Aos 10 anos, Cubo amplia rede na América Latina
Iniciativa do Itaú vê o setor de inovação mais amadurecido e quer fortalecer ainda mais conexões internacionais

Conheça mais sobre o Cubo Itaú, ecossistema de inovação do Itaú (Crédito: Divulgação)
Inaugurado em setembro de 2015 pelo Itaú Unibanco, em parceria com a Redpoint Eventures, o Cubo Itaú é uma organização sem fins lucrativos que tem como propósito potencializar a conexão e a geração de negócios entre grandes empresas, startups e investidores focado na América Latina.
Ao longo desse período, mais de mil startups já passaram pelo espaço, que também transformou seu propósito. Antes voltado diretamente a impulsionar o ecosssistema de inovação no Brasil, o Cubo, hoje, já abriga startups mais maduras, com propostas mais orientadas a solucionar problemas práticos da sociedade, em uma clara evolução do setor.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, o CEO do Cubo, Paulo Costa, reflete sobre a trajetória da iniciativa, que completa dez anos em 2025, fala sobre os planos de expansão internacional e antecipa os próximos passos do hub.
Meio & Mensagem: Como o Cubo evoluiu desde sua fundação e como se posiciona hoje dentro do ecossistema de inovação do País?
Paulo Costa: O Cubo Itaú nasceu com a proposta de impulsionar o empreendedorismo tecnológico no Brasil em um momento em que o ecossistema nacional ainda estava no início de seu desenvolvimento. De lá para cá, evoluímos de um hub físico de startups para um ecossistema de inovação latino-americano que conecta empreendedores, grandes empresas, investidores e academia em torno de um mesmo propósito: gerar impacto positivo e resultados reais para a sociedade.
M&M: Quantas startups já passaram pelo Cubo e o que mudou no perfil das que buscam o hub atualmente?
Costa: Mais de mil startups já passaram pelo Cubo ao longo da última década. No início, o foco era o desenvolvimento do ecossistema de inovação brasileiro e a consolidação de modelos de negócio escaláveis. Hoje, o perfil das startups que nos procuram reflete um mercado mais maduro, orientado a resultados, resolver problemas reais da sociedade, impacto, ESG e tecnologia aplicada. Temos observado um crescimento expressivo de deep techs, soluções baseadas em inteligência artificial, dados e sustentabilidade, e empreendedores que buscam não apenas escala, mas também relevância e propósito.
M&M: Quais foram os principais resultados alcançados nessa trajetória?
Costa: Em 2024, as startups atingiram um faturamento conjunto de R$ 10 bilhões, crescimento superior a 40% em relação a 2023, segundo o Selo Cubo, nosso principal levantamento anual. Essas empresas também são responsáveis por mais de 27 mil empregos diretos e estão à frente de soluções que vão de inclusão financeira à saúde digital, de eficiência energética à mobilidade urbana.
M&M: Quais áreas ou setores têm se destacado?
Costa: Hoje temos mais de 20 setores representados entre as startups do Cubo. Vale destacar especialmente os segmentos em que temos hubs dedicados, como energia, saúde, educação, financeiro, ESG e agronegócio. Além disso, temos as deep techs, que vêm ganhando espaço e gerando oportunidades relevantes em setores-chave como agronegócio, saúde e indústria, e também um crescimento expressivo em startups voltadas à cibersegurança e, claro, à inteligência artificial.
M&M: Há algum projeto ou iniciativa que tenha marcado esses 10 anos de atuação?
Costa: Uma das mais simbólicas para nós é o Cubo Conecta. Também destacamos os projetos voltados a ESG e inclusão, além das parcerias estratégicas que expandiram nossa presença para além do Brasil, como a abertura de um espaço em Montevidéu, no Uruguai, com o objetivo de criar mais um ponto de contato com empreendedores tecnológicos da América Latina. Mais recentemente, inauguramos a Casa Cubo Amazônia, em Belém (PA), e lançamos o Deep Techs for Industry Decarbonization (D4iD), programa inédito que mapeia e impulsiona startups de base científica voltadas à descarbonização da indústria brasileira. Além disso, realizamos, em parceria com o Itaú Unibanco, a São Paulo Climate Week.
M&M: Quais são os principais desafios de manter um ambiente de inovação ativo e relevante por tanto tempo?
Costa: Inovação exige movimento constante. O maior desafio é estar atento às mudanças em um cenário em que as tecnologias e as dinâmicas de mercado se transformam rapidamente. Manter-se relevante também passa por escutar o ecossistema, identificar novas tendências e provocar debates sobre o futuro, sem perder a essência: gerar negócios e impacto positivo.
M&M: Como o Cubo pretende se manter competitivo diante de novos hubs e programas de inovação?
Costa: Competitividade, para nós, é sinônimo de colaboração e propósito. Inclusive, dentro da nossa própria comunidade entendemos que quando se aumenta a barra de competitividade, o ecossistema como um todo sai ganhando. Além da nossa sede em São Paulo, o Cubo Uruguai já está em operação. Essa expansão aprofunda o intercâmbio de conhecimento, capital e talentos, e reflete nossa crença de que uma América Latina conectada é mais competitiva globalmente, porque atrai mais investidores, gera diversidade criativa e impulsiona o desenvolvimento tecnológico regional.
M&M: Quais são os planos e metas para os próximos ciclos de atuação?
Costa: O ecossistema é extremamente dinâmico e, por isso, é difícil “prever o futuro”. Não acreditamos muito nisso, pois, em nossa visão, ele é moldado diariamente pela mentalidade empreendedora da nossa comunidade. Acreditamos que o conhecimento mais valioso é o que se compartilha. Por isso, estamos lançando o programa Second Time Founders, que valoriza o talento e a experiência da nossa rede. Destinado a empreendedores experientes, com histórico de exits e reconhecimento no ecossistema, o programa tem como objetivo apoiar uma nova jornada empreendedora por meio de conexões estratégicas. Durante até seis meses, esses empreendedores terão o Cubo como base de operações. Além do acesso a toda a nossa plataforma, as startups participantes poderão se instalar fisicamente. Também planejamos ampliar a presença de startups internacionais e fortalecer as conexões entre a América Latina e outros polos globais de inovação, promovendo diversidade e amadurecimento do ecossistema.