Instagram e YouTube são as estrelas da hora para as marcas
Facebook continua a ser relevante, mas, para anunciantes, foi o que menos cresceu; Twitter segue como rede preferida de artistas e personalidades
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Sergio Damasceno Silva
6 de fevereiro de 2018 - 7h08
A presença das marcas nas redes sociais, nos últimos três anos, se tornou, praticamente, obrigatória. Não dá para não ter um canal no YouTube, um perfil no Instagram, uma fanpage no Facebook ou uma conta no Twitter. Claro que estar numa rede ou noutra depende muito do que a marca quer atingir e como se comunica. Não é mandatário estar nas quatro redes, simultaneamente. Em outros casos, é quase que exigida a aparição da marca em todas essas redes.
Em 2014, foi feito o primeiro estudo Mídias Sociais 360º, numa parceria entre a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e a Socialbakers. Naquela época, a configuração das redes sociais era diferente: a plataforma social mais utilizada pelos cem principais perfis de marcas institucionais era o Facebook e as empresas ainda engatinhavam no YouTube e Instagram, com média de 16 mil inscritos e 49 mil seguidores, respectivamente, nessas redes. Três anos depois, o relatório mais recente, que contempla o último trimestre de 2017, mostra que o Facebook ainda é a rede mais utilizada pelas marcas, mas há uma tendência de queda devido ao crescimento do YouTube, cujo uso pelas marcas aumentou quase 800%, com uma média de 149 mil inscritos. O Instagram foi ainda mais longe e superou um milhão de seguidores por marca, em média, o que equivale a um crescimento de mais de 2000% ao longo desses três anos. Em relação aos segmentos analisados pelo estudo, “Marcas/Institucional” era o setor que obtinha no Facebook, ainda em 2014, maior incidência junto aos usuários, com 2,4 milhões de curtidores em média nas páginas. A categoria continuou sendo a que registra mais crescimento — cerca de 34%, em relação ao mesmo período, em 2014 —, com uma média de 3,25 milhões de curtidores no último trimestre de 2017.
Não é modismo
“A avaliação dos três anos ajuda a firmar a área de mídias sociais e já não para afirmar que isso é só um modismo. As redes são como um canal de comunicação para as empresas. As empresas precisam, eventualmente, mudar de ideia se ainda estão reticentes quanto a isso”, afirma o professor Eric Messa, coordenador do Núcleo de Inovação em Mídia Digital (NiMD) da Faap. “Sempre fizemos uma análise entendendo que mídias são várias plataformas e as marcas precisam pensar no todo e como vão atuar. Nos últimos anos, a principal plataforma foi o Facebook. Não só em usuários, mas pensando nas empresas querendo construir relacionamento com seus consumidores. Ao longo dos últimos três anos, cresceu números de fãs e seguidores no Instagram e Twitter. Particularmente, o YouTube e o Instagram tiveram um crescimento absurdo: 800% na média de assinantes no canal das marcas no YouTube e 2.000% na média de seguidores de perfil de marcas no Instagram. Já no Facebook, a expansão foi bem abaixo disso: apenas 34%. Porque já tinha muita gente e ainda é a plataforma com mais usuários. A análise que dá para ser feita é que as pessoas estão seguindo também as demais redes, além do Facebook, onde o excesso de presença de marca pode estar cansando o usuário”, analisa o professor.
Quando vistas separadamente, as redes têm apelos diferentes para o crescimento mais ou menos expressivo. O Facebook, por exemplo, promoveu diversas mudanças em seu algoritmo, o que desprestigiou as publicações de páginas institucionais. A despeito disso, o brasileiro continua a interagir com as marcas dentro dessa plataforma. O estudo aponta um dado expressivo: a média de interações com as marcas no Facebook cresceu 2.350%. Atualmente, são feitas mais de 700 mil interações mensais, em média, entre likes, comentários e compartilhamentos com as marcas na rede. “Isso é, possivelmente, resultado de um maior investimento no impulso de posts, entre outros fatores, como o próprio crescimento natural de usuários”, afirma Messa. Em relação à média de publicações realizadas pelas páginas, o professor chama a atenção para o fato de que as marcas experimentaram, ao fim de 2015 e início de 2016, publicar menos posts (cerca de um ou dois por dia), mas a média subiu para cerca de quatro publicações por dia, atualmente.
Num extremo, as páginas do segmento Mídia/Notícias, cujo núcleo é produção de conteúdo, realizam, aproximadamente, 45 publicações por dia. O segmento sempre foi um dos mais curtidos, juntamente com as páginas do tipo Marcas/Institucional, mesmo em tempos de fake news. Entre as páginas de Mídia/Notícias avaliadas, a média de curtidas é de 3,7 milhões. Por dia, são cerca de 88 mil interações nestas páginas (likes, comentários e compartilhamentos).
Vídeo supremo
“A supremacia do vídeo nas plataformas de redes sociais, em relação a conteúdo de texto, é a primeira e mais importante mudança que tivemos”, aponta Thiago Costa, coordenador do curso de pós-graduação em comunicação e marketing digital da Faap. Por isso mesmo, no segmento Entretenimento, entre as cem maiores páginas em números de interações no Facebook, o volume de postagens em vídeo cresceu de menos de 10%, entre 2015 e 2016, para cerca de 40% do conteúdo publicado em 2017.
No YouTube, os números são relevantes. O ano de 2014 terminou com as marcas tendo uma média de 16.598 inscritos em seus canais, número que subiu para 36.315 no ano seguinte. No final de 2016, o número de assinantes praticamente dobrou, alcançando 70.814. O ano passado, por sua vez, terminou com um total de 149.244 inscritos, ou seja, um crescimento de quase 800% em três anos. “O YouTube, trazido aos hábitos do consumidor pelo público mais jovem, que acompanha os influenciadores digitais, passou a ser uma real plataforma de mídia para as marcas, que tiveram que se adaptar a isso e gerar conteúdo em vídeo”, explica Costa. “Foi uma mudança do consumidor para as marcas, e não o contrário.
Quando o estudo Mídias Sociais 360º foi iniciado, em 2014, o Instagram não tinha a opção de postagem de vídeos. Essa ferramenta só passou a ser oferecida no segundo trimestre de 2015, o que levou as marcas a aproveitar essa funcionalidade, com bons resultados de interação com o consumidor. No início, as postagens em vídeo tinham média de 999 curtidas e 38 comentários. Já as fotos ficavam com média de 1.420 curtidas e 33 comentários. No último trimestre de 2017, os vídeos tiveram 2.448 curtidas e 71 comentários, na média. As fotos tiveram um salto de 4.448 curtidas e 67 comentários, em média. O Instagram também foi a rede que mais cresceu desde 2014. No último trimestre daquele ano, um perfil de marca tinha, em média, pouco mais de 49 mil seguidores. Em 2017, a média era de um milhão de seguidores, o que representa um aumento de mais de 2.100%. Essas mesmas marcas costumam realizar entre duas e três publicações por dia, contra a média de um post por dia em 2014. “Vê-se que houve uma alteração na gestão do conteúdo, estimulada mais uma vez por mudanças no algoritmo do Instagram. Porém, mais importante é observar a popularidade que a plataforma conquistou, o que faz acreditar que, para muitas marcas, o Instagram já é uma plataforma importante para o relacionamento com seus consumidores”, destaca Messa.
O Twitter segue como uma incógnita para as marcas. Apesar da média de seguidores das marcas ter crescido quase 75% nos últimos três anos, a plataforma definitivamente não alcançou a popularidade do Facebook. O perfil de uma marca no Twitter costuma ter uma média de 314 mil seguidores, número pouco expressivo se comparado ao volume do Facebook. Porém, o cenário é outro no caso de perfis de artistas e personalidades. No último trimestre de 2017, um perfil no Twitter da categoria “não marcas” tinha, em média, cerca de 3,7 milhões de seguidores, número semelhante aos dos curtidores de uma página da categoria Mídia/Notícias do Facebook.
Para Messa, o Twitter, em termos de relevância para as marcas, acabou ficando para trás no Brasil. “Ainda assim, acredito que é uma ferramenta importante para acompanhar a imagem da marca, bem como um canal tão eficiente quanto os demais para ações que envolvem influenciadores digitais, por exemplo”, diz.
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