IA: desespero por redução de custos x conhecimento de benefícios
Não é preciso alarmes e desesperos, mas há um fenômeno absurdo, que preocupa: a explosão do número de gurus que dão palpites com o "chutômetro" ligado
IA: desespero por redução de custos x conhecimento de benefícios
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BuscarNão é preciso alarmes e desesperos, mas há um fenômeno absurdo, que preocupa: a explosão do número de gurus que dão palpites com o "chutômetro" ligado
A inteligência artificial (IA) existe há, pelo menos, 80 anos, com as redes neurais. O nome IA apareceu na década de 1950. Na prática, você convive com inteligência artificial desde o nascimento, só não tinha se dado conta. Sempre que a máquina consegue processar dados como se fosse um ser humano, isso é IA. Sabe aquela central telefônica insuportável, do tipo “aperte o 2 se quiser X, aperte o 3 se preferir Y”? É inteligência artificial. E aqueles bots chatos em WhatsApp que ficam respondendo automaticamente quando você quer um atendente humano? Também é IA.
Enfim, a novidade dos últimos 18 meses é a IA generativa (IAGen), desde o lançamento para o grande público do ChatGPT. Depois disso, uma série de ferramentas, lançadas pelos principais players, apareceram nas telas do dia a dia. E, claro, esse fenômeno só vai crescer, com máquinas substituindo humanos em tarefas em que isso pode acontecer. Na revolução industrial aconteceu a mesma coisa. Não é preciso alarmes e desesperos, mas há um fenômeno absurdo, que preocupa: a explosão do número de gurus que dão palpites com o “chutômetro” ligado, experts do apocalipse e da saída genial, como se tivessem um processador de IAGen no cérebro. Calma, pessoal. Muita calma. O quadro muda todos os dias, é humanamente impossível sair profetizando isso ou aquilo.
Há poucas verdades inquestionáveis no mundo do avanço da IA:
As máquinas vão substituir humanos em trabalhos burocráticos, que não necessitem criatividade e rapidez de decisão. Isso é muito positivo, afinal nada mais deprimente do que ficar carimbando papéis a vida inteira, sem pensar, sem exercitar a mente;
Se por um lado causará desemprego, por outro possibilitará que mais gente se dedique a novos negócios, utilizando o cérebro para atividades mais inovadoras;
A inteligência humana será cada vez mais necessária. É o grande diferencial entre os que veem a vida passar pela janela e os que vibram com cada passo para a frente.
Ainda que os gurus sejam pessimistas e recomendem, em geral, que executivos apostem tudo na automatização de processos, é preciso muita sabedoria na arte de fazer as máquinas trabalharem no lugar de um humano. Ou reforçar a necessidade de investir em sabedoria humana – algo que a IAGen não alcança, nem alcançará.
No mundo das empresas de comunicação, onde 99% faturam menos do que há dez anos, a IAGen está sendo comemorada. Mas não como uma forma de facilitar o trabalho de redação, de vendas, de distribuição, e sim como uma artimanha para reduzir custos fixos (leia-se corte de cabeças). Os executivos estão pressionando o pessoal de tecnologia para que surjam fórmulas mágicas de produção de textos via IAGen, por exemplo. E aí é onde mora o perigo:
Um dos problemas é a infinidade de experts receitando uso indiscriminado de IA como substituto de força humana. Não, não pode ser assim. O jornalismo é uma profissão criativa, o talento é o que diferencia um meio de outro. A IAGen não consegue chegar ao ponto de criatividade necessária para substituir talentos. Apesar do desespero dos executivos e das profecias dos gurus.
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