ProXXIma e Alexandre Machado
11 de setembro de 2018 - 6h27
Por Alexandre Machado (*)
A última semana de trabalho foi marcada pelo 4o Latam Retail Show, mais completo evento da América Latina voltado ao mercado varejista e que reuniu importantes líderes. Juntos, eles discutiram como superar as barreiras do presente e do futuro do varejo e consumo. No painel que moderei o tema central foi RENOVAÇÃO (E NÃO INOVAÇÃO) para aumentar a eficiência operacional e fazer “mais com menos”.
O resultado após dezenas de palestras, casos de sucesso, troca de experiências e networking foi muito positivo.
Mas o que quero trazer neste artigo é a continuidade do tema eficiência operacional, com destaque aos novos modelos de gestão e estruturas organizacionais modernas e prontas para agir rapidamente e atingir os objetivos dos negócios.
O fato é que vivemos um momento de transformação nas empresas, de transformação ágil e principalmente de convergência. Ao invés de uma organização concebida como máquina, uma organização ágil, como um organismo vivo. Sem espaço para o modelo tradicional fundamentado na hierarquia top down, controles e burocracia. Estamos falando de organizações onde lideranças, nos modelos mais modernos, possuem foco na estrutura ideal de trabalho e em criar valor para os consumidores. E esses times são constituídos para terem uma visão e atuação de ponta a ponta dos processos.
Essa transformação segue alguns princípios da metodologia “Agile”. Essa metodologia surgiu nos projetos de desenvolvimento de softwares. O objetivo principal é trazer os benefícios ágeis em gestão de projetos para a administração da empresa e assim responder rapidamente as mudanças que são exigidas pelo mercado e pelos consumidores.
Existe até um manifesto com valores fundamentais dessa metodologia, onde:
1. Os indivíduos e relações devem ser priorizados em relação aos procedimentos e ferramentas;
2. O funcionamento é mais importante que documentação ou regras abrangentes;
3. A colaboração e relacionamento com os clientes são mais importantes que contratos;
4. A capacidade de resposta às mudanças está acima de um plano pré-estabelecido.
Para nós esses valores fundamentais impactam basicamente em modelo de gestão, processos e indicadores de desempenho, que de longe são os conhecidos e habituais. Podemos traduzir as características da transformação ágil em:
• Estratégias como ponto de partida para atender de maneira surpreendente o consumidor e suas necessidades criando valor, ou seja, focadas nas necessidades do cliente e não em áreas ou departamentos;
• Modelo de gestão processual, ou seja, orientado a processos e não departamentalizado. Com processos eficientes, ágeis e simples de ponta a ponta (P2P);
• Grupos multifuncionais de tarefas e com hierarquia mínima. Os chamados squads (pelotões), que são células autônomas;
• Empoderamento das pessoas permitindo agilidade na tomada de decisão e resolução de problemas;
• Estratégias de engajamento de pessoas e não de controle;
• Valores compartilhados;
• Indicadores alinhados a estratégia da organização controlando o que realmente importa.
Em dezembro de 2017, foi desenvolvida uma pesquisa ao redor do mundo (12th annual State of Agile survey) com mais de 1400 empresas que adotaram a metodologia. O objetivo era identificar o “estado Agile” que a empresa se encontra. A conclusão é que as organizações estão percebendo os benefícios que elas se propuseram ao adotar a metodologia. Os entrevistados da pesquisa também relatam as razões para adoção e os benefícios da adoção. Vejamos quadro abaixo:
RAZÕES PARA ADOÇÃO:
75% Acelerar a entrega de trabalhos
64% Gerenciar mudanças e prioridades
55% Aumentar a produtividade da equipe
49% Melhorar alinhamento entre áreas
46% Incrementar a qualidade da entrega |
BENEFÍCIOS DA ADOÇÃO:
71% Gerenciamento das prioridades
66% Visibilidade da execução dos trabalhos
65% Alinhamento entre áreas
62% Velocidade de entrega
61% Produtividade da equipe |
É reconhecida necessidade de acelerar a velocidade de entregas de trabalhos com alta qualidade e a ênfase na satisfação do cliente. Isso exigirá ajuste na cultura organizacional, habilidades das equipes e ferramentas para permitir a gestão e medição de todo o fluxo.
Neste sentido, os KPIs (indicadores de performance) e respectivas metas merecem um pouco mais de detalhes, pois são essenciais para controlar essa revolução na gestão, bem como conecta-la com a estratégia da empresa. A tradicional metodologia para definir KPIs chamada SMART –Specific, Measurable, Attainable, Relevant e Time-bound – na tradução para o português: específico, mensurável, atingível, relevante e com prazo definido para realização.
Existem mudanças também nos tradicionais painéis de controle. Onde a gestão à vista é mandatória e o mais importante, em tempo real.
Especificamente no varejo e impulsionado pela omnicanalidade, os tradicionais indicadores estão sendo substituídos por novos. Que passam pelo nível de satisfação dos clientes até experiências em loja por metro quadrado. Ou seja, a transformação já é uma realidade.
E a pergunta que não quer calar: Sua empresa está pronta para se tornar “Agile” ou vai esperar a concorrência sair na frente?
(*) Alexandre Machado é sócio-diretor da GS&Consult,