Marcas que conectam
Olhar para o bem-estar é o caminho para fidelizar consumidor, que demanda relações mais autênticas
Olhar para o bem-estar é o caminho para fidelizar consumidor, que demanda relações mais autênticas
11 de dezembro de 2023 - 13h00
Quem diria que, em um mundo tão conectado, sentiríamos falta exatamente de conexão? A vida começa nas relações, com familiares, amigos, colegas de trabalho e até com nós mesmos. Mas nos falta tempo para viver e construir essas relações, enquanto nos sobra ansiedade e horas presos diante de computadores e celulares. Se a pandemia trouxe aos consumidores maior consciência sobre seus hábitos de consumo e os impactos que causam no mundo, também intensificou a dependência tecnológica e o isolamento emocional.
Dados de pesquisa divulgada pela consultoria Mckinsey & Company, em 2021, já revelavam que 79% dos consumidores entrevistados consideravam o bem-estar importante, e para 42% o tema se tornou prioridade na hora de escolher produtos ou serviços. Desde então, o conceito vem sendo ampliado e ganha mais destaque à medida em que passamos a considerar não apenas a busca por melhor qualidade de vida do ponto de vista físico, mas também emocional e social e em nossa relação com o futuro do planeta. Em outra pesquisa recente, esta da Y’ALL, 38% dos consumidores mostraram ter melhor entendimento sobre seus valores e 31% se tornaram mais conscientes do que compram e dos motivos da compra.
As marcas desempenham um papel significativo na vida das pessoas, estando presentes em seu cotidiano. Para atender essas expectativas, muitas procuram construir ou atualizar suas narrativas de acordo com as tendências do mercado. Mas estabelecer uma relação verdadeira, forte e duradoura com o consumidor é um trabalho contínuo e mudar por mudar não contribui para a percepção de valor a longo prazo. É preciso estar atento à essência da marca, que representa a espinha dorsal da comunicação entre o propósito de seus produtos ou serviços e o consumidor.
Há algo de realmente especial em marcas que nascem com o viés de construir uma história e estabelecer relações. Essas narrativas não precisam ser perfeitas, mas precisam ser honestas e transparentes. Em um mundo onde as pessoas estão ávidas por conexões reais e significativas, marcas que se comunicam de forma autêntica e consistente conseguem criar laços emocionais profundos. Mas consistência não significa fazer tudo igual sempre, e sim coerência nas decisões de negócio, que impactam diretamente na construção da relação com o consumidor atualmente. Quando uma marca é capaz de se conectar emocionalmente com seus consumidores, torna-se mais do que apenas um fornecedor de produtos ou serviços, mas parte de sua história e vida.
À medida em que o cliente se torna mais consciente da sua procura pelo bem-estar e do impacto de suas escolhas, com a disseminação do conceito por trás da sigla ESG, a responsabilidade das marcas aumenta. Empresas vanguardistas têm o papel de guiar o futuro e mostrar novos caminhos. Mas em um mercado já tão saturado de pessoas dizendo o que devemos dizer, como devemos agir e o que precisamos comprar, é preciso ter o cuidado de não querer impor o que é certo ou errado, mas, sim, de propor reflexões, convidando os consumidores às possibilidades de um novo olhar sobre o mundo, transcendendo o senso comum. É dar um passo à frente, mesmo que para ir além seja preciso ajustar a narrativa.
O futuro do branding se mostra mais humano, refletindo o anseio por relações verdadeiras em um mundo que, por vezes, parece estar à beira da desconexão. As marcas podem atuar, portanto, como facilitadoras do encontro do consumidor com o seu bem-estar. Não apenas a partir dos benefícios de um produto, mas ao convidá-lo a questionar sobre a relação do bem-estar individual com o bem-estar das pessoas à sua volta, e, por consequência, da sociedade e do mundo.
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