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SXSW

Os grandes cases espalhados pelo SXSW são aqueles que nos tocam o coração

É incrível como o clima do SXSW nos inspira mais a cada ano, jogando luz sobre temas que estão sempre norteando o nosso cotidiano


14 de março de 2023 - 10h56

South by Southwest

(Crédito: Ben Houdijk/Shutterstock)

É incrível como o clima do SXSW nos inspira mais a cada ano, jogando luz sobre temas que estão sempre norteando o nosso cotidiano. Um dos meus grandes prazeres na vida é o contato com o meio ambiente, a vida outdoor. Assim, uma vez por quinzena costumo ir para o trabalho de skate. Isso mesmo, skate pelas ruas que cruzam o parque do Ibirapuera até chegar na Vila Olímpia. É uma maneira de interagir com os espaços da cidade onde moro.

E como bom skatista, tenho produtos da Patagonia, que mantém a reputação de ser uma das empresas mais conscientes no mundo em termos de meio ambiente. Para se ter uma ideia, Yvon Chouinard, seu fundador, doou a empresa em meados de 2020 para duas organizações sem fins lucrativos, quando sua empresa valia 3 bilhões de dólares com a obrigação de que 100 milhões de dólares de seus lucros anuais fossem investidos no combate às mudanças climáticas.

Eles têm lojas em diversos países, inclusive uma aqui em Austin, e está transferindo 100% de seu capital para a Patagonia Purpose Trust, que foi criada para defender os valores ativistas da companhia. O projeto idealizado por Chouinard é combater a crise ambiental e defender o meio ambiente incansavelmente. Quer storytelling melhor que o deles? Não poderia perder a conversa com Ryan Geller, atual CEO da empresa, que tem a incumbência de liderar essa missão.

Geller chegou à Patagonia em 2014 e foi gerente geral na Europa, Oriente Médio e África por seis anos. Em 2020 foi nomeado CEO da empresa. Katie Couric foi quem o entrevistou e ela pergunta logo de início sobre sua carreira ao que Geller responde: “Cresci andando de skate”, pronto, falou ao meu coração. “Sempre acho que sou a última pessoa que se deve consultar sobre carreira. Meus amigos fizeram suas vidas em torno do surf, outros são bartenders. Aí me vem a pergunta de como fazer para construir algo pelo qual eu me apaixone, sem saber exatamente o que é?” O compromisso sócio ambiental da Patagonia o atraiu.

Ele alega que a Patagonia, ao contrário do que pensam, é um negócio assumidamente com fins lucrativos. Mas é esse lucro que é investido na transformação do meio ambiente. “Nós criamos os problemas do mundo e eles não serão resolvidos sozinhos, sem que empresas assumam sua responsabilidade.” As mudanças climáticas, por exemplo, são uma “ameaça a tudo o que valorizamos, inclui o mundo como ele é. Serão necessárias todas as alavancas disponíveis para solucionar. Não se faz isso sem ajuda de governos, de indivíduos, de empresas.”, afirma. “Tenho imenso orgulho de fazer parte de uma empresa com fins lucrativos que atua em um segmento que precisa mudar e vai contar com a gente.”

Sobre as tais fast-fashion, aquelas roupas descartáveis que o consumidor compra, usa pouco, em geral uma estação, e joga fora ele disse: “É importante que as pessoas enxerguem as coisas de outra maneira. É preciso pensar antes de efetuar uma compra. Se você olhar como proprietário daquilo em vez de consumidor, você verá em perspectiva o seu consumo.”
Umas das nossas preocupações é investir em produtos de qualidade que sejam sustentáveis e que possam ser consertados caso um pequeno acidente ocorra. “Por exemplo, se você comprou a sua jaqueta há duas semanas ou há 20 anos, nós trocaremos o zíper quebrado. Queremos que você continue com ela.”

Agora entrando no setor de alimento, a Patagonia acaba de adquirir a Moonshot, uma startup de São Francisco que produz biscoitos e salgados com uma atuação de baixo carbono. Em mais de duas décadas, essa foi a primeira investida da patagônia em novos negócios. “Teremos mais conexões com o setor agrícola, que é um dos mais atrofiados ambientalmente. Vamos modelar uma gestão ambiental para promover mudanças nesse espaço. Estou bastante ansioso para ver isso acontecer.”

“Nós perdemos o direito de ser pessimistas. Precisamos consertar o que fizemos.”, conclui Geller.

Claro que estive em várias apresentações no dia de ontem, ouvindo gente brilhante como Boyan Slat Founder & CEO – The Ocean Cleanup que disse, entre outras coisas, “Na verdade acho que não temos noção do quanto ainda dependemos dos recursos naturais para subsistir”.

Mas poder estar num evento tão tecnológico e ao mesmo tempo tão conectado com o meio ambiente, me faz ter a certeza de que eu estou no lugar certo.

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