Aprendendo com ursos e garfos
Caos que se instaura na cozinha de restaurantes relembra o cotidiano de uma agência em tudo o que há de melhor e pior em todos nós
Caos que se instaura na cozinha de restaurantes relembra o cotidiano de uma agência em tudo o que há de melhor e pior em todos nós
O Urso é a nova série queridinha de todo mundo que adorava parecer descolado falando de Succession. As coberturas e os jatinhos agora dão lugar a um restaurante merda em Chicago, frequentado pelo tipo de gente que nenhuma marca gosta de assumir como perfil de consumidor.
Contudo, o caos que se instaura na cozinha do restaurante relembra o cotidiano de uma agência em tudo o que há de melhor e pior em todos nós. Sempre tive para mim que restaurantes oferecem as melhores analogias para as agências. Um trabalho em equipe que demanda criatividade, organização e agilidade para a materialização de um produto e um serviço que deveriam ser impecáveis, mas que nem sempre acontecem – e é por isso que a série é recheada de insights suculentos.
Me concentro aqui num episódio específico: “Garfos” S02E07. Para muitos, preferido da série até o momento. É dele que eu tiro as principais lições e compartilho com todos, pois serve para líderes, liderados e clientes, uma vez que as coisas só acontecem nas relações.
Não darei spoilers.
Aperfeiçoamento passa sempre pelo fracasso.
Numa sociedade que ainda confunde responsabilidade com culpa e ensina crianças que erros merecem um cacete, abrir espaço para lidar de boa com o fracasso é um trampo do cão. A gente só fica melhor quando sabe o que está errado e entende que o erro faz parte do pacote de experiência. Seja nos perrengues com a equipe ou com os clientes, o erro precisa ser naturalizado como unidade de aprendizado e não como nota vermelha no boletim.
Saber receber feedback é tão importante quanto saber dar um feedback.
Feedback é sobre alinhamento aos padrões e deve ser dado na hora. Não é opinião e nem sobre caráter ou qualidade, não é coisa boa nem ruim, não é sobre fazer melhor e sim sobre fazer certo. Essa parada se tornou um pesadelo nas relações de trabalho depois de tanta distorção por equívocos e melindres, além de falta de treinamento e acordos.
O produto precisa ser extraordinário e o serviço impecável.
O nosso trabalho é uma resposta constante aos desafios e necessidades dos nossos clientes, seja aquilo que eles querem ou até o que precisam e não sabem. O que garante essa constante é entendimento dos negócios, das pessoas, das culturas e dos meios, saber ler e interpretar contextos e expressões faciais, compreender o que há por trás dos discursos e pedidos, saber fazer perguntas e ouvir respostas, saber escrever e validar um briefing que ajude o time a entender e atender o objetivo do trabalho, mantendo tempo, preço e qualidade adequados a realidade e, ainda assim, superar expectativas, satisfação e diferenciação. Garantir que o time saiba trabalhar como cliente sem antagonismos infantis. Fazer com que o cliente sinta que cada encontro com a agência será o melhor momento do seu dia e cada trabalho um passo adiante na sua carreira.
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