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SXSW

O interesse pela Inteligência Artificial é o grande destaque no SXSW

Não por acaso o tema IA é o que mais se repete na agenda do SXSW 2023


15 de março de 2023 - 11h20

Credito: Miguel Caeiro

Desde a abertura do evento a IA tem sido o ponto alto das conversas, resultado de um ano cujos avanços surpreenderam a todos – sobretudo os desavisados que acreditavam que a IA seria um processo lento e gradual. Nada disso. O que surgiu numa velocidade espantosa foi um sistema capaz de interagir mais, compreender melhor e, consequentemente, aprender a cada movimento se tornando capaz de criar coisas novas a partir desse processo de aprendizado.

Trata-se de um conjunto de algoritmos fartamente alimentados por dados em um processo de tecnologia que pode ser aplicado a quase todas as áreas, da medicina ao design, por exemplo. A IA generativa é criada a partir de redes adversas para que o processo de aprendizagem seja confrontado, uma rede aprende com a outra. Esse sistema avançou de uma forma tão contundente, que gerou conhecimento para áreas que precisavam de avanços significativos.

Não dá para esquecer que grande parte desse avanço nasceu ancorado pela pandemia. Quando estivemos trancados, a vontade de estarmos livres nos fez ir ainda mais rápido com projetos transformadores. E quando foi preciso falar com o banco, por exemplo, éramos atendidos por máquinas com voz metálica e roteiro definido. Assim que a pandemia recuou, o acelerador dos veículos que fazem essas transformações na indústria tecnológica estava apertado até o talo.

Tudo o que envolve IA ganhou um novo olhar e ficou mais popular assim que surgiu um bot criado para interagir de uma maneira muito próxima ao que humanos fazem. O que parecia uma surpresa, virou um estrondoso sucesso de lançamento em versão beta. O barulho feito pelo ChatGPT ultrapassou as expectativas até mesmo de seus criadores. Quando o Facebook foi lançado, demorou quatro anos para atingir 100 milhões de usuários, a OpenAI aguardou apenas dois meses para alcançar essa cifra. Dois meses!

Não por acaso o tema IA é o que mais se repete na agenda do SXSW 2023. Pode ser uma palestra sobre mudança climática, justiça criminal ou como liderar num mundo onde o trabalho será dividido entre humanos e máquinas. É a base de todos os processos evolutivos que estão em destaque. Uma verdadeira revolução.
E parece que revolução é o que Kevin Systrom e Mike Krieger, criadores do Instagram querem fazer ao criar a Artifact, um app que vai distribuir notícias por meio de IA.

Para entrevistar Kevin Systrom, o SXSW convidou Kara Swinshen, uma das podcasteres americanas mais famosas. Ao lado do brasileiro Krieger ele fundou o Instagram e o venderam ao Facebook por 1 bilhão de dólares em 2012, onde ficaram como executivos até 2018. Se essa dupla está fazendo algo novo, vamos prestar atenção no que é. O app vai usar IA e machine learning para entregar feeds personalizáveis de informação ao usuário (sim, já existe coisa parecida). Systrom afirmou que a ideia surgiu inspirada em um app chinês chamado TouTiao que pertence à Bytedance. A empresa deixou o produto de lado após a explosão de um outro app que desenvolveram, o TikTok. Por sinal, segundo ele, a Bytedance se inspirou no próprio app TouTiao para desenvolver o TikTok.

O bilionário explica que ele deverá ser uma ferramenta simples e útil que terá um feed de notícias customizado, sua versão beta já está disponível. Você escolhe quais categorias de notícias são do seu interesse, suas publicações preferidas e o resto a IA faz ao observar o seu comportamento em relação à seleção de seu feed. Não é muito diferente de ferramentas parecidas que já existem para iOS e Android.

“Pretendemos romper o processo em que os algoritmos definam o que você vai ler, baseado naquilo que seus amigos e familiares leem. Nesse caso, quem está definindo o que você vai ler são os caras de Silicon Valley”, explica Systrom. Ele acredita nas oportunidades que estão surgindo no segmento de notícias e um diferencial de seu app em relação ao que já existe: “Ele encontrará pessoas com os mesmos interesses e permitirá que elas conversem e façam comentários entre elas sobre aqueles temas.” Ele mistura a utilidade da notícia ao contato social. Além disso o Twitter está com o futuro em standby, o Facebook cancelando projetos com empresas de comunicação e reduzindo notícias em seu feed para competir com o TikTok, são cenários que abrem mais espaço para crescer. Eles querem criar o TikTok da notícia.

Para evitar que o Artifact (fusão de Artigos e Fatos) distribua fake news, haverá curadoria dos parceiros que estiverem na plataforma. Systrom diz que a IA vai ser a base do processo, mas a investigação jornalística jamais será substituída por uma máquina. Ela só vai auxiliar na ampliação de seu alcance. Mas ressalta que o seu papel nesse processo é fazer um app de sucesso, não o de salvar o jornalismo.

E assim me encontrei novamente com a IA em outra apresentação do SXSW 2023.

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