ProXXIma e Eduardo Fleury
22 de julho de 2018 - 9h49
Por Eduardo Fleury
Antigamente a maior parte dos turistas recorria a um pacote pronto, preparado por um operador; hoje, graças à tecnologia, temos diversos recursos à nossa disposição para escolher os voos, hotéis, restaurantes e atrações turísticas que têm a nossa cara. As viagens vêm se transformando e tornando-se experiências cada vez mais personalizadas: temos muito mais acesso a informações sobre todos os outros componentes de sua experiência. Acredito que, quanto mais os turistas migrarem para o meio digital, explorando ferramentas de planejamento, realidade virtual e aumentada, aplicativos e outros recursos típicos da nossa era, mais serão capazes de personalizar suas viagens.
Hoje, o Brasil tem cerca de 112 milhões de usuários de internet. Destes, cerca de 45 milhões acessam sites de turismo ao menos uma vez por mês e 15 milhões fazem uso mensal de metabuscadores para planejar viagens. A tendência é que este número aumente cada vez mais, o que tem um impacto importante na forma como pensamos não só o mercado de viagens, como também o próprio significado de viajar. Afinal, quando a viagem passa a ser uma experiência planejada e pensada nos mínimos detalhes para ter o nosso perfil, ela deixa de ser apenas uma fuga da rotina ou um entretenimento e passa a nos ajudar a entender quem somos e quem queremos ser.
A tecnologia, que muitas vezes é condenada por nos desumanizar, tem um papel importante nessa transição de um modelo pautado em opções pré-determinadas para um em que a viagem adquire um sentido subjetivo. A realidade aumentada, por exemplo, nos permitirá vivenciar um destino ou atração em tamanho real sem estar neles. O estudo “10 Tendências Para Viagens e Turismo na América Latina em 2018”, feito pela agência Edelman Brasil em conjunto com a PANROTAS, entende que ela deva reinventar a forma como vamos escolher nossos destinos e roteiros de viagem nos próximos anos. Essa tecnologia deve, aos poucos, ser incorporada por buscadores, sites de companhias aéreas e agências online e promete ser bem aceita pelos viajantes, trazendo a eles muito mais segurança na escolha de seu roteiro.
Já há quem esteja de olho neste movimento: o Beach Park de Aquiraz, no Ceará, por exemplo, tem visto na tecnologia uma oportunidade para levar suas principais atrações para o meio digital, proporcionando aos viajantes a possibilidade de acessá-lo sem sair de casa, por meio de aplicativos celulares e computadores que simulam a experiência de seus brinquedos. Na China, dezenas de cidades e atrações têm investido em experiências com realidade aumentada e shows holográficos para mostrar aos viajantes seu potencial turístico.
Fato é que estamos, hoje, em uma transição: de uma geração que nasceu analógica e tem procurado se adaptar a uma nova realidade para uma que nasceu tecnológica, cheia de informações, questionamentos e anseios. O turismo acompanha, passando de um modelo “simplificado” para a uma experiência de viagem mais personalizada, profunda e imersiva, que promete ser potencializada pela tecnologia. Sejamos os autores de nossas próprias experiências: só assim aprenderemos a nos transformar com elas.
(*) Eduardo Fleury é country manager do KAYAK no Brasil