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Opinião

Conquistando Cannes

Responsável por resgatar o brilho da marca Burger King, o brasileiro Fernando Machado tem seduzido o Festival Internacional de Criatividade pela ousadia e consistência de seus trabalhos


2 de maio de 2017 - 10h42

Ao longo de seus mais de 60 anos de história, o Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions mitificou ritos e construiu tradições das quais emanam o encanto e o glamour singulares que constituem o DNA do evento.

Embora a beleza natural da região, os atrativos da boa vida na Riviera Francesa e o reconhecimento dos companheiros de profissão por meio dos prêmios tenham um papel inegável nessa equação, parte fundamental dessa aura em torno de Cannes tem origem nos diversos love affairs que o festival manteve com personagens de destaque da indústria da publicidade.

Assim como em copas do mundo e as cerimônias do Oscar, humanizar é preciso — e Cannes fez isso com maestria ao estabelecer conexões íntimas com nomes como Dan Wieden, Lee Clow, Joe Pytka, Bob Greenberg, Marcello Serpa e David Droga, que parece ser o atual escolhido para levar o legado adiante.

Ao longo da última década, esse afeto distinto que por muito tempo foi reservado a personagens cuja reputação foi construída dentro de uma agência ou produtora passou a ser estendido também a executivos de grandes marcas — não é mera coincidência qualquer semelhança com a movimentação ocorrida também na hierarquia de importância dos Leões distribuídos pelo Cannes Lions, com o GP de Titanium tornando-se tão cobiçado quanto o de Film.

Executivos-chefes de marketing mais poderosos do mundo por liderarem os orçamentos mais polpudos do planeta, Marc Pritchard, da Procter & Gamble, e Keith Weed, da Unilever, foram nomes naturalmente alçados a esse panteão e exercem com gosto e competência a influência que praticamente lhes é exigida, pelas já citadas posições que ocupam. As apresentações da dupla estão sempre entre os painéis mais concorridos dentre aqueles apresentados por figurões do mercado.

Ao mesmo tempo, surge uma nova cena de profissionais de marketing que vêm criando uma identificação genuína com o festival a partir da essência do trabalho de construção de marcas que desenvolvem para suas empresas, à base de inovação, integração e do grau de contemporaneidade da criação que cobram de suas agências.

O maior expoente dessa onda é o chief marketing officer do Airbnb. Habitué do festival há praticamente duas décadas,  Jonathan Mildenhall está longe de ser um principiante nos corredores do Palais e calçadões da Croisette. Sua notoriedade, porém, tem crescido meteoricamente desde que trocou a carreira em agências para assumir primeiro a área criativa da Coca-Cola e, posteriormente, a liderança do processo de construção de marca da plataforma de hospedagem alternativa que virou um dos principais símbolos da economia compartilhada.

Mas o coração de Cannes é grande e sempre cabe mais um — desde que seu trabalho tenha carisma e consistência o bastante para inflamar a chama que alimenta a alma original do evento.

Head of brand marketing do Burger King (marca que será homenageada em junho no Palais com o título de “Anunciante do Ano”), o brasileiro Fernando Machado vem seduzindo o festival desde que conquistou o GP de Titanium com “Dove Sketches”, em 2013, quando ainda trabalhava na Unilever. De acordo com o site oficial do Cannes Lions, Machado soma mais de 70 Leões conquistados ao todo, 31 deles nos últimos dois anos com campanhas emblemáticas desenvolvidas para o BK: o Proud Whopper e o McWhopper.

Em 2016, o executivo da rede de fast food protagonizou uma das apresentações mais divertidas do evento, ao lado de Anselmo Ramos, chefe de criação da David (dona da conta do Burger King) e parceiro de longa data, desde os tempos de “Sketches”, quando estava na Ogilvy. Este ano, o cortejo ficará ainda mais sério, com a participação de Machado no júri de Creative Effectiveness.

Para saber mais sobre as ideias e as intenções do brasileiro pelo qual Cannes tem caído de amores, a repórter Roseani Rocha conversou com Fernando Machado a um mês e meio da edição 2017 do festival. A entrevista está publicada nas páginas 6 e 7. Boa leitura!

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