Plataformas promovem cultura ao vivo online
ShowlivrePlay e Show In promovem eventos para público mais amplo e remuneram artistas
ShowlivrePlay e Show In promovem eventos para público mais amplo e remuneram artistas
Thaís Monteiro
7 de outubro de 2020 - 8h10
O consumo digital de experiências primordialmente físicas, como shows e teatros, durante a pandemia culminou no surgimento de plataformas cujo propósito é oferecer uma estrutura tecnológica para tais expressões culturais. A longo prazo, mesmo com a retomada dos segmentos presencialmente, a intenção das empresas é continuar crescendo, principalmente entre públicos fora do eixo Rio-São Paulo.
A produtora Showlivre lançou em abril deste ano a ShowlivrePlay, uma plataforma de streaming de shows de 30 minutos, ao vivo, transmitidos da casa dos artistas, via celular. Os primeiros eventos foram realizados diretamente da casa dos artistas. Agora, os shows são transmitidos no estúdio da produtora, seguindo medidas se segurança e higienizações. A plataforma já conta com 70 apresentações realizadas e, de acordo com a empresa, a demanda vem crescendo significativamente.
Segundo a Showlivre, o grande diferencial da plataforma é a ferramenta de monetização para os artistas. “Nosso foco principal é gerar receita para os artistas. As lives gratuitas, apesar de também gerar audiência, não remuneram os artistas participantes, nem a equipe”, afirma Walter Abreu, CEO do Showlivre.Apesar do executivo argumentar que a experiência dos shows virtuais não pretende ser a substituição dos shows presenciais, a plataforma também pressupõe uma interação com o artista. O público pode participar do chat e mandar perguntas em vídeo que são exibidas ao longo da apresentação e ter um meet & greet via zoom com o artista.
Entendendo que o teatro, recitais de poesia, shows de stand-up comedy, apresentações de dança, espetáculos infantis, pocket shows e aulas de gastronomia e yoga deveriam ter um espaço na disrupção digital, os sócios Orlando Morais e Dio Trotta lançaram no início de agosto a ShowIn, uma plataforma streaming de apresentações ao vivo.
No ambiente, é possível adquirir ingressos para as apresentações culturais, comprar e doar Winns, a moeda oficial do ShowIn. “Acho que nenhuma outra arte simboliza tanto o ao vivo, o que só acontece naquele momento, o fullgás, como o teatro. Acho que o que está por vir é uma arte híbrida que ainda nem sabemos como nomear. Será algo entre o teatro, o cinema, a realidade aumentada e por aí vai. As ferramentas estão sendo colocadas na mesa exatamente neste momento”, opina Bruno Levinson, responsável pela curadoria artística do ShowIn.
Na percepção do curador, apesar de das plataformas não abrangerem aspectos essenciais do presencial, como o toque e o cheiro, elas permitem uma troca muito maior em termos de público, com pessoas de diferentes países e culturas. “Acho que existem novos conceitos surgindo, mas são conceitos, que não negam outros modelos. Modelos coexistem. A popularização das lives não acaba com o conforto do on demand, por exemplo. Cada vez temos e teremos mais possibilidade de expressão e recepção de mensagens”, argumenta.Pós-pandemia
Antes mesmo de lançar a ShowlivrePlay, a produtora já planejava a transmissão de shows de eventos presenciais visando atingir um publico que não esta na região onde o evento acontece. O planejamento da plataforma começou dois anos antes do seu lançamento. A empresa acredita que os números de usuários deva crescer ainda, mesmo com a volta de eventos presenciais, porque há oportunidade para pessoas fora do eixo Rio-São Paulo assistirem.
“É uma forma de amplificar a visibilidade dos eventos presenciais. Além de oferecermos acesso ao evento ao vivo, por um custo muito menor, abre-se também a possibilidade de assistir aos shows estando em outras regiões do País. Esse modelo deve permanecer de forma a majorar a arrecadação financeira de cada evento. Existe um público que, por várias razões, é impedido de participar de shows presenciais. Seja por custo, ou impedimento geográfico, estamos criando uma maneira de acompanhar os shows de maneira remota, como uma experiência diferente e atual”, explica Abreu.
Levinson diz que o teatro não estava em processo de digitalização antes da pandemia. “O que eu via, e ainda vejo acontecendo é, mais do que tudo, a transmissão do que existe no off-line para o online. Sendo assim, não acho esta forma de utilização exatamente criativa ou inovadora. Não via, e ainda não vejo, o teatro, especificamente, já sabendo se apropriar de novas possibilidades de comunicação que os meios digitais nos oferecem. Não é exatamente inovação usar Facebook para divulgar, por exemplo. Isso é somente uma adequação”, diz.Para ele, a Show In e plataformas online estão criando uma nova mídia e que o hábito de consumir conteúdos ao vivo digitalmente vai ficar com o estabelecimento do hábito de consumo das lives neste período, por exemplo. “Creio que tudo que já vivemos até agora é muito pouco para o que virá esteticamente e artisticamente daqui para frente”, prevê.
**Crédito da imagem no topo: Novendi Dian Prasetya/iStock
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