Reflexões pós SXSW: gestores, fotógrafos e curiosos
Mesmo deslumbrados pela esplendorosa revolução tecnológica, força motriz de tantos avanços, é fundamental valorizar cada vez mais aquilo que pode estar em algum lugar de sombra.
Mesmo deslumbrados pela esplendorosa revolução tecnológica, força motriz de tantos avanços, é fundamental valorizar cada vez mais aquilo que pode estar em algum lugar de sombra.
20 de março de 2023 - 17h04
Não faltam hoje no meio corporativo novos conceitos, cursos e métodos de toda sorte que prometem aprimorar ou até mesmo revolucionar a forma com que se faz a melhor gestão de empresas. A comunicação multiplataforma em tempo real faz a informação proliferar como nunca. Teóricos, empresários e coaches não perdem uma chance de nos impactar. Ou, ao menos, tentar causar algum impacto.
Igualmente intensa é a disseminação de tecnologias inovadoras, que disputam com voracidade o rótulo de “queridinha da vez”, capaz de transformar de forma poderosa algum aspecto relevante da vida e moldar o presente e o futuro. Em meio a esse frenesi de possibilidades, encontram-se os líderes, os tomadores de decisão, responsáveis por ditar o rumo dos negócios.
Não à toa, a obsessão por tentar abraçar todas as tendências em muitos casos evolui para um sentimento de que é necessário dar um passo atrás para refletir. Atuar como apreciador e espectador privilegiado de temas que parecem – por razões que incluem até a intuição – as discussões corretas. Do FOMO ao JOMO, sempre por meio de um olhar crítico apurado.
Nesse sentido, a imagem que emerge é a de um fotógrafo ajustando o zoom de sua câmera. Até alcançar a calibragem certa, um cenário amplo demais se mostra turvo, indefinido. Ao encontrar a distância precisa, o objeto se desenha automaticamente em linhas e contornos definidos. E qual é o foco ideal para o gerenciamento de negócios? Certamente não há uma resposta absoluta. Mas é seguro dizer que o caminho passa pelo olhar e pela forma de lidar com as pessoas.
Se hoje o mundo empresarial se afoga em ofertas de soluções – neste caso, as respostas – é preciso cada vez mais estimular o aprendizado de como formular as perguntas corretas. O percurso muitas vezes não é óbvio e requer que entre em cena um verdadeiro encorajamento da cultura da curiosidade. Curiosidade sobre a melhor estratégia, sobre como fazer trabalhos multidisciplinares, como adotar determinada tecnologia. Sobretudo, sobre como ser mais empático e gerar mais conexão entre todos os envolvidos.
E aqui não está se limitando à circunferência interna. Seria muito restrito. A sabedoria pode estar do lado de fora da janela. As boas perguntas devem se estender, por exemplo, a clientes e parceiros, convidados a arquitetar um projeto em co-criação.
Mesmo deslumbrados pela esplendorosa revolução tecnológica, força motriz de tantos avanços, é fundamental valorizar cada vez mais aquilo que pode estar em algum lugar de sombra, quase em silêncio, esperando por um estímulo – uma pergunta que de quase tão antiga, chega estar empoeirada – mas sem perder seu real valor. A pergunta que nos leva ao encontro da essência. Pela esperança de que os gestores sejam capazes de transformar pessoas curiosas em excelentes fotógrafos.
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