O que virais como as Lives NPC podem ensinar aos produtores de conteúdo?

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Opinião

O que virais como as Lives NPC podem ensinar aos produtores de conteúdo?

A ideia é imitar o comportamento dos NPCs (Non-Playable Characters), personagens secundários conhecidos pelas falas e movimentos repetitivos nos jogos


25 de outubro de 2023 - 14h00

Recentemente o TikTok foi palco de mais uma polêmica que dividiu opiniões na internet. As chamadas lives NPC geraram debates que apontam até para um certo conflito entre gerações, isto é, uma incompreensão e perplexidade entre um público mais jovem, nativo digital, e o público mais velho que, embora marque importante presença nas redes sociais, construiu sua visão de mundo em canais offline.

Esse formato de live se popularizou bastante em 2023. A ideia é imitar o comportamento dos NPCs (Non-Playable Characters), personagens secundários conhecidos pelas falas e movimentos repetitivos nos jogos. Nas lives, os criadores de conteúdo se caracterizam como NPCs e fazem movimentos repetitivos, que correspondem ou geram uma reação aos emojis enviados pelo seu público e equivalem a doações em dinheiro. As lives se espalharam rapidamente por meio de cortes de vídeos no mínimo curiosos. Mas, por que é mais fácil zombar do que tentar compreender a tendência ou obter algum benefício dela?

Sem dúvidas, as críticas duras e ridicularizações acabaram por ajudar na viralização da tendência. Esses tipos de conteúdo se destacam porque geram engajamento, têm um caráter excêntrico e produzem humor, furando a bolha da geração Z, que é o público principal de plataformas como TikTok. Outro aspecto fundamental para entender o potencial viral das lives é a monetização das interações, ou seja, a possibilidade de transformar o engajamento do público em dinheiro.

Seja para tirar onda do fenômeno, para chamar a atenção a um assunto ou mesmo para testar a estratégia, a live NPC virou tendência. Mais do que isso, numa simples brincadeira, o influenciador digital Felca demonstrou que a live que simula personagens robóticos gerou uma impressionante remuneração de R$ 31 mil.

Criadores de conteúdo dificilmente conseguem alcançar tão rapidamente quantias tão altas, porque, na maioria das vezes, as plataformas remuneram os creators de acordo com quantidade de visualizações do canal e constância de postagens. Somando a isso o fato de que a live não demanda recursos elaborados ou edição, dá para entender porque tanta gente entrou na onda nas últimas semanas.

Mas o que isso pode ensinar aos criadores de conteúdo? Costumo dizer que, se não quebra nenhuma regra nem machuca as pessoas, por que não aproveitar o meme? Quem se jogou de cabeça no personagem conseguiu pelo menos divertir seus seguidores com a caracterização. Em outros casos, dentro e fora do Brasil, teve creators embolsando quantias na casa dos milhares de dólares. Isto significa que agora devemos apenas produzir conteúdos como lives NPC? É claro que não.

Como é comum nas redes, trata-se de um fenômeno passageiro que atinge um ponto de saturação muito rápido. As pessoas logo se cansam do formato e as próprias plataformas podem contribuir para enfraquecer o conteúdo viral. Conforme já foi noticiado, o TikTok mesmo já restringiu o alcance destas lives com a intenção de pluralizar conteúdos mais autênticos exibidos em sua plataforma, e não perder os demais públicos ali inscritos.

Quando surge uma tendência como essa, um produtor de conteúdo não deve, necessariamente, adotar a novidade a qualquer custo. Se o seu público e o seu canal estão voltados para conteúdos mais profundos, por exemplo, dá para aproveitar o movimento para se conectar com os seguidores, seja de um jeito crítico ou mais bem-humorado. Até mesmo algumas empresas e organizações começaram a fazer referências às lives NPC, pegando carona no assunto do momento.

E como as marcas podem aproveitar esse tipo de tendência? Isto sempre dependerá do público-alvo. Seria possível bolar uma campanha criativa para as redes sociais fazendo uso dessas tendências? Poderia ser interessante para uma marca de games e periféricos, por exemplo, que não precisaria ficar explicando a referência para os seguidores. Outra ideia interessante é relacionar os produtos da empresa aos emojis e reações mais usados nas lives NPC, como milk shakes, flores, doces, entre outros itens.

Voltando ao contexto dos criadores de conteúdo, será que ainda vale a pena apostar neste segmento? O fato é que, embora sofra seus altos e baixos, a chamada creator economy ou mercado dos criadores digitais chegou para ficar. Desde 2018, o interesse dos brasileiros pela carreira de influenciador digital aumentou 100%, segundo pesquisas do Google Trends. Em 2023, um estudo da Husky identificou que existem 4x mais creators que ganham dinheiro com conteúdo na internet do que havia em 2021. Estamos falando de um mercado global que poderá duplicar de tamanho nos próximos cinco anos, indo dos 250 bilhões de dólares atuais para 480 bilhões até 2027.

As lives NPC explodiram na internet principalmente por conta de influenciadores que começaram a monetizar de verdade com as transmissões ao vivo. Como toda oportunidade de ganhar dinheiro com o próprio conteúdo, a remuneração pelos vídeos encheu os olhos da galera que cria conteúdo para redes sociais e até os que estão tentando se consolidar nesse meio.

Porém, como não existe ganho que venha da noite para o dia, vale relembrar que o influenciador Felca, um dos mais comentados pelos ganhos de R$31 mil, já tinha um público consolidado e fiel, o que impulsionou a viralização de seus vídeos. Por mais que tenha sido divertido acompanhar a febre dos NPCs da vida real nas últimas semanas, é importante saber que a forma mais garantida de ter sucesso como creator é ter uma rotina consistente na criação de conteúdo. Nem sempre o resultado será viral, mas em plataformas como o YouTube e a Twitch, por exemplo, que remuneram em dólar, o segredo para acumular os ganhos é acumular primeiro seguidores interessados no que você tem a dizer, mesmo que o início da jornada seja repleto de incertezas. Se existe um aprendizado sobre as lives NPC, é que há sempre um caminho a ser percorrido, mas, no vasto universo da creator economy, uma cabeça criativa e um celular na mão muitas vezes são suficientes para começar.

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