios de animação da Walt Disney em Burbank, Califórnia, conta que nasceu em São José dos Campos, interior de São Paulo, mas cresceu na capital, onde estudou desenho industrial no Mackenzie. Formou-se em 2002 e logo depois foi para os Estados Unidos, estudar animação. Em 2008 se formou no California Instituto of Arts (Cal Arts), onde produziu a animação PreKissToric Times como projeto de conclusão do curso. Depois, trabalhou no longa-metragem dos Simpsons, passou pela Pixar e também pelo estúdio de outro brasileiro, Carlos Saldanha, o criador de A Era do Gelo. Já está há quase seis anos na Disney, onde também trabalhou nos desenhos de Detona Ralph. Em Big Hero Six trabalhou com outros 12 artistas nas artes de roteiro, sem contar o time de escritores, animadores, técnicos de efeitos etc. Confira a seguir os destaques da entrevista e um vídeo promocional de Operação Big Hero:

Meio & Mensagem – Como funcionou seu trabalho na produção de Big Hero Six?

Leonardo Matsuda – É um processo bem orgânico, todos nós nos reunimos numa sala para fazer o brainstorm. Nossa função ali é criar e desenvolver os personagens e o enredo, formar uma historia com pé e cabeça, consistente, com começo meio e fim, bem formulada com emoção, com humor. Tem gente que acha que é simples, mas acaba sendo o processo mais longo de todos porque geralmente leva dois anos para concluir a história. A animação e a pós-produção costumam demorar entre cinco e seis meses. É um processo de opiniões, não tem certo e errado. É arte, não é matemático, não é exato. Se reúne na sala uma turma de pessoas muito articuladas, intelectuais mesmo, para debater a história e todas com opiniões diferentes. Nosso trabalho é criar um consenso.

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M&M – Você desenhou mais próximo de um roteirista ou de um personagem em particular?
Matsuda –
Não tem fórmula muito especifica. Mesmo os roteiristas que trabalham com a gente vão mudando muito. Ou até um mesmo roteirista muda um diálogo no qual a gente está trabalhando. No fim, é possível participar de todas as etapas, até escrevo se for preciso. É bem colaborativo, então não dá pra dizer que alguma sequência ou personagem pertence a algum artista específico. Cada aspecto é diferente. Nesse sentido é muito diferente de live action, pois mesmo hoje, com toda tecnologia, story board ainda é a melhor maneira de descrever uma cena ou uma ideia. No live action, você faz muita coisa na filmagem… tem a câmera, toda cinegrafia e a direção do cineasta. Você pode ir filmando varias tomadas e ir editando. Na animação não tem isso. A gente tem de economizar. Por isso o story board é tão importante para deixar tudo planejado na hora de finalizar, executar, na pós-produção. Um filme sem story board te deixa perdido, é sempre muito importante.

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M&M – Sente falta do Brasil? Voltar está nos planos?
Matsuda
– Tento ir ao Brasil pelo menos uma vez por ano, pois amigos e família estão lá em São Paulo e São José dos Campos. Sinto falta, lógico. Mas estou aqui mais por questão profissional mesmo. No Brasil há muitos talentos e há muitos projetos, curtas, que estão crescendo, estão dando certo, recebendo bastante incentivo. Algumas animações brasileiras venceram circuitos de festivais. Então acho que tem bastante potencial no Brasil. Mas o que acho legal daqui é o fato de a criatividade ser muito valorizada. Se você tem uma ideia boa, você pode vender e ela vai ser respeitada. Já no Brasil, é uma pena, pois há tantos artistas fenomenais… O governo precisa dar mais valor, o artista precisa se sentir mais valorizado. No mercado americano é diferente. Especialmente aqui em Burbank, o próprio Estado valoriza, além de toda cadeia envolvida, basta ter as conexões corretas.

M&M – E quais são seus próximos planos em animação?
Matsuda –
O que eu tenho em mente é continuar tocando meus projetos, nunca perder minha identidade. Isso é o principal. Nunca esquecer quem você é como artista. Onde estou agora é uma ótima oportunidade, estou aprendendo muito. O futuro, não sei. Mas aonde quer que eu esteja, espero poder continuar tocando meus projetos, sem medo. Às vezes, muitos artistas querem copiar, jogam numa zona de conforto. Mas se você quer construir uma coisa maior, às vezes é importante se arriscar. Precisa ter essa coragem, você nunca vai saber se não tentar.

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M&M – Você está com um projeto próprio, hoje, na Disney?
Matsuda –
No momento estou tendo essa oportunidade, estou dirigindo um projeto meu. É um curta-metragem, mas ainda não posso falar muito porque ainda não está nas estratégias de mídia. Já está aprovado, no processo. É um desafio muito gratificante ter um projeto na Disney. O que sempre almejei foi continuar dirigindo, sempre quis isso, também quero um longa-metragem no futuro. Mas se não estivesse fazendo um projeto meu aqui na empresa, com certeza estaria desenhando e escrevendo minhas histórias em casa.

O jornalista viajou a Burbank a convite da Walt Disney Company

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