Assinar

Publicitários, precisamos voltar a falar de vendas

Buscar

Publicitários, precisamos voltar a falar de vendas

Buscar
Publicidade
Opinião

Publicitários, precisamos voltar a falar de vendas

Viramos as costas para a Madison e corremos para o Vale, como se uma devesse apagar a outra


19 de setembro de 2017 - 18h48

Antes de ser inovador, um bom publicitário precisa ser vendedor. Mais ainda, acredito que ser criativo só se justifica se for para sermos mais vendedores. Essa é a nossa indústria. Se não gostou, não seja um publicitário. Temos de entender que toda vez que não falamos de vendas a nossa indústria perde valor. Ficamos rodando atrás de um discurso que não é a nossa essência. É por isso que temos essa sensação de estar “perdendo batalhas”.

Estamos preocupados em falar o tempo todo só sobre tecnologia, que não é nosso background. Nós utilizamos tecnologia sim, precisamos da tecnologia. Porque é nossa ferramenta de trabalho, um meio, uma via, não por ser o nosso diferencial. Como publicitária, antes de saber quais ferramentas Leonardo da Vinci usava, quero saber sobre as suas ideias, de onde veio a inspiração e como ajudaram a revolucionar o mundo. Antes de saber qual programa Rémi Babinet usou para editar seus lindos filmes, quero saber da maravilhosa transformação que ele trouxe para as marcas que atende.

Falamos sobre “missão”, mas estamos lidando, na maioria das vezes, apenas com o marketing, e não com as questões da marca e da alta gestão da empresa. Por que, se a nossa principal missão é vender? Isso diz respeito à empresa como um todo, à sua própria sustentabilidade como negócio. Falamos tanto sobre as consultorias competindo pelas mesmas verbas que nós, como se não fôssemos uma consultoria. Veja como “consultoria” é definida pelo Dicionário Aurélio: “atividade ou cargo de consultor ou de quem dá pareceres e trata de assuntos técnicos da sua especialidade”. Não é isso que fazemos todos os dias?

Comparativamente a outros negócios, podemos dizer que agência é uma mistura de arte e ciência, o que resulta em agências de diferentes temperamentos, como podemos exemplificar no confronto de ideias entre David Ogilvy e Bill Bernbach. Um falava sobre argumentação e pesquisa e o outro, sobre argumentação e arte. Quem tinha razão? Os dois! Mas o objetivo final de ambos era o mesmo, prestar um único e exclusivo serviço para seus clientes: vender. Vender mais e melhor. E antes que alguém ache que vender é só “transacionar”, devo lembrá­los que vender é argumentar. Construir marcas também é vender.

Por isso, fico refletindo quando vejo publicitários “se vendendo” repetidamente por meio de ferramentas, e não pela velha e boa arte de vender.

Viramos as costas para a Madison e corremos para o Vale, como se uma devesse apagar a outra. Sou adepta e valorizo a tecnologia, pois ela também nos inspira novas ideias. Que segmento pode trabalhar hoje sem o uso intensivo de tecnologia e dados, da maneira mais adequada possível a exponencializar o seu negócio? Mas nada substituirá a arte de encantar, engajar, seduzir, convencer, vender.

Nosso papel é ajudar empresas que queiram cultivar suas marcas por meio da reverberação cultural proporcionada pelo mundo em rede, interconectado, ouvindo e se aprimorando quase em tempo real. Para ter sucesso, é preciso interpretar a teia de significados em que as pessoas se inserem. Elas, naturalmente, buscarão identificação nos discursos enunciados pelas marcas.

Nós somos os especialistas em estabelecer essas conexões culturais que são valiosas e duradouras. Falamos tanto de modelo de negócio como se o que estivesse errado fosse o modelo de negócio. Se tem algo errado com o modelo, é que insistem em querer separar o nosso. Um modelo autenticamente brasileiro. Criativo por ser brasileiro. O único no mundo em que criação e canais estão unidas debaixo do mesmo teto. Levando criatividade aos meios e dados à criatividade. Que outro país conseguiu fazer isso com tanta competência? Hoje somos vistos com curiosidade pelo mundo inteiro, porque fizemos décadas antes o que todo mundo está querendo fazer agora.

Enfim, falamos muito de tudo, mas pouco sobre a arte de vender. Por isso, quero falar agora: 1) Você tem de entender tudo sobre o negócio do seu cliente. 2) Você tem de entender sobre negócio. 3) Você tem de entender tudo sobre o marketing e o trade do seu cliente. 4) Você tem de entender sobre marketing e trade. 5) Você tem de entender tudo sobre comunicação e publicidade. Lembrando-­se que publicidade é a arte de vender, de argumentar. 6) Você tem de entender como a tecnologia pode ajudar a alavancar resultados para o seu cliente. 7) Você tem de entender como a tecnologia pode ajudar a alavancar resultados pro seu negócio. 8) Saiba como aumentar as vendas, e aumentar os lucros do seu cliente. 9) Saiba como aumentar as vendas, e aumentar os seus lucros.

Publicitários, precisamos voltar a falar de vendas. E, por favor, façam publicidade da publicidade.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Quando menos é muito mais

    As agências independentes provam que escala não é sinônimo de relevância

  • Quando a publicidade vai parar de usar o regionalismo como cota?

    Não é só colocar um chimarrão na mão e um chapéu de couro na cabeça para fazer regionalismo