Assinar

O começo do recomeço

Buscar
Publicidade
Opinião

O começo do recomeço

Precisaremos buscar em todo esse conhecimento adquirido nos meses mais duros da pandemia a força para superar a inevitável recessão econômica


9 de novembro de 2020 - 11h06

(Crédito: MF3d/ iStock)

Parece inacreditável, mas estamos, finalmente, entrando nos últimos meses deste 2020 tão difícil como inesperado. E, como em todo fim de ano, as esperanças de que a vida, o trabalho e o Brasil melhorem se renovam, desta vez com um grau de expectativa ainda mais elevado. Afinal, as notícias sobre os testes de uma vacina chinesa no País começam a chegar e vemos os estabelecimentos comerciais, parques, escolas e até cinemas voltando a abrir suas portas, seguindo diversos protocolos de saúde e segurança.

Ainda que as incertezas persistam, com notícias de uma segunda onda de Covid-19 se alastrando pela Europa, será que já podemos pensar no começo do recomeço? Eu acredito que, sob vários aspectos, sim. Venha como vier, 2021 nos encontrará mais maduros e aptos a lidar com os imprevistos, com práticas de trabalho remoto normatizadas e uma cultura digital muito mais difundida. Precisaremos buscar em todo esse conhecimento adquirido nos meses mais duros da pandemia a força para superar a inevitável recessão econômica.

De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a economia brasileira deve sofrer uma queda de 6% em 2020. Embora o número seja desolador, é melhor do que o da estimativa anterior, que indicava um tombo de 7,4%. O relatório Focus também melhorou levemente a expectativa de queda no nosso Produto Interno Bruto (PIB), que passou de –5,31% para –5,11%. Para 2021, a previsão é de crescimento de 3,5%.

Por trás da tendência de melhora dos números, há aquilo que todos sentimos no dia a dia de trabalho: a retomada dos investimentos em diferentes setores da economia. As empresas voltaram a produzir e a anunciar, o brasileiro voltou a consumir, talvez até como forma de compensar a demanda reprimida por tantos meses, a roda voltou a girar. Mas os efeitos colaterais da crise de saúde pública sobre a economia continuarão a ser sentidos ainda por bastante tempo.

Somos um País prioritariamente de micro e pequenos empreendedores: eles representam 99% dos nossos negócios e quase 30% do PIB, diz o Sebrae. E esse público, ainda que não faça parte do seleto grupo de grandes anunciantes do País, representa o cliente que esses anunciantes atendem. A dor deles é a dor de todos nós. E, convenhamos, ela não foi amena durante esses meses de pandemia.

Se ter um pequeno negócio em um País com tantos impostos e suscetibilidades socioeconômicas e políticas nunca foi fácil, neste período, a missão tornou-se, de fato, impossível para inúmeros micros, pequenos e até médios empresários. Ande pelas ruas e veja a quantidade de lojinhas e restaurantes que fecharam as portas.

O começo do recomeço pode ser exatamente por aí. Chegou a hora de transformarmos a onda de solidariedade que vivenciamos nos últimos tempos em impulso para a recuperação das pessoas e dos negócios mais afetados pela economia. Do ponto de vista corporativo, é o momento de pensar em novos modelos de negócios que façam sentido para apoiar aqueles que sofreram o maior baque em meio à crise.

Alguns exemplos já começam a aparecer mostrando que isso é possível. O próprio Grupo Publicis, onde atuo, lançou nos Estados Unidos o Pact, uma iniciativa que leva soluções de comunicação à camada mais fragilizada do empresariado. O pagamento pelo serviço só é efetivado se os resultados forem comprovados.

Com as devidas adequações à realidade brasileira, a era pós-Covid exige exatamente isso: que lancemos um novo olhar sobre a forma como trabalhamos e sejamos capazes de buscar saídas que prezem pela sustentabilidade financeira, não só nossa, não só dos nossos clientes, mas de todo um país que viu sua economia minguar. O primeiro passo para isso é assumirmos desde já a corresponsabilidade que temos por toda a indústria, com práticas mais inclusivas e relações de respeito entre os diferentes agentes do mercado. Partiu 2021?

*Crédito da foto no topo: iStock

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Quando menos é muito mais

    As agências independentes provam que escala não é sinônimo de relevância

  • Quando a publicidade vai parar de usar o regionalismo como cota?

    Não é só colocar um chimarrão na mão e um chapéu de couro na cabeça para fazer regionalismo