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TV e Internet: era briga, lembra? Pois será amor eterno.

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Blog do Pyr

TV e Internet: era briga, lembra? Pois será amor eterno.

TV e internet viverão um futuro comum e unificado em poucos anos, a ponto de não sabermos mais o que é o que. Inevitável e bom para toda a indústria.


17 de janeiro de 2018 - 7h40

 

Quem não nasceu ontem como eu lembra que parte relevante das empresas de TV aqui no Brasil e mundo afora manifestavam, em algum momento já nos anos 2000, declarada aversão a internet. Entendiam-na como um veículo de comunicação concorrente e, de certa forma, intrusivo no mercado da propaganda, porque chegava com novas lógicas de negócio e formatos de publicidade totalmente novos e desconhecidos. E também porque já chegava arregaçando e roubando verbas de mídia de todos os players de mercado, TV inclusa.

O tempo, ah, o tempo. Ele passa. E, para o bem ou para o mal, ele realinha nossas vidas e a história, sempre a nossa revelia.

Com o tempo, empresários e executivos de TV perceberem que a internet não é bem um canal de mídia. É um mundo dentro do mundo, enorme, planetário, bem maior do que um canal de comunicação. E isso não foi considerado nada bom (hoje a conclusão seria totalmente outra, mas conto isso mais pra frente). Perceberam também que a internet viria a propor lógicas digitais de comercialização de mídia que continham assertividade, velocidade e rentabilidade em proporções que outros meios não conseguiam, TV inclusa. E, finalmente, que a internet tinha uma coisa chamada vídeo digital, que fazia frente à TV no seu coração, que são as imagens em movimento. Ou seja, o Demo em forma de plataforma digital. Vade retrum!

Mas o tempo, ah, o tempo, foi passando, e aí os empresários e executivos de TV (não todos, é bem verdade), foram percebendo que o fato da internet não ser apenas um canal de comunicação e mídia, mas todo um ecossistema tecnológico de múltiplas possibilidades, permitiria que também os conteúdos de TV pudessem ser distribuídos por ela. E que até mesmo a dinâmica automatizada de comercialização, que atende pela alcunha de programática, poderia ser utilizada para a comercialização de espaços publicitários da TV. E que, então, o fato dela permitir a distribuição de conteúdos de vídeo online poderia ser bom e não, necessariamente, apenas ruim. Bastava achar a estratégia certa.

Pois na última semana, o Grupo DAN divulgou um estudo sobre os investimentos em mídia no mundo, Brasil no meio, dando conta de que os aportes em internet vão superar mundialmente, pela primeira vez, os investimentos feitos em TV. É, sem dúvida, um marco histórico. Num primeiro olhar, ruim para a TV. Só que não.

Em minha modesta opinião, aponta em verdade para uma enoooorme oportunidade para a TV e para uma tendência que, de novo em minha opinião, será inexorável: TV e internet serão uma coisa só, num tempo mais curto do que você e eu possamos imaginar.

O tempo, ah, o tempo.

De novo, ele vai seguir passando, e as lideranças da TV, no Brasil e no mundo, irão finalmente entender que a digitalidade não é um canal, nem um meio em si, mas a condição necessária de todas as coisas. E que a internet, entenda-se aqui toda a rede integrada não só de computadores e celulares, mas também toda a infra tecnológica que permeia a web e é permeada por ela – na verdade, viabilizada por ela – é um arsenal gigantesco que vai AMPLIAR o poder de distribuição e penetração da TV. E não o contrário.

E que os tais vídeos demoníacos serão a própria TV, ela mesma. E que isso será não só ótimo, como, aliás, a única coisa possível.

Entendo que o estudo do DAN, digamos, em 5 anos, talvez tenha dificuldade de mapear se os investimentos em uma campanha online devam ser alocados na internet ou na TV. Não vai  ser possível separar claramente uma coisa da outra.

Abel Reis, CEO da Dentsu Aegis Network e da Isobar América Latina, concorda em parte: “Acho que TV a cabo e Internet vão convergir muito mais rapidamente do que Internet e TV aberta. No primeiro caso, a natureza do conteúdo e sua dinâmica de consumo on demand forçará a convergência para breve. No segundo caso, seja por questões regulatórias, tecnológicas (nosso padrão de TV digital não privilegia a interatividade) e também mercadológicas, acho que as plataformas seguirão independentes, mas com forte complementaridade – o que para agências e anunciantes abre um espaço excepcional de oportunidades criativas e de mídia”.

O motivo que levou os organizadores de Cannes a retirar a categoria Cyber do Festival é a mesma que vai obrigar a quem quiser mensurar investimentos em TV e internet a, quem sabe, fazer o mesmo: unir as duas categorias numa só.

Cyber deixou de existir como categoria porque Cyber está em tudo.

A TV também estará em tudo. Só que com o codinome de internet.

Ah, não vamos nem perceber. E, em pouco tempo, nem falar mais sobre esse assunto.

TV e internet terão se casado. E viverão felizes para sempre.

 

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