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Opinião

Experiências memoráveis

Interações emocionais e sensoriais são a base de conexões mais profundas


28 de maio de 2024 - 6h00

Imagine-se diante de três jovens do Líbano. Você é capaz de interagir com eles e com o ambiente ao redor, visitar suas casas e ouvi-los compartilhando sonhos de um futuro melhor, mesmo que sua realidade seja a de uma nação que enfrenta uma das quedas econômicas mais graves do mundo desde 2019, com disparo da inflação e a escassez de eletricidade. Essa foi uma das experiências que mais me marcaram no SXSW 2024, em Austin, ao participar do documentário interativo de realidade virtual “Dreams of Lebanon”. A jornada também me fez pensar sobre a importância do encontro entre o sensorial e emocional para gerar conexões profundas.

Trazendo essa percepção para o contexto do nosso mercado, provoco aqui a reflexão sobre como as empresas podem capitalizar a potência dessa união para criar experiências memoráveis e impactantes por meio de seus produtos e serviços.

Na era atual, com os consumidores massivamente expostos a uma saturação comercial, destacam-se as empresas que se adaptam constantemente às necessidades de seu público em mutação. Logo, a conexão via experiência de marca é estratégia primordial para estabelecer relacionamentos significativos.

A sexta edição do relatório “State of the Connected Customer”, da Salesforce, revelou que 66% dos consumidores creem que a maioria das companhias os tratam como um número, destacando a necessidade urgente de uma abordagem centrada no cliente. Aqui, a sensorialidade e a interação emocional são fundamentais. Na indústria de cosméticos, por exemplo, desde a textura de um produto até sua fragrância, cada detalhe deve ser meticulosamente pensado para não apenas satisfazer necessidades práticas, mas despertar sentimentos de bem-estar e satisfação.

Esse enfoque se baseia em compreender profundamente a perspectiva do público, inserindo-a no processo de inovação. Ao criar um produto, as marcas precisam contar com convicções embasadas em diálogos extensos com os consumidores, tornando a experiência do cliente elemento central no desenvolvimento de seus soluções e serviços.

No ano passado, trouxemos essa conexão no relançamento da nossa linha de produtos para cabelos crespos e cacheados. A nova fórmula foi cocriada juntamente com 80 mulheres com diferentes tipos de cachos, a fim de entregar a melhor solução para cada curvatura. A ação nasceu a partir de pesquisas nas redes sociais que reforçam a teoria de que as mulheres nunca estão satisfeitas com seus fios e, muitas vezes, destacam apenas pontos negativos. Trazê-las para a construção de um novo produto não só atendeu suas necessidades práticas, mas tocou em suas emoções e promoveu uma relação mais profunda com a marca.

Ainda falando em processos colaborativos para fomentar a inovação e a aproximação emocional com os consumidores, a geração Z é um público muito interessante, pois valoriza o autocuidado, a transparência e a responsabilidade ambiental e social, buscando marcas alinhadas com seus valores e estilo de vida. Também está ganhando um poder crescente no consumo e já é prioridades nas estratégias de muitas empresas. Logo, é preciso não apenas adaptar produtos, mas também seu posicionamento para estabelecer um diálogo autêntico com essa geração.

Fica claro que à medida que buscamos expandir nossa consciência e propósito como marca, é crucial reconhecer o poder da interação emocional e sensorial com o consumidor em todo esse processo. Ao se “transportar” para a realidade do cliente e integrar suas dimensões emocionais em novos produtos e serviços, as marcas podem não apenas satisfazer as necessidades práticas e funcionais, mas também criar conexões profundas que impulsionam o engajamento e a fidelidade do consumidor.

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