O humanocêntrico e a rebordosa
SXSW propicia uma semana de muito aprendizado tanto para quem foi como para quem ficou por aqui
SXSW propicia uma semana de muito aprendizado tanto para quem foi como para quem ficou por aqui
Um grande evento como o SXSW sempre divide opiniões, principalmente na timeline do Facebook, onde um terço dos amigos estava fotografando seus crachás – e muito generosos compartilhando ideias e insights desconcertantes. Tinha também um terço de amigos ressentidos – ou não – por não ter participado das palestras que viravam o mundo de ponta cabeça e, por fim, um terço que nem sabia o que acontecia por lá.
Focando nos dois primeiros terços de amigos, posso dizer que foi uma semana de muito aprendizado tanto para quem foi como para quem ficou por aqui. Só não leu, viu ou ouviu o material que foi produzido e compartilhado por lá quem não quis.
Mas o que mais me chamou a atenção foram os posts desesperados de quem estava voltando do evento e se perguntando “o que eu faço de errado?” ou “por que não aplicamos tudo aquilo aqui?”. As respostas esquentavam o assunto na minha timeline e concordei com uma em especial: “Se 1% dos posts virasse ideias relevantes, a propaganda estava garantida”.
De qualquer forma, tinha muita coisa boa e intrigante. Dei um copy-paste em muitos links para ver depois. Era tanta coisa para acompanhar que os grupos de WhatsApp não deram conta.
A agenda da semana não foi compatível com esse conteúdo todo, o dia a dia aqui ainda tinha que ser feito. Aqui as pessoas ainda não estavam querendo transformar o mundo nem estavam na velocidade insuportável das inovações, não trabalhávamos com os computadores quânticos.
Aqui as pessoas não estavam olhando para o outro, não estavam sendo “humanocêntricas”; aqui estava tudo igual, os prazos para se fazer os trabalhos praticamente não existiam.
Em Austin, a preocupação com o entorno era vital, lá se pensava no coletivo, a inteligência artificial era preocupação de filósofos.
Aqui ninguém queria mudar o mundo, lá todo mundo poderia mudá-lo. Aqui ainda sofríamos de ignorância, lá o aprendizado era para todos. Aqui estávamos resolvendo problemas, lá Elon Musk esnobava as soluções.
O SXSW acaba e deixa aquela sensação de Rebordosa. Mas ainda tenho fé no post do amigo que queria ver só 1% de mudança aplicado nos nossos trabalhos do dia a dia. Será muito chato ter que esperar o SXSW de 2019 para voltar a acreditar em um mundo melhor.
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