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Opinião

Explorando o uso criativo do som nas artes e mídias

School of Sound: um simpósio sobre som e um lugar onde podemos buscar inspiração e conhecimento para aplicarmos no nosso mercado


5 de maio de 2017 - 9h00

Nessa semana está acontecendo, em Londres, a 7a edição do School of Sound, um evento que é realizado a cada dois anos e idealizado pelos sound designers, Larry Sider e Diane Freeman, em 1998. É um dos principais do mercado de áudio e tem como propósito explorar o uso criativo do som nas artes e nas mídias.

Foto: Reprodução

Na edição deste ano estão presentes mais de 200 pessoas de 25 países, espectadores com conhecimentos de som diferentes e variados: pesquisadores, sound designers, artistas plásticos, diretores de teatro, estudantes, técnicos de gravação, professores, músicos, diretores de cinema, entre outros. Todos presentes no evento com o mesmo objetivo que é debater o pensar sonoro nas artes, principalmente nas artes audiovisuais. Como Larry disse, na cerimônia de abertura: “School of Sound é um lugar para o encontro de profissionais de som contemplarem o estado da arte”.

Cada edição do evento traz nomes importantes e respeitados do mercado, tanto com perfis de realizadores como acadêmicos. Profissionais como Walter Murch, Michel Chion, David Lynch, Randy Thom, Piers Plowright, Skip Lievsay, Mike Figgis, Laura Mulvey, Peter Kubelka, the Quay Brothers, Rick Altman, Nicolas Becker, Tomlinson Holman e muitos outros palestraram por aqui.

Alguns aspectos peculiares chamaram a minha atenção sobre o School Of Sound como evento. O primeiro é que a grande maioria dos palestrantes é maior de 60 anos. Profissionais que realmente têm uma carreira consolidada e muita experiência para compartilhar. O segundo aspecto é a quantidade de mulheres participando do evento. Apesar do nosso segmento ser dominado pelo gênero masculino, pelo menos 35% dos participantes, entre palestrantes e espectadores, são mulheres.

Mas o que mais me impressionou foi o fato de um simpósio que fala sobre som audiovisual ter tanta procura. Como profissional da área fiquei me questionando: Por que nunca fizemos algo similar em nosso país? Será que existem mais sound designers ou profissionais de som na Europa do que no Brasil? Será que é pelo fato desses eventos ter como participantes pessoas realmente importantes do assunto? Ou porque existem mais universidades de cinema e artes por aqui do que no Brasil?

Possivelmente seja um pouco de cada uma dessas questões, mas acredito que o principal fator para o sucesso de um evento sobre “Som e Arte” em Londres é uma questão especificamente cultural. Eles simplesmente valorizam mais o som como ferramenta dramática nas artes visuais do que nós. Aliás, não só nas artes, se importam muito com o som quase como um todo no seu cotidiano. Visitando a cidade pude reparar que eles se preocupam com o som ambiente de um shopping center ou de um aeroporto, estão sempre atentos com a qualidade de som do microfone do palestrante, com a qualidade e estética do som nos museus, eles pesquisam e desenvolvem som.

Eventos como esse refrescam nossa maneira de pensar sobre som, abordando temas puramente conceituais que são utilizados no dia a dia da produção artística. Neste evento ninguém fala em equipamentos ou técnicas de gravação ou demonstra um novo produto. Aqui se apresenta e se debate questões sobre estética, novas maneiras de usar e produzir som nas artes e nas mídias. Para exemplificar foram abordados temas como: “o quanto é real um documentário que usa o som hiper-realista”, “exercícios sonoros na preparação de atores de teatro”, “instalações sonoras nos últimos 10 anos”, “o processo criativo do filme “Notes On Blindness””, “pintura e som”, entre muitos outros.

O School of Sound com certeza é um lugar onde podemos buscar inspirações e conhecimento para aplicarmos diariamente no nosso mercado. Espero que um dia painéis sobre som e arte sejam incluídos com maior frequência em nossos eventos de comunicação, para assim começarmos a tatear sobre o tema e vermos o mercado audiovisual crescer na técnica e principalmente no pensar sonoro.

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