O paradoxo entre solidão e tecnologia
O dia que eu descobri que a falta de convívio social equivale a fumar 15 cigarros diariamente
O dia que eu descobri que a falta de convívio social equivale a fumar 15 cigarros diariamente
14 de março de 2024 - 17h25
Muito se discute sobre tecnologia, seus avanços e benefícios, mas já parou para olhar os malefícios que o excesso de plataformas e informações têm provocado?
Entre tudo que se tem discutido no que tange saúde mental, a solidão é uma extremamente relevante pois tem provocado uma série de gatilhos e malefícios à saúde das pessoas. Na palestra “The Paradox of Loneliness and Technology”, eu pude refletir muito sobre isso e me choquei verdadeiramente com as informações que os painelistas Andrew Greenstein, Leslie Witt, Erick Hachenburg e Kyle Rand compartilharam.
Segundo eles, os problemas se intensificaram durante e após a pandemia. O isolamento social somado ao avanço das plataformas de tecnologia impulsionou ainda mais o distanciamento, fazendo com que as pessoas parassem de sair de casa para encontrar os amigos, trabalhar e realizar outros tipos de atividades que envolvem contato.
E qual é o resultado disso? Bom, os dados revelam que o sentimento de solidão está cada vez mais frequente. Atualmente, 1 em 4 adultos (25%) no mundo todo se sentem sozinhos, isso representa mais de um bilhão de pessoas. E os números pioram quando olhamos para os jovens da geração Z.
Nos EUA, quase 80% das pessoas entre 18 e 24 anos (79% para ser exata) se sentem sozinhas, enquanto entre os mais velhos, de 66 anos ou mais, esse número cai para 41%. O percentual de adolescentes que dizem sair com os amigos mais de 2x na semana caiu consideravelmente. Por outro lado, a quantidade de jovens que dizem se encontrar com amigos uma vez no mês – ou até menos – cresceu nos últimos anos.
Esse público gasta cerca de 4.8 horas diárias nas redes sociais. Ou seja, estamos trocando o convívio social pela tela dos smartphones, tablets e computadores. E o que me gera certo desconforto pois assim como a evolução tecnológica nos uniu e facilitou a comunicação com amigos e entes distantes, ela também tem nos afastado das pessoas.
Mas o que mais me chamou a atenção nessa discussão foi a constatação com indicadores de como a falta de conexão social traz malefícios à saúde das pessoas. De acordo com dados que foram apresentados, equivale a fumar 15 cigarros por dia, sendo ainda pior para a saúde quando comparado ao consumo de 6 drinks alcoólicos todos os dias, sedentarismo, obesidade e poluição.
Com toda a certeza é de se espantar com as informações, mas não é de se chocar com os números crescentes de doenças mentais que temos enfrentado cada vez mais. E se não pararmos para olhar para isso, tendemos a cair em um buraco sem volta.
Porém, quando digo “nós”, não quero dizer apenas a família ou o indivíduo. Incluo aqui também as empresas. Talvez você se pergunte “como elas podem contribuir de maneira mais efetiva nessa pauta?” e te respondo: colocando o assunto em pauta, anexando-o à sua cultura e metas.
Se elas desenvolvem e são cobradas por KPIs de vendas, performances, entre outros, também podem estabelecer metas para promover relações humanas de qualidade – principalmente para os que continuam no modelo home office -, gerar mais consciência entre seus stakeholders, fazer com que as pessoas repensem atitudes para com aqueles que estão à sua volta. Enfim, pensar em soluções práticas e colocar como parte de resultados a serem alcançados para que seja levado a sério.
A verdade é que não podemos ir contra a tecnologia e seus avanços, ela é sim essencial para nós, mas devemos buscar formas de fazer com que a nossa saúde, especialmente a mental, não seja cada vez mais prejudicada pela falta de convívio social.
Compartilhe
Veja também
SXSW confirma Arvind Krishna, CEO da IBM, como primeiro keynote
Além do executivo da big tech, festival confirma nomes já veteranos da programação, como Amy Gallo e Rohit Bhargva
SXSW 2025 anuncia mais de 450 sessões
Pertencimento e conexão humana estão entre os principais temas da programação do evento, que conta com 23 trilhas de conteúdo