Editora Globo: entre o conteúdo e a experiência
Samuel Sabbag, diretor de negócios da Editora Globo, comenta evolução dos negócios e ressalta frentes de receita, entre digital, publicidade e eventos
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Giovana Oréfice
23 de julho de 2024 - 13h57
*Atualizada em 24/07 Às 11h43
No Brasil desde a década de 50, a Editora Globo, que nasceu como Rio Gráfica, assistiu às diversas fases do mercado editorial. A mais significante delas foi a migração gradativa do conteúdo impresso para o digital.
Samuel Sabbag, atual diretor de negócios da Editora Globo, viveu parte dessa evolução. O executivo trabalhou na empresa entre 2008 e 2013, ano em que deixou o posto de gerente de negócios digitais, que ocupou por três anos e meio. Antes de voltar para a Editora, em setembro do ano passado, passou pela Warner Bros. Discovery e Turner (incorporada pela Warner).
“Encontrei uma editora pós fusão, com uma oferta de marcas além da segmentadas, com com três jornais muito fortes, O Globo, Extra e, principalmente, o Valor Econômico. Encontrei uma empresa completamente diferente”, diz Sabbag, referindo-se à fusão com o Infoglobo e Valor Econômico que aconteceu em 2018.
Ainda que muito tenha mudado, sobretudo na multicanalidade da companhia, o conteúdo segue como core do posicionamento da Editora Globo, sendo uma fortaleza para atrair audiência e anunciantes. Segundo o executivo, o digital chega a superar outras fontes de receita, mas a publicidade segue como a principal delas.
Atualmente, a Editora conta com nomes como Extra, O Globo e Valor Econômico, além de um portfólio de mais de 16 revistas, entre elas Auto Esporte, Marie Claire, Crescer, Vogue, GQ e Glamour – as três últimas por meio da Edições Globo Condé Nast. “Brincamos que temos um alcance de massa e uma profundidade de nicho. Temos mais de 60 milhões de pessoas navegando em nossas marcas”, comenta o diretor.
Os diversos títulos dão suporte para o conteúdo aliado à experiência. Os eventos são uma vertente importante da atuação da companhia, inclusive, para a monetização. Entre alguns exemplos estão o Rio e São Paulo Gastronomia, bem como o Carnaval da Sapucaí, com o Camarote Quem O Globo. Na última edição, registraram a maior receita dos dez anos com mais de trinta marcas patrocinadoras.
“Quando se tem um conteúdo forte que conecta as pessoas é possível distribuí-lo de uma maneira muito assertiva e independente do canal. Temos o impresso, experiências, eventos ao vivo, trabalhamos nas redes sociais, digital. Não é mais fácil, mas mais simples de estar próximo dos consumidores”, comenta.
A experiência perpassa também pela tecnologia. Em junho, O Globo anunciou o lançamento do Projeto Irineu de criação e desenvolvimento de soluções de inteligência artificial. O primeiro recurso da iniciativa é um botão que realiza um resumo para os leitores do veículo, bem como a tradução para O Globo Internacional em inglês e espanhol.
No longo prazo, a companhia pretende lançar outros serviços por meio do projeto para ganhar escala, inclusive na publicidade, gerando inventário para a monetização.
Além disso, recentemente, o Grupo Globo atualizou seus princípios editoriais para incluir diretrizes sobre o uso de inteligência artificial no jornalismo — e que passam a valer também para a Editora Globo. Entre as diretrizes estão a transparência e supervisão humana; apuração, produção e distribuição de jornalismo com auxílio de IA; e direitos autorais e de governança.
“Se não protegemos esse conteúdo, acabamos canibalizando o nosso próprio negócio. Esse é um movimento dos principais publishers do País que prezam pelo conteúdo, pela qualidade jornalística e, claro, combatem dentre inúmeras aplicações da IA, as fake news” declara Sabbag.
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