Animação: criatividade brasileira em pauta

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Animação: criatividade brasileira em pauta

Adriana Pinto, Marcelo Pereira e Patrick Bruha debateram sobre a importância do incentivo para fomentar a animação nacional no mercado internacional


14 de abril de 2023 - 17h21

Adriana Pinto, Marcelo Pereira e Patrick Bruha falaram sobre o futuro da animação brasileira e mercado internacional (Crédito: Divulgação)

País de origem de obras como O Menino Maluquinho e Peixonauta, o Brasil é um mercado que exporta pouco as suas obras. As dificuldades de fomento tecem uma cadeia de produção escassa no cenário nacional e que tem pouca vazão no mercado internacional.

Essa temática dominou a conversa entre Adriana Pinto, diretora do estúdio Subversiva e presidente da ABCA; Marcelo Pereira, sócio e diretor executivo da Combo Studio; e Patrick Bruha, gerente de negócios internacionais da Pinguim Content, no quarto dia de Rio2C.

Os executivos concordam que o mercado brasileiro de animação teve uma evolução tendo em vista sua história. No entanto, percebem que os estúdios brasileiros ainda não atingiram uma maturidade de conteúdo, estrutura e investimento necessários para elevar a distribuição dos produtos para mercados estrangeiros.

Marcelo Pereira acredita que, para que haja esse crescimento, é necessário que sejam atendidos três pilares. O primeiro trata da criação e de como o processo de criatividade se envolve na produção. O segundo ponto se relaciona com a distribuição e a proximidade com os players de conteúdo e, por último, o volume de produção elevado para que esse conteúdo consiga atender demandas internacionais.

“Ainda estamos engatinhando muito na questão de distribuição e volume. Vemos que se esses pré-requisitos forem cumpridos, o Brasil tem um salto muito grande. Precisamos de incentivo maior, não só governamental como dos próprios players”, disse.

No entanto, o Brasil compete com produtoras internacionais que têm muito mais facilidade de conseguir os recursos necessários para garantir a produção de originais. Isso também significa uma disputa pela retenção de talentos e para a formação de equipes.

Esse movimento acontece, porque, apesar de ter o talento na casa, o Brasil não consegue manter, ainda, uma constância de produção, o que dificulta a gestão de recursos nas produtoras e a garantia de trabalho. Além disso, no território nacional ainda há uma dificuldade de ter acadêmicos que possam formar esses profissionais e treiná-los para gerenciar o mercado.

“Está claro para o mercado a nossa qualidade. Estamos perdendo talentos agora. Têm agências que recrutam profissionais. Como vamos manter a nossa constância se os desenhistas agora têm a oportunidade de ganhar em dólar”, questionou Adriana.

Consequentemente, as produtoras de animação não conseguem garantir ao mercado internacional que entregarão todos os materiais necessários. Isso, por fim, gera uma cautela nos players que avaliam a compra dos direitos de séries brasileiras.

A disputa pela atenção

Com cada vez mais recursos, as crianças – grande parte do público-alvo das empresas de animação – possuem mais objetos que roubam a atenção. Desde redes sociais, jogos online até plataformas como o TikTok.

Por isso, para Patrick Bruha, observar o público de 8 a 12 anos é um dos passos mais importantes para aumentar a conexão com quem acompanha desenhos animados e desse modo fazer produções mais assertivas que possam garantir a continuidade de uma série.

“Temos que estudar os hábitos de consumo dessas crianças e avaliar o que está sendo comunicado. Explicar para a criança o que está acontecendo, entender como você está se inserindo na pauta nacional”, afirmou.

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