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Opinião

Desafio da atualidade: conectar-se off-line

Chegamos num ponto de digitalização das relações em que é necessário dar um passo para trás e lembrarmos de que o presencial ainda é insubstituível para estabelecer conexões profundas


22 de fevereiro de 2018 - 10h36

Créditos: Andresr/iStock

Hoje em dia tudo é digital. As pessoas cada vez mais resolvem a vida pessoal e profissional online. De reuniões a brainstorms. Não importa a área de atuação. Até os profissionais de comunicação vem esquecendo, com o passar dos anos, que fazer uso do velho “olho no olho” em alguns momentos é primordial. Chegamos num ponto de digitalização das relações em que é necessário dar um passo para trás e lembrarmos de que o presencial ainda é insubstituível para estabelecer conexões profundas.

Ok, concordo que achar um espaço na agenda para se ausentar do escritório ou agência por dois ou três dias para participar de eventos da área ou grupos de relacionamento parece cada dia mais impossível. E os motivos alegados são os mais variados: muitos projetos, equipes enxutas, não ter budget para investir nisso, achar que é perda de tempo e assim por diante.

Entretanto, em tempos de conexões digitais, desafiar-se a viver, de vez em quando, relações mais humanas pode ser profundamente transformador. O presencial gera conexões sempre mais sólidas que o digital bem como oportunidades únicas que podem cruciais para sua caminhada corporativa. Vale experimentar.

É curioso, inclusive, observar em momentos presenciais como as pessoas acabam, no fundo, demonstrando uma certa necessidade de interagir, de estar com pessoas que possuem interesses semelhantes. Muitos parecem ter que aprender a se reconectar com o mundo off-line. É como se fosse um contraponto ao excesso de digitalização das relações em tempos que até fazer ligações telefônicas parece ser uma atitude quase obsoleta, reservada para situações “especiais” atualmente denominadas de “call”.

De nada adianta bloquear sua agenda dois dias para um evento se, enquanto ele está acontecendo, sua única conexão é com as mensagens e os e-mails no seu celular

As relações digitais têm facilitado e muito o dia a dia das pessoas, porém, boa parte tende a serem superficiais. O velho “olho no olho” tem capacidade única de conectar e influenciar pessoas. O head trainner Robert Cialdini, por exemplo, diz que uma das principais técnicas para persuadir pessoas é fazer-lhes uma gentileza. Se você for gentil com alguém certamente essa pessoa se sentirá “obrigada” a retribuir sua gentileza em algum momento. Com base nisso, sem dúvidas, situações presenciais, baseadas no “olho no olho”, são mais assertivas também para influenciar e persuadir as pessoas que nos conectamos.

Mas, para que essa conectividade com o mundo real ocorra, é essencial ter em mente qual é o seu objetivo de cada situação. De nada adianta bloquear sua agenda dois dias para um evento se, enquanto ele está acontecendo, sua única conexão é com as mensagens e os e-mails no seu celular. Aliás, desligue-o assim que chegar ao local.

Permita-se desconectar. Mergulhe naquele momento. Interaja com as pessoas ao seu redor, ouça de verdade o que elas têm a dizer, absorva novos conhecimentos e exponha sua opinião. Afinal, o dinheiro investido em eventos e grupos de relacionamento precisa valer a pena. Se é para ficar “alienado”, é melhor nem ir. Sério!

E se você fizer isso, além de tudo, estará cuidando da sua saúde física e mental. Um estudo da Universidade de Harvard sobre o Desenvolvimento Adulto apontou que as pessoas mais felizes e satisfeitas com a forma que se relacionam com os outros, aquelas mais conectadas com o mundo real, são as que permanecem saudáveis por mais tempo. Ou seja, quem cria laços fortes com outros seres humanos vive mais e melhor – para além de dinheiro, status ou emprego.

Por outro lado, não é qualquer evento que será capaz de te desconectar do mundo. Programações convencionais, em que palestrantes ficam falando e falando, sem provocar os participantes a emitirem opiniões e reações, podem sim serem lançadores de dinheiro em água corrente. Busque eventos que sejam capazes de proporcionar profundidade e fomentar experiências sensoriais. Quando fui para a Disney University tive conhecimento que, quando há interação, o conteúdo exposto é mais facilmente assimilado.

Ah, ressalto também que para atingir um bom ápice de conexão presencial é essencial ser genuíno e agregador. Para promover interações profundas, esteja conectado com o que está acontecendo no mundo, principalmente com as novidades da sua área de atuação. Ninguém quer se conectar com pessoas vazias e que pouco acrescentam. Conversas precisam de conteúdo para serem consistentes.

Momentos ao vivo nunca serão substituídos. E isso não é apenas uma forma de expressão. Está mais do que comprovado que passar alguns dias em eventos de imersão é muito mais poderoso do que muitas outras formas de networking. A absorção de conteúdo é sempre maior no presencial e o sentido que ele terá na vida de cada pessoa é geralmente mais intenso do que por meios digitais. A experiência de ver o cara ali, ao vivo, no mesmo ambiente que você, pode ativar outros aspectos na sua mente. Palavra de quem atua tanto com eventos off-line como online: o presencial tem uma química diferente. A tecnologia não tem como substituir o contato humano e real. Permita-se viver esse desafio. Viva também no mundo real.

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