Pyr Marcondes
10 de março de 2019 - 18h05
Se você quiser ler um excelente resumo do que foi a palestra da blockbuster Amy Webb aqui no SXSW, clica neste link, e leia a reportagem da Karina Balan Julio no site de cobertura do Meio & Mensagem.
Se você quer ler na íntegra o estudo Tech Trends 2019, produzido pelo Future Today Institute, da Amy, e que em aprte ela apresentou em sua palestra, clica neste link.
Se você quer ter uma ideia geral do que fala o novo livro da Amy, do qual ela fez evento de lançamento aqui na hora do almoço, clica neste link, que vai te levar a um post que escrevei sobre ele no início do SXSW (ainda não terminei a leitura, mas voltarei ao livro assim que terminar e divido com você … adianto que é uma obra para não se perder).
Agora, se você quer refletir um pouco aqui comigo sobre os sinais que a Amy vem emitindo em seus trabalhos recentemente, incluindo aí a palestra de hoje, o livro, bem como, obviamente, todos os mais atuais estudos do seu Instituto, vamos nessa.
Ela se cansa de dizer que não faz previsões, faz conexões. E que há já hoje sinais em todas as partes do que pode vir a acontecer no futuro próximo. Ela conecta esses sonais e tira suas conclusões, com base em dados, muitos dados. Faz projeções de até 50 anos. Mas o clássico são suas estimativas de tendências para os próximos 10, 15 anos.
Ela conecta pontos e mais pontos de pesquisas e mais pesquisas que suas equipes elaboram, com uma profundidade hoje mundialmente inigualável em sua área de atuação, e traz à luz uma potencial realidade que irá se configurar no tempo.
Pois seus sinais sobre os sinais que percebe do futuro não tem sido, digamos, estimulantes.
Na palestra, abordou dois principais âmbitos do Tech Trends 2019: biotecnologia e automação doméstica.
No primeiro, mostra como a manipulação genética e de dados biométricos pode nos levar a grandes e fantásticas descobertas que mudarão nossas vidas para melhor, mas também como o domínio dessa mesma manipulação genética e desses mesmos dados por gente com merda na cabeça pode gerar resultados lamentáveis e arrasadores.
Para cada tendência, ela dá um peso. A probabilidade de que a manipulação de genes e dados biométricos só nos traga coisas boas é de 10%. A probabilidade de que tenha uma evolução neutra é de 50%. E a de que seja um desastre, é de 40%.
Para mim, 40% é alarmante! Esses números indicam o seguinte: gente poderosa e inescrupulosa, em algum laboratório altamente qualificado, ou em vários, vai produzir aberrações. Pronto. Não é necessário que todos os laboratórios de genética do mundo se bandeiem para o lado do mal, basta alguns, por exemplo, na China, onde, ela nos mostrou, a manipulação genética está altamente avançada e já tem cientista chinês doidão produzindo gente de laboratório. E dados biométricos igualmente manipulados estão sendo analisados para controlar a população.
A segunda tendência é nossa casa virar um antro de sensores de todo tipo, que ajudam nossa vida de maneira útil e cômoda, em tempo real e com alta acuracidade, por um lado, mas que podem ser também, na prática, pontos neurais de uma rede de controle de nosso convívio doméstico.
Há umas semanas pensei em escrever um texto que iria ter um título tipo … A próxima invasão de privacidade vai ser dentro da sua casa. É isso. Ela mostrou aqui.
Não escrevei porque vinha eu já numa série de artigo apavorantes sobre nosso futuro e decidi tirar o pé. Agora, a Amy me deu o gancho e lá vou eu, de novo.
Vai acontecer exatamente isso, coração. Nossa casa, se entrarmos de cabeça e sem informação e consciência na onda dos gadgets conectados (tá começando com aparelhos como Alexa, mas vai bem mais longe rapidamente), ela vai se transformar num bunker de vigilância e controle remoto de nossos dados de comportamento pessoal, de toda a família, aliás.
Sensores biométricos e de captação de dados vão ler nossos sentimentos, escanear nosso rosto, analisar nossa voz e nossos gestos, o consumo de bens do lar, os hábitos e horários familiares, enfim, tudo da intimidade da nossa casa.
Probabilidade disso acontecer, não sou eu quem diz, é a Amy: 70%. E sou eu o alarmista!
“Privacy is dead” é a frase da palestra dela. Isso vai se dar pela via do controle de dados pessoais (muitos facilmente captáveis no ambiente digital da internet) e de comportamento, dos nossos sentimentos e sensações. Até nossos ossos podem ser escaneados a distância (ela mostrou isso) sem que sequer saibamos.
Dados arrancados de nós e de nossas vidas, igualmente sem que tenhamos a menor ideia, já são de posse de quem nem temos ideia que seja.
Se for para o bem, ótimo. Tô nessa.
Mas desculpe, não estou tão certo assim das boas intenções de quem colhe dados meus sem que eu saiba, não me conta e usa como quer. Concorda?
Não concorda?
Bom, espero, como sempre que faço esse tipo de análise e previsão escandalosa, que eu esteja absolutamente errado.
Meu ponto aqui é um só: e se eu e a Amy estivermos certos?
Vai pensando aí e depois me diz a que conclusão chegou.