Sobre amor, paixão e plataformas
Como, para o mercado publicitário, o futebol se tornou muito mais que um esporte
Como, para o mercado publicitário, o futebol se tornou muito mais que um esporte
O coração humano não aceita analytics. Tags que controlam sístoles e diástoles podem evidenciar arritmias, mas passam longe da gênese do amor. Isso porque a base emocional de dados de cada indivíduo tem métricas próprias e, não raro, únicas — seriam necessários bilhões de versões de uma mesma plataforma para se ter uma cobertura real e completa do assunto. Tudo bem — todos já vimos dashboards categorizando sentimentos e expressões emocionais aqui. Só que não é disso que estamos tratando: o ponto central é entender o que faz cada ser se apaixonar, com motivos e razões. Mais do que uma bela questão, essa é uma questão bela em todos os sentidos: torna a vida mais saborosa e segue, mesmo em meio à revolução dos dados, dispensando algoritmos.
No país do futebol, o que explicaria (ou tentaria explicar) a paixão por esse esporte? Nelson Rodrigues, quando ia ao Maracanã, deixava claro que a bola era um “reles e ridículo detalhe”. O drama, a tragédia e o êxtase que o esporte provocava nas massas era o que fazia o espetáculo. Bem, de Nelson para cá uma infinidade de estudos envolvendo historiadores, antropólogos, geógrafos e estatísticos se propuseram a explicar os motivos dessa paixão que se tornou sinônimo de Brasil mundo afora. Independentemente de vertentes explicativas, um padrão de comportamento é extraído disso tudo: o engajamento do público com o universo da bola.
Estar engajado em algo — alinhado a um propósito ou causa, disponibilizando tempo e energia para o alcance de um objetivo — faz toda a diferença, qualquer que seja o cenário. Em termos profissionais, pessoais, em causas sociais ou mesmo no esporte, o engajamento é o grito interno que transforma vontade em ação — é o diferencial que move as engrenagens de processos e torna práticas as ideias e intenções. A torcida, no caso do futebol, é o exemplo clássico de um grupo engajado. Chuva ou sol, frio ou calor são preocupações secundárias quando o assunto é ver um bom jogo. Distância a percorrer, filas e trânsito passam a ter menor grau de importância. O fenômeno é tamanho que mesmo comportamentos sociais, como a união de amigos e familiares para acompanhar os jogos juntos se tornam aspectos culturais do País.
É exatamente por isso que, em termos midiáticos, surfar a “onda futebolística” rende muito. Quanto mais o tempo passa, mais a mídia se assemelha a uma aplicação financeira: o ROI é inquestionavelmente o ponto a ser examinado e não existe mais espaço, em um cenário de concorrência abrupta pela atenção do consumidor, para inserções que não gerem o impacto e o engajamento necessários no público-alvo.
Dentro desse contexto, o futebol pode ser considerado muito mais que um esporte: é, de fato, uma plataforma dentro da qual se torna possível mais do que somente anunciar. Com o conteúdo cada vez mais diversificado entre diferentes dispositivos, com câmeras por todos os ângulos e aplicativos convidando o público a criar times próprios, conversar com clusters específicos explorando diferentes temas se torna muito mais fácil. Falar com todos e ao mesmo tempo com cada um são ações hoje práticas e reais — e, já que o assunto é tão interessante, o nível de engajamento se mantém bastante alto.
Em meio a um cenário macroeconômico peculiar, entrar em campo para ganhar é mandatório — e essa é a direção ideal para o awareness com retorno, numa via em que muitos ainda se questionam para onde ir.
Compartilhe
Veja também
Inteligências compartilhadas
Com recorde de público, ProXXIma debate inovação nas estratégias, nos ambientes corporativos e nas posturas profissionais sob diversos pontos de vista, dividindo conhecimento e abrindo espaço para novas conexões
Como a omnicanalidade molda o consumo em skincare
Evolução geral da categoria fez o diferencial migrar do campo do produto para o da experiência